“Coffee badging”: uma nova tendência para lidar com o regresso ao trabalho presencial

À medida que os funcionários são chamados para regressar ao escritório, muitos encontram uma nova forma de o fazer. Chama-se “coffee badging” e permite que se limitem a comparecer o tempo suficiente para que a sua presença seja registada.

Depois do “quiet quitting“,  do “acting your wage” – ou trabalhar com esforço proporcional ao salário -, e da “Bare Minimum Monday” – que implica fazer o mínimo durante a segunda-feira para poupar energias para os restantes dias da semana -, surge agora o “coffee badging”. Esta nova tendência, que implica chegar ao escritório, fazer uma pausa para o café, ser visto e sair para terminar o trabalho num outro lugar, aparece como uma forma de os colaboradores cumprirem as políticas de presença exigidas no escritório, mas evitarem passar muito tempo no local.

De acordo com uma pesquisa recente da Owl Labs, empresa que fabrica dispositivos de videoconferência em 360°, a 2 mil profissionais dos EUA, quase 60% dos trabalhadores híbridos admitem ser adeptos do “coffee badging”. Só 8% dos trabalhadores disseram que não são adeptos do “coffee badging”, mas que gostariam de adotar esta prática.

Apesar de existirem empresas como a Zoom, Meta, Salesforce e a J.P. Morgan, que estão a seduzir e até a “forçar” os seus funcionários a regressar ao escritório, muitos estão a resistir a voltar ao presencial.

“As pessoas não querem gastar tempo e dinheiro em idas frequentes ao escritório, se vão apenas participar de videochamadas que fariam no conforto das suas próprias casas ou realizar tarefas às quais se sentem menos produtivas no escritório”, diz Frank Weishaupt, CEO da Owl Labs. “Os dados mostram que muitas empresas ainda precisam de oferecer um ambiente de escritório mais atraente, produtivo e livre de stress, que faça com que os funcionários tenham vontade de se reunir”, acrescenta o responsável.

Apesar das hesitações, 94% dos profissionais estão dispostos a voltar ao escritório, 38% teriam maior probabilidade de ir ao escritório se as suas empresas pagassem os custos de deslocação, enquanto que 28% poderiam ser atraídos por subsídios para creches ou cuidados com idosos ou outras alternativas no local.

Há ainda os que ponderariam regressar ao trabalho (24%) se pudessem usar qualquer roupa ou estilo e outros (25%) que aceitariam até uma redução de 15% no salário para ter esse privilégio.

Um dos motivos pelos quais os profissionais não passam o dia inteiro no escritório é porque é dispendioso. Segundo a Owl Labs, os funcionários gastam em média 51 dólares (48 euros) por dia quando vão ao escritório, o que soma 408 dólares (384 euros) no caso dos profissionais em modelo híbrido (8 dias/mês) e 1020 dólares (961 euros) nos trabalham em regime 100% presencial.

Isso significa que quem trabalha no escritório em tempo integral gasta três vezes mais do que os que trabalham de forma 100% remota. Isto inclui uma média diária de 16 dólares (15 euros) ao almoço, 14 dólares (cerca de 13  euros) nas deslocações,  13 dólares (12 euros) no pequeno-almoço e 8 (euros) com estacionamento.

O tempo perdido nas deslocações também está a impulsionar o “coffee badging”, com 61% dos trabalhadores a gastarem entre 30 minutos a uma hora e meia todos os dias no trajeto casa-trabalho e 20% uma hora e meia a duas horas.

Assim à medida que os funcionários são chamados para regressar ao escritório, muitos protestam subtilmente, cumprindo o mínimo de tempo possível.

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