Divyank Turakhia, o jovem milionário irrequieto

Divyank Turakhia, sete empresas vendidas, a última por 825 milhões de euros, e 34 anos de idade. Próximo passo? Dominar a China.

Lembra-se da sua obsessão aos 13 anos? Uns dirão música, outros desporto, carros, ou talvez, como Divyank Turakhia, também conhecido como Div, os videojogos. Mas gostava de jogar ou antes de os criar?

Div tinha oito anos e vivia numa família de classe média em Mumbai, Índia, quando começou a programar num computador na escola, onde ficava até bem tarde, porque não tinha como o fazer em casa.

O primeiro dinheiro que Div ganhou foi ao cobrar cerca de 9 euros por fazer programação para os jovens abastados da sua escola.

Aos 13 anos, passava a maior parte do tempo com o irmão, Bhavin, a criar um jogo. Não, não era de guerra ou de outra temática habitual nesta idade. No jogo que programavam, o jogador era um homem de negócios que tinha perdido todo o seu negócio para o seu ganancioso sócio e cujo ponto de partida era começar do zero. Para ganhar, o jogador tinha de alcançar 100% da quota do mercado nesse setor.

Estávamos em 1994 e a internet era uma novidade global. Nos Estados Unidos, discutia-se, em programas como o Today Show, como se deveria ler o símbolo ‘@’ nos endereços de email e o The New York Times questionava se não estaríamos a hipervalorizar a internet, usada por menos de um quarto de 1% da população global.

Como o desconhecimento era tanto, Div e o irmão acabaram a ajudar a tecnológica NASSCOM a garantir uma conectividade temporária de internet, durante uma conferência que estavam a promover. Foi o início do império, pois, nos tempos seguintes, sempre que uma grande empresa se via com problemas, ligava à NASSCOM.

Aos 16 anos, Div tinha o seu próprio computador no quarto, que ainda dividia com o irmão, a partir de onde criava sites e contas de email para as maiores empresas do mundo. Mas não era este o futuro que vislumbrava. O objetivo passava por criar, juntamente com o irmão, uma empresa que não exigisse um trabalho tão permanente com o cliente. Viviam-se tempos em que os utilizadores da internet na Índia não chegavam aos 50 mil, mas Div sabia que todos iriam entrar na rede e que era uma questão de tempo até isso acontecer.

O que fizeram Div e Bhavin? Pediram ao pai um empréstimo de cerca de 458 euros e criaram a sua primeira empresa.

Alugaram um pequeno servidor nos EUA, com a ideia de criarem uma empresa de alojamento web, a partir dos clientes empresariais que tinham ajudado com consultoria.

Um mês depois, tinham clientes suficientes para pagar o empréstimo ao pai e manterem o aluguer por mais três meses. Dois anos depois, com 18 anos, Div fazia o seu primeiro milhão.

A dupla de irmãos acabou por desenvolver uma série de negócios, entre os quais a atual Directi Group, liderada por Bhavin, hoje uma empresa global, que gerem a partir de escritórios no Dubai, Mumbai, Vancouver e São Francisco. Nesta empresa, incubaram start-ups, como a Media.net, uma das maiores dedicadas a publicidade segmentada, criada a partir de uma ideia de Div. A Media.net foi vendida este ano a um consórcio chinês por 825 milhões de euros.

Apesar de começarem quase do nada, com base nas suas ideias originais e aproveitando as tendências da internet, os irmãos foram criando e reinvestindo os lucros gerados, até chegarem ao império que têm hoje.

Div continua a ter o trabalho como primeira paixão, referindo que gosta tanto de ser rico como de criar essa riqueza. Adora estar na sala da sua casa de São Francisco em frente da consola, com transmissão direta dos seus escritórios de Mumbai ou do Dubai, ou então a analisar folhas de cálculo e a decidir se determinado negócio vale a pena ou nem por isso, e a reinventar negócios que avalia como imaturos, mas em que vê potencial.

Para ele, todas as empresas valem a pena ser compradas. Há apenas uma questão a ter em conta: conseguir comprá-las pelo valor certo e reinventá-las, para gerar retorno.

Div é conhecido por dormir cerca de três horas por dia, a qualquer hora e em qualquer lado. Embora tenha hobbies extremos que, por vezes, envolvem jaulas e tubarões, voos em aviões de cabine aberta, considera-se avesso ao risco. Tudo o que Div faz é muito calculado, uma vez que sofre de osteoporose.

Mas Div tem hoje um desafio que o entusiasma e desafia: a China. A venda da Media.net ao consórcio chinês que Zhiyong Zhang, chairman e diretor geral da Beijing Miteno Communication Technology, pretende adquirir, num país onde esta tecnologia ainda não existe e onde o mercado da publicidade está agora latente, abre um novo mundo de possibilidades para Div.

Será desta que Div ganha o jogo que programou aos 13 anos, e vence com 100% da quota de mercado? O tempo o dirá.

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