Entrevista/ “Estamos sempre atentos ao mercado e às inovações que vão surgindo”

Elio Parodi, diretor executivo da Ropar SA

A ROPAR confunde-se com a Arcopedico, a marca de calçado que representa a empresa em mais de 40 países. Elio Paroli, diretor executivo, fala do percurso que esta empresa familiar traçou nas últimas décadas.

Como surgiu a ROPAR?
Nasceu em 1966, em Vila do Conde, pelas mãos do meu avô, o Prof. Elio Parodi e dedicou-se ao setor do calçado. A empresa ficou conhecida pela marca Arcopedico que tinha o objetivo de promover o máximo de conforto possível para os pés, através de produtos que respeitem a sua anatomia natural. Atualmente, estamos presentes em mais de 40 países o que comprova a confiança dos clientes no nosso know-how e experiência neste segmento.

O que foi determinante para criar uma empresa cinquentenária?
Sem dúvida, que a vontade dos fundadores e administradores foi determinante para o sucesso da empresa. Houve sempre um grande espírito de sacrifício e uma vontade de vencer. A Ropar é uma empresa familiar que conta já com o envolvimento da terceira geração. Geração esta que se identifica com os valores da empresa – o de proporcionar uma melhoria na qualidade de vida dos consumidores -, bem como com a intenção de promover um crescimento constante, mas consciente.

Como se deu a expansão internacional?
O primeiro passo deu-se em 1979 com uma viagem que Enrico Parodi, também atual administrador, fez aos Estados Unidos da América para participar numa feira do setor, onde estabeleceu o primeiro contacto comercial ao nível da exportação. Durante os anos 80 e 90, com os apoios da AICEP, foi possível participar em diversas feiras internacionais, tais como a MOCAP (Mostra Portuguesa de Calçado) e MICAM (Milão, Itália), onde se estabeleceram laços comerciais com muitos dos nossos atuais clientes.

Quais os maiores obstáculos que encontraram pelo caminho?
O maior obstáculo poder-se-á dizer que foi o de acreditarem e confiarem na marca. A Arcopedico era uma marca nova, ainda sem reconhecimento. Durante muito tempo, os clientes olhavam para Portugal como um país fabricante de sapatos e não como uma potência para o desenvolvimento de marcas. Chegámos a ter uma proposta de produção de 1 milhão de sapatos para uma outra marca. Recusamos pois, na nossa empresa, só produzimos para a nossa marca.

Quais os produtos que comercializam neste momento e o que os distingue no mercado?
Temos a linha Lytech, que é uma linha ecológica, amiga da natureza e dos animais. Trata-se de um calçado com biomembrana flexível, com elasticidade controlada e que respeita a adaptabilidade ao pé, de acordo com a tecnologia Techno-Elastic.
Temos, igualmente, a Easy Walk Experience, a linha mais recente – com o modelo Lolitas – desenvolvida com a tecnologia Elstech – numa combinação única de materiais elásticos que garantem a total liberdade do pé. Foi pensada para todos os que escolhem uma vida ativa: leves, práticas, cómodas, versáteis e divertidas… para aproveitar a vida ao máximo e sentir-se livre para não renunciar a nada.
Por fim, comercializamos os Knit Shoes, a linha original da marca. São sapatos em malha tricotada que garante o controlo volumétrico e a liberdade da forma do pé  e  que  é  um  ponto  forte  no  contínuo  desenvolvimento  da  marca.

Como têm conseguido inovar nos produtos que apresentam ao mercado?
Estamos sempre atentos ao mercado, às inovações que vão surgindo. Estamos sempre à procura de novos materiais e novos processos que possam ser desenvolvidos para tornar os produtos ainda mais cómodos. Isto além de estarmos sempre com o pensamento em “modo criativo”.

Quanto faturaram no último ano?
O volume de faturação no ano passado foi de 11.6 milhões de euros, dois quais 10 milhões dizem respeito à exportação. Este ano contamos atingir os 15 milhões de euros, sendo a exportação responsável pela maior fatia (13 milhões).

Que conselhos dá aos jovens empreendedores portugueses?
O melhor conselho será o de desenvolverem técnicas de investigação em Portugal, mas sempre com o foco na internacionalização.

Se pudesse mudar algo no trajeto da empresa, o que mudaria?
Mudar, não mudaria nada. No entanto, existem sempre mudanças que ocorrem do normal funcionamento. Uma evolução constante para que seja reconhecida como marca líder, no panorama internacional.

Objetivos para 2018.
Reforçar os contactos na Europa, através da implementação de novos métodos de distribuição, a ampliação das infraestruturas fabris, armazéns e escritórios, em Vila do Conde. Outro dos objetivos é atingir os 17.5 milhões de euro de volume de faturação.

Respostas rápidas:
O maior risco: estarmos dependentes de um número de países para faturar. Isto é, atualmente, conseguimos ter um grande volume de faturação, mas este é dependente de poucos clientes.
O maior erro: pensar que os produtos que temos são suficientes para evoluir. Não podemos parar!
A melhor ideia: ainda está por surgir.
A maior lição: Nada é garantido sem esforço.
A maior conquista: Olhar para esta empresa, olhar para onde ela está presente e para os números alcançados e pensar que tudo surgiu, há 50 anos, através de ideia de um cientista, que nunca imaginou, sequer, esta realidade.

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