Opinião
Cortar custos ou investir para crescer? O dilema das empresas portuguesas.
Perante um contexto económico incerto, muitas empresas sentem-se numa verdadeira encruzilhada: cortar custos para proteger as margens de lucro ou investir em estratégias de otimização que permitam crescer de forma sustentável e a longo prazo.
A decisão raramente é simples e depende de vários fatores. Muitas vezes, a falta de conhecimento sobre as áreas mais estratégicas para investir na otimização leva a escolhas rápidas e pouco ponderadas, que podem comprometer os resultados futuros.
No entanto, como nos revela um estudo recente da Boston Consulting Group, intitulado “Cut Costs or Grow? Successful Transformations Achieve Both”, esta dicotomia não é real. A ideia de que as empresas devem optar apenas por um caminho é enganadora e as organizações melhor sucedidas são, precisamente, aquelas que conseguem integrar ambas as abordagens: cortar custos de forma estratégica e investir, simultaneamente, no seu crescimento.
O segredo para fazê-lo com eficácia não está apenas em “apertar o cinto”, mas na forma como se redesenha a operação da empresa, se investe de forma estratégica e se mede o sucesso ao longo de toda esta jornada. O equilíbrio e a resiliência de um negócio surgem naturalmente quando se aposta numa liderança clara, em estruturas de decisão distintas para avaliar custos e crescimento, e uma mentalidade orientada para resultados duradouros.
Estes três pilares fundamentais são o que permite criar o “oxigénio financeiro” necessário para direcionar recursos para ações de eficiência verdadeiramente concretas e impactantes. Recursos estes que devem depois ser reinvestidos, de forma estratégica, para o crescimento de uma organização. Inovação, digitalização, medidas de ESG e a própria expansão comercial – todas estas áreas são importantíssimas para o sucesso e estabilidade de um negócio. E não devem ser encaradas como um plano secundário na gestão de uma empresa.
Ao longo do meu percurso profissional, tenho-me cruzado com muitas organizações que procuram, precisamente, conciliar eficiência com ambição. Querem descobrir o valor oculto nas suas estruturas de custos, otimizar processos e racionalizar despesas, para depois canalizarem esses recursos para o futuro das suas operações. Procuram impacto mensurável, mas muitas vezes não percebem que a melhor forma de o alcançar é através de uma abordagem pragmática, consciente e orientada para resultados.
Ter como prioridade a eficiência empresarial não deve ser apenas uma preocupação em tempos voláteis. Pelo contrário, deve ser um pilar incontornável da liderança. As empresas portuguesas que pretendam manter-se competitivas, atrair e reter o melhor talento e estar preparadas para o futuro precisam de equilibrar disciplina financeira com visão estratégica. Não se trata apenas de cortar ou de crescer, mas sim de transformar e de repensar o modo como operam, inovam e criam valor de forma sustentável.








