3 mudanças-chave no papel do Chief People Officer no futuro

Conheça o que vai mudar na função do Chief People Officer (CPO) e na sua relação com os colaboradores no futuro, segundo um inquérito realizado pela Adecco a executivos de 10 países.
Após dois anos de pandemia e com o avanço da vacinação, já é possível olhar em perspetiva as principais mudanças implementadas pelas empresas e, também, listar processos e experiências que dificilmente retrocederão.
Se, por um lado, foi desafiador para as empresas implementarem rotinas que viabilizassem a continuidade das suas operações, por outro foi igualmente stressante para os Chief People Officer (CPO) – um papel também conhecido por títulos como Chief Human Resources Officer ou Head of Talent – liderarem todo este processo num cenário marcado por incertezas, explica a Adecco.
Tendo em conta este cenário, a consultora de recursos humano defende que todas as organizações precisam de pensar na forma como o papel do CPO está a mudar e que ações podem empreender para apoiar o bem-estar das suas pessoas.
Para explorar a forma como o mundo do trabalho está a mudar o papel do CPO, a Adecco estabeleceu uma parceria com o Centro de Liderança no Futuro do Trabalho da Universidade de Zurique e reuniu opiniões de 122 executivos sobre as três mudanças-chave no papel do gestor de pessoas no futuro. As conclusões do estudo ‘The Chief People Officer of the Future’ são agora conhecidas.
1. Utilização de dados e de tecnologia aliada a preocupações humanas
O Grupo Adecco pediu aos executivos que refletissem sobre como passam atualmente o seu tempo e como esperam passá-lo no futuro. A análise das respostas perspetiva uma previsão de gastar menos tempo em tarefas de gestão tradicionais, tais como gestão de equipas e funções centrais de Recursos Humanos (RH), bem como em procedimentos de conformidade e regulamentação.
Pelo contrário, os executivos afirmam que esperam gastar mais tempo em duas áreas: o envolvimento e tratamento de dados e a condução da mudança organizacional e cultura: 87% dos CPO acreditam que as competências na área de análise de dados de pessoas são cruciais.
O Grupo Adecco pediu ainda aleatoriamente a alguns inquiridos que olhassem para um horizonte de cinco anos e a outros para uma perspetiva a 20 anos: os primeiros focam os dados e análises de pessoas como tarefas mais exigentes e com maior dispêndio de tempo, enquanto os que olham o futuro a 20 anos dão mais peso à criatividade e às capacidades humanas.
O relatório mostra ainda que os executivos estão mais dispostos a automatizar decisões nos anúncios de vagas para emprego, seleção de candidatos, onboarding, decisões salariais e desenvolvimento de competências. As áreas em que previram estar menos dispostos a confiar na tecnologia incluem a contratação, avaliação e promoção. A importância da interação humana é central em todas as mudanças perspetivadas no novo papel do CPO.
2. Exigência de uma maior abordagem às emoções e bem-estar dos colaboradores no trabalho
Apenas 22% dos CPO dizem que a sua empresa avalia como as competências emocionais dos seus colaboradores afetam o trabalho. A importância das emoções dos profissionais é amplamente reconhecida e o rumo é o CPO pensar na força de trabalho como uma ‘inteligência emocional organizacional’, conclui o relatório da Adecco.
O inquérito ‘The Chief People Officer of the Future’ revelou que os CPO reconhecem o valor de abordar as emoções dos colaboradores, elegendo como benefícios mais importantes a produtividade e o desempenho, seguidos pela criatividade e inovação, indica a Adecco.
No entanto, a forma como os líderes devem abordar as emoções no trabalho continua a ser, em grande parte, uma ‘caixa negra’. O Grupo Adecco perguntou aos CPO o que fazem para melhorar os sentimentos dos empregados. A resposta mais comum foi “medir regularmente e dar feedback sobre como os empregados se sentem”. Mas apenas 22% afirmaram que as suas organizações rastreiam a forma como os sentimentos dos empregados afetam os resultados. Nenhum dos inquiridos revelou que a sua empresa treina os colaboradores em competências emocionais, apesar de muitos estudos atestarem os benefícios.
Estes resultados mostram o espaço que existe para melhorar o bem-estar emocional dos profissionais dentro das organizações, defende a Adecco.
3. Maior preocupação para atrair profissionais qualificados
Os CPO estão cada vez mais preocupados com a forma de recrutar talento. O Grupo Adecco pediu aos executivos para sugerirem uma solução concreta. A maioria sugeriu a reintegração de diferentes grupos sociais que se afastaram nos últimos dois anos e que estão disponíveis para retomar as suas carreiras.
Quando questionados sobre o tipo de trabalhadores que abordam através de programas de reintegração, 69% dos CPO revelaram que têm programas para ajudar a integrar as mães que regressam após os cuidados com os filhos na pós-pandemia, 57% afirmaram que têm programas para os pais que regressam após os cuidados com os filhos, e 40% para os colaboradores que regressam após o tempo livre para cuidar de dependentes adultos. Apenas 13% mencionaram qualquer outro grupo, tais como os que regressam de licença prolongada por doença, serviço militar ou licença sabática.
Os executivos concordam que os programas de reintegração de ativos beneficiam a sociedade no geral, mais do que a sua organização ou a própria pessoa que regressa ao trabalho.