Porque têm as start-ups europeias dificuldade em levantar capital?
Quando comparadas com os Estados Unidos, as start-ups europeias têm grandes dificuldades para levantar capital. Conheça algumas das razões para isto acontecer.
Navegar no mar do empreendedorismo é desafiante. Histórias de start-ups bem-sucedidas – e de algumas que até se tornaram unicórnios – enchem os empreendedores de esperança e de vontade de trabalhar nos seus projetos.
O nascimento de unicórnios coopera com a resiliência dos empreendedores. No entanto, grande parte destas histórias de sucesso vêm dos Estados Unidos e da China. Das 53 start-ups que conseguiram exceder a avaliação de mil milhões de dólares (≈880 milhões de euros) em 2017, apenas três eram europeias.
A dificuldade para levantar capital parece ser uma das razões para a falta de unicórnios na Europa. Os números comprovam-no: em 2016, enquanto que o investimento de capital de risco nos Estados Unidos chegou aos 40 mil milhões de euros, a Europa só viu chegar 6.5 mil milhões de euros às suas start-ups. Mas quais são as principais razões para os investidores europeus injetarem menos dinheiro nas start-ups?
Sophie Knowles, fundadora do PDF Pro – um SaaS para editar ficheiros PDF na cloud – e colaboradora da publicação Entrepreneur, acredita que há três principais razões para que isso aconteça.
Quando comparada com outras grandes regiões do globo, a Europa tem uma taxa muito reduzida de atividade empreendedora. Dados do Global Entrepreneurship Monitor, que mede a quantidade de adultos que criaram ou geriram um negócio, revelam que nos Estados Unidos 13.6% dos adultos (entre os 25 e os 44 anos) já tiveram este tipo de experiência. Por outro lado, na Europa, apenas 8.1% dos adultos geriram ou criaram um negócio.
Para além disto, os bolsos dos fundos de capital de risco são bastante mais “recheados” nos Estados Unidos. Isto significa que mesmo que uma start-up europeia seja capaz de levantar dinheiro ainda em fase embrionária, vai ter mais dificuldade em rondas mais avançadas – onde é necessário fazer grandes investimentos.
Sophie Knowles afirma ainda que os fundos europeus “jogam pelo seguro”, não tomando grandes riscos nos investimentos das start-ups e apoiando as equipas que têm experiência comprovada.
A falta de fundos leva as start-ups europeias tenham de amadurecer mais cedo, focando-se em gerar receitas e lucro em vez de crescer (o que não sucede com as start-ups norte-americanas).
No caso de Knowles, o projeto PDF editor foi financiado pela profissão a tempo inteiro da empreendedora até esta conseguir levar o conceito a um estado lucrativo. Este tipo de dificuldades significa que a Europa vai perder o potencial de inovar junto de empreendedores que ainda não têm provas dadas. Algumas das maiores tecnológicas dos Estados Unidos, como o Facebook, foram fundadas por empreendedores jovens e não geraram lucro durante anos.
Consciente de todos estes problemas, a União Europeia está tomar medidas para tentar resolver as situações mais flagrantes. Caso disso é a falta de investimento, que já está a começar a ser resolvida pelo fundo-dos-fundos – o Fundo Europeu de Investimento – que injeta dinheiro em pequenas firmas de capital de investimento espalhadas pela Europa, que, por sua vez, apostam em start-ups que consideram promissoras.
Leia ainda a entrevista a Patric Gresko, chefe dos investimentos em inovação e tecnologia do Fundo Europeu de Investimento.








