Opinião

Bob, o Business Angel

Francisco Cunha Carvalho, professor da AESE Business School*

Muitos de nós, principalmente aqueles que estão na minha faixa etária, não se esquecem das horas que passamos a ver com os nossos filhos as histórias do “Bob, o Construtor”. Uma personagem muito popular na década passada para os mais pequenos.

Bob era um jovem construtor dedicado, especializado em várias áreas de construção, conhecido pelo seu excelente trabalho em obras, arranjando, construindo e reparando inúmeras casas e lojas dos habitantes da sua cidade, sempre acompanhado da sua mala de ferramentas e das suas máquinas falantes, que estavam constantemente a aprender coisas novas, no meio de tantos desafios que existiam na cidade.

Olhando para a figura do business angel, no ecossistema do empreendedorismo em Portugal, vejo imensas semelhanças. Serei só eu? Senão vejamos. Os business angels desempenham um papel fundamental na construção e no desenvolvimento de ecossistemas de empreendedorismo ao alavancarem, não apenas capital financeiro, mas também conhecimento, experiência e networking. Por definição, um business angel é um investidor privado que desempenha um papel crucial no financiamento de start-ups e pequenas empresas em estágios iniciais. São gestores experientes, com forte know-how em áreas especificas e especializadas, construídas, frequentemente, em grandes empresas, levando assim boas práticas e conhecimentos para jovens gestores que estão a iniciar as suas aventuras empresariais.

Ao investirem o seu capital em pequenos projetos, o retorno financeiro é sempre importante, no entanto, muitos business angels procuram também retribuir o seu valor ao ecossistema cada vez mais diverso e idealmente equitativo, muitas vezes financiando start-ups, lideradas por minorias ou empreendedores de comunidades sub-representadas na sociedade.

Tal como o “Bob, o Construtor”, o Business Angel tem na sua posse uma diversa “mala de ferramentas” adquirida em vários anos de experiência profissional, que será deveras importante no apoio aos jovens empreendedores. Não é ao acaso que normalmente denominamos este tipo de investidores como “smart money”. Mas o inverso também é verdade. Hoje a geração mais nova tem uma capacidade inata e uma forma diferente de interpretar a resolução de problemas. Essa complementaridade de conhecimentos e experiências entre gerações enriquece fortemente o desenvolvimento de jovens start-ups que enfrentam desafios diariamente de sobrevivência e escalabilidade.

Bob, o Busines Angel, é muito mais do que capital, é conhecimento, é capacitação, é networking e, acima de tudo, é um formador de competências de gestão e estratégia para os mais jovens. Por isso vejo sempre como fator critico de sucesso para este ecossistema a ligação entre estes atores com as escola de negócios, na promoção de conhecimento e experiências que enriquecem todos os participantes deste desafiante mundo que é o empreendedorismo.

*Responsável pela iniciativa Disruptive Leaders


Francisco Cunha Carvalho é o professor responsável pela iniciativa Disruptive Leaders no AESE Executive MBA e Teaching Fellow da AESE Business School. É professor convidado na Manz Academy, da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias. Fundador e CEO da BoConsulting (Marketing & Sales Consulting), fez o AESE Executive MBA. Foi diretor de Marketing, Customer Service e Vendas da Prosegur, e diretor da Naves Sociedade de Capital de Risco, entre outros.

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