Opinião

Uma nova ordem mundial está a chegar!

Teresa Damásio, administradora do Grupo Ensinus

O ano de 2024 ficou marcado por profundas mudanças políticas, económicas e sociais. O mundo está cada vez mais incerto e emergem novas tensões que podem colocar em causa a paz mundial.

Continuamos a assistir à guerra entre a Rússia e a Ucrânia em que os Estados Unidos da América entraram em cena com a eleição de Trump, prometendo colocar fim a esta guerra que teve o seu início a 24 de fevereiro de 2022 . Também a guerra no Médio Oriente veio intensificar-se no último ano com novos contornos e casos dos quais devemos analisar.

Perante todos estes acontecimentos, acredito que as relações internacionais já estão a sofrer profundas transformações.

Mas a questão que se coloca é: para onde vamos? Uma coisa é certa, estamos num momento de transição e de mudanças. É preciso que todas e todos estejamos prontos para nos adaptar às adversidades que possam vir a surgir.

No livro “Envisioning 2060: Opportunities and Risks for Emerging Markets”, publicado pelo Emerging Markets Forum e lançado em outubro de 2022, no capítulo elaborado por Harinder Kohli o autor fala-nos de dez megatendências globais pelas quais os países e regiões do mundo são cada vez mais influenciados e têm de aprender a lidar com as mesmas através de uma conjugação de fatores externos e internos, nomeadamente as suas políticas de governação, infraestruturas, ambiente, entre outros fatores cruciais para o sucesso dessas economias.

Uma das megatendências que é apontada no livro é o aumento das desigualdades e iniquidades. Segundo o autor, vamos assistir a uma diminuição das desigualdades entre países, o que pode ser constatado no continente Asiático que tem vindo a ganhar cada vez mais relevância no panorama internacional. Em contrapartida, teremos um aumento das desigualdades dentro dos países. Os mercados emergentes e economias em desenvolvimento – MEED – irão até 2060 convergir com as economias mais desenvolvidas.

Esta questão leva-nos a mais uma megatendência, a transformação da economia global, em que as economias emergentes vão suplantar o crescimento das economias desenvolvidas. Ao longo dos próximos anos vamos assistir a uma deslocação gradual do centro da economia mundial para a região do Indo-Pacífico, ou seja, na Ásia Oriental e do Sul, onde atualmente habitam o maior número de pessoas no mundo e onde as economias estão a crescer de forma abrupta.

Outra megatendência que se revela crucial para manter a ordem mundial é a cooperação. Mais do que nunca, esta palavra foi tão relevante para o mundo que estamos a viver. Muitas das questões  sociais, económicas e políticas, embora tenham de ser resolvidas a nível nacional têm, simultaneamente, uma vertente global. Como tal, só podem ser resolvidas através de cooperação internacional.

As guerras, as crises ambientais, os problemas económicos só podem ser amenizados através de cooperação internacional coordenada. No entanto, se por um lado existe a necessidade crescente de cooperação global e de solidariedade internacional, por outro, temos assistido a um retrocesso aos nacionalismos. As instituições que garantem o multilateralismo têm vindo a deteriorar-se e necessitam urgentemente de reformas ávidas.

Como resposta, surgem novas organizações multilaterais, como o New Development Bank, Asian Infrastructure Investment Bank: AIIB, entre outras instituições que têm como objetivo ser mais eficazes face às novas distribuições do poder económico mundial, nomeadamente, o caso da China que tem vindo a enfatizar a sua supremacia mundial colocando em causa as democracias liberais que têm vindo a ter cada vez mais problemas.

Existe uma clara ascensão dos extremos e um enfraquecimento da Europa. Tal, fica comprovado com a grave crise económica e política pela qual a Alemanha está a passar e que irá levar a eleições antecipadas. Mais recentemente, para agudizar os problemas, Elon Musk manifestou o seu apoio aos extremistas da Alternativa para a Alemanha, a Afd para as eleições que acontecem em fevereiro de 2025.

Todas estas situações levam-nos a refletir sobre o que nos espera em 2025, pois mais do que nunca, devemos refletir numa ótica global. Estas e outras megatendências que têm sido discutidas na forma como vêm influenciar a criação de uma nova ordem mundial. Por isso, volto a questionar-vos: para onde vamos em 2025? Pela minha parte, desejo que trilhemos caminhos de paz, igualdade de género e de igualdade de oportunidades, de justiça social e de harmonia entre todos os povos da terra.

Bibliografia:
Ferreira, P., Miguéis, J., Cardoso, F (Coord.). (2023). 5.ª Conferência de Lisboa: Rumo a uma nova ordem mundial?. Clube de Lisboa.
Rogeiro, N. (2024, dezembro, 22). Que acontecimentos marcaram o ano de 2024? SIC Notícias. Consultado a 23 de dezembro de 2024.

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Teresa Damásio

Teresa Damásio

Teresa Damásio é Administradora do Grupo Ensinus desde julho de 2016, que faz parte do Grupo Lusófona, o maior grupo de ensino de língua portuguesa no mundo. É também Administradora do Real Colégio de Portugal e do Grupo ISLA. Presidente do Conselho de Administração da Universidade Lusófona da Guiné-Bissau e Membro do Conselho de Administração do ISUPE Ekuikui II, em Angola. Presentemente, integra a Direcção da AEEP. Foi fundadora da Internacionalização do Grupo Lusófona, passou pela Assembleia da República como... Ler Mais..

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