Web Summit: Qualcomm antecipa o próximo capítulo da IA. Computadores que aprendem com os humanos.
Cristiano Amon, presidente e CEO da Qualcomm, subiu ontem ao palco principal da Web Summit para falar sobre as tendências que vão moldar o futuro da IA.
O responsável da Qualcomm era um dos nomes mais aguardados na Web Summit deste ano e ontem começou a sua intervenção no Meo Arena salientar que a IA está em todo o lado e que está a transformar não só a forma como encaramos a computação, mas também a maneira como interagimos com os dispositivos tecnológicos do nosso quotidiano.
Cristiano Amon acredita que, no futuro, será o computador a aprender como pode interagir com os seres humanos e que “isso vai mudar tudo”. O CEO explicou que esta nova forma de interação vai revolucionar toda a tecnologia existente, desde os sistemas operativos até às aplicações.
Outra tendência destacada por Amon prende-se com a autonomia crescente dos assistentes de IA. Em vez de ser o utilizador a aceder a plataformas de inteligência artificial, passará a ser o assistente a executar automaticamente certas tarefas. O líder da Qualcomm dá um exemplo:
“Digo ao assistente de IA que quero ir a determinado local, e este verifica a minha disponibilidade no calendário, pede um Uber e apresenta-me a informação”, referiu.
Na opinião de Cristiano Amon, o smartphone continuará a existir, mas será acompanhado por uma nova geração de dispositivos inteligentes. O responsável refere-se a equipamentos como óculos inteligentes, smartwatches e auscultadores, que poderão transformar-se em dispositivos pessoais de IA.
Durante a conferência, Amon destacou também a chegada das comunicações 6G, classificando-as como “a primeira geração de redes concebida para a Inteligência Artificial”.
O CEO sublinhou ainda a velocidade e fiabilidade deste novo padrão de comunicações sem fios, apontando ainda outra tendência que moldará o futuro da IA: a expansão da tecnologia para a robótica e para o universo dos veículos autónomos. Segundo Amon, os próximos modelos de IA permitirão que robôs e automóveis aprendam e se adaptem ao mundo físico.
Brad Smith avalia impacto da IA
O presidente da Microsoft era outros dos grandes nomes aguardados para ontem. A sua apresentação no palco do Meo Arena centrou-se em torno da inteligência artificial, fazendo uma análise da evolução da tecnologia por regiões e países, salientando a liderança, na corrida à construção de infraestruturas, dos Estados Unidos, seguida da China e da União Europeia.
Na sua visão, a inteligência artificial generativa é a tecnologia que mais rapidamente chegou mil milhões de pessoas, ultrapassando, em rapidez de adoção, tecnologias que, ao longo dos tempos, mudaram o curso da humanidade como são os casos da eletricidade, da internet, da rádio ou do telemóvel.

Brad Smith não deixou, contudo, de apontar o facto de a tecnologia ainda não chegar a todos, como acontece em África onde uma percentagem muito elevada da população não tem sequer acesso a eletricidade.
Logo um dos grandes problemas futuros será a divisão do mundo entre quem usa e quem não usa inteligência artificial. Lembrou que dos 8,1 mil milhões de pessoas que existem no mundo, 7,4 mil milhões têm acesso a eletricidade e 5,5 mil milhões à internet e que, no total, apenas 4,2 mil milhões tem aptidões digitais. Nesta contabilidade global, constata que 3,9 mil milhões de pessoas serão deixadas para trás na corrida à IA. Com este cenário, o presidente da Microsoft alertou para este fosso e apelou para que a adoção de IA pelas administrações públicas seja maior para que esta divisão não aumente
Sublinhou ainda que a inteligência artificial está a ser adotada a uma velocidade até cinco vezes superior nas regiões urbanas, comparativamente ao que se verifica nas zonas rurais, realidade a que Portugal também não é alheio.
Entretanto, a Microsoft anunciou ontem um investimento superior a 10 mil milhões de dólares, a partir do início de 2026, em Portugal. A tecnológica vai comprar 12,6 mil semicondutores da Nvidia para instalá-los no centro de dados da Start Campus, em Sines, para suportarem cargas de trabalho avançadas de inteligência artificial em vários setores. “Esta iniciativa representa o maior investimento da Microsoft em Portugal e o maior negócio de data centers alguma vez realizado no país”, referiu a empresa norte-americana.
IBM e WS anunciam competição para start-ups
A IBM e o Web Summit anunciaram uma nova competição global de tecnologia desportiva. O Sports Tech Startup Challenge irá destacar start-ups que utilizam IA para revolucionar o desporto, desde o desempenho dos atletas e as operações dos estádios até ao envolvimento dos fãs.
A iniciativa vai contar com eventos regionais planeados para o Catar, Vancouver e Rio, culminando com a seleção dos vencedores globais durante a Web Summit Lisboa 2026. Os interessados podem concorrer através do link deste desafio.
O IBM & Web Summit Sports Tech Startup Challenge irá ser avaliado por um painel de líderes e especialistas da indústria, incluindo líderes da IBM, executivos da área do desporto e da tecnologia e atletas.
Os vencedores terão acesso a uma prova de conceito paga no valor de até cem mil dólares (86 mil euros) em colaboração com a IBM Sports and Entertainment Partnership Team, mentoria de especialistas da IBM em tecnologia, inovação e desenvolvimento de negócios e avaliação para financiamento de empreendimentos.
Segundo Emily Fontaine, global head of venture capital da IBM, “a IBM tem uma parceria de décadas com ícones desportivos globais, integrando a nossa tecnologia para redefinir a forma como o jogo é jogado. Com o IBM & Web Summit Sports AI Startup Challenge, vamos fundir esse legado com a criatividade de algumas das melhores start-ups do mundo, para dar início à próxima era de inovação no desporto — e escrever um novo manual para o crescimento impulsionado pela IA em toda a indústria”.
Já Kevin McDonald, chief commercial officer Web Summit, salientou que a “parceria destaca o rápido crescimento da IA na tecnologia desportiva, fundindo o sector de maior crescimento na tecnologia com os desportos que cativam milhares de milhões de pessoas em todo o mundo. Estamos ansiosos por descobrir a próxima grande história de sucesso em conjunto com a IBM nos próximos 12 meses”.
Universidade de Lisboa é a que produz mais empreendedores em Portugal
No decorrer da Web Summit, a Startup Portugal apresentou a quarta edição do Portugal’s Entrepreneurial Universities Ranking, que distingue as universidades portuguesas com mais alumni empreendedores. E em 2025, pela primeira vez, a Universidade de Lisboa lidera o ranking, sendo a instituição com mais alumni que seguiram o caminho do empreendedorismo e criaram start-ups. O troféu foi entregue pelo Ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, e o diretor executivo da Startup Portugal, Miguel Aguiar.
A Universidade de Lisboa lidera o ranking das universidades que mais empreendedores gera do país, destacando-se como a única instituição com mais de 1.000 fundadores e com um valor empresarial superior a 30 mil milhões de euros gerado pelas start-ups dos seus alumni. Nos restantes lugares na tabela desta edição de 2025, estão, por ordem, a Universidade Católica Portuguesa, a Universidade Nova de Lisboa, e a Universidade de Coimbra, todas com mais de 500 fundadores identificados.
Nas últimas edições, a Universidade Católica Portuguesa (2024), a Universidade do Porto (2023), e a Universidade Nova de Lisboa (2022) foram as universidades mais empreendedoras.
De destacar também que os alumni da Universidade Nova de Lisboa captaram um investimento superior a 4,1 mil milhões de euros, sendo a instituição com maior valor captado, seguido pela Universidade de Lisboa (3,7 mil milhões) e a Universidade Católica Portuguesa (2,3 mil milhões).
No total, o relatório identificou mais de 5.200 alumni das dez principais instituições de ensino superior como fundadores de start-ups, das quais 62,2% foram criadas em Portugal.
“O Portugal’s Entrepreneurial Universities Ranking demonstra a crescente importância do empreendedorismo no ensino superior, ao reconhecer o papel decisivo que universidades desempenham na transformação de conhecimento em inovação”, afirmou Miguel Aguiar, diretor executivo da Startup Portugal.








