Station F: poderá a maior incubadora do mundo tornar-se a melhor?

Localizada no centro de Paris, a apenas quatro quilómetros do Museu do Louvre, está a Station F, a maior – e potencialmente melhor – incubadora de start-ups do mundo.
Apesar de o ecossistema europeu estar atrás da meca de inovação, Silicon Valley, ou do maior hotspot do mundo de inteligência artificial e hardware, a China, desde junho do ano passado que conta com a maior incubadora de start-ups do mundo.
Construída a partir da estrutura de uma antiga estação de comboios, a Station F abrange mais de 34 mil metros quadrados de área e tem espaço para mais de 3000 empreendedores.
Quase com um ano de existência, a incubadora do centro de Paris que mostra os esforços do atual governo de Emmanuel Macron em tornar França numa nação de start-ups, apresenta um visual moderno e com todas as ferramentas necessárias para se desenvolver um projeto.
Prova disso é o facto de grandes empresas como a Amazon disponibilizarem os seus serviços dentro das instalações ou os mais de 30 fundos de capital de risco que estão presentes neste espaço, o que pode ser conferido através de uma tour virtual no site da incubadora ou através do documentário feito a algumas start-ups ali instaladas.
A Station F já conta com mais de 1000 start-ups incubadas. Cada empreendedor tem de pagar 195 euros mensais para ter direito a uma mesa nas instalações. Este valor é bastante mais em conta para os empreendedores locais visto que, por norma, os preços dos espaços de coworking em Paris rondam os 400 euros. O grande ponto a favor deste tipo de espaços, que concentram um grande número de start-ups no mesmo local, é o facto de os empreendedores se poderem ajudar uns aos outros.
Estas rendas são o principal canal de receitas da incubadora, que recebeu um investimento de 250 milhões de euros do multimilionário Xavier Niel. Os custos de operação do projeto rondam os oito milhões de euros anuais, mas espera-se que atinjam o ponto de equilíbrio económico ainda em 2018.
À frente deste megaprojeto está Roxanne Varza, que anteriormente supervisionava o interesse da Microsoft por start-ups do ecossistema francês e que também já foi editora do TechCrunch em França.
Questionada pela Forbes em relação a ser a melhor incubadora do mundo, Roxanne Varza afirma que “talvez ainda seja cedo para fazer essa análise”.
Apesar de ainda não ter completado um ano de existência, já há exemplos de sucesso a sair deste hub parisiense, como é o caso da Recast.ai, adquirida pela SAP no início deste ano.
“As pessoas estão a prestar bastante atenção às nossas start-ups… isso está-lhes a dar grande visibilidade e credibilidade que não tinham anteriormente”, explica Varza na mesma entrevista à Forbes.
A verdade é que o nome Station F está a despertar a atenção de grandes players de todo o mundo. Nos últimos meses, a incubadora recebeu visitas da COO (chief operations officer) do Facebook, Sheryl Sandberg, do presidente da aceleradora Y Combinator, Sam Altman, e de políticos como o presidente da Argentina e o primeiro-ministro norueguês.
Varza acredita que a receita para o sucesso da incubadora passa pela diversidade, argumentando que se todos os empreendedores tivessem o mesmo MBA, da mesma escola, estariam todos a trabalhar no mesmo tipo de projetos.
Para potenciar esta diversidade a Station F conta com vários tipos de programas. Um deles é o Fighters Program que apoia empreendedores com backgrounds com poucos recursos, como imigrantes e refugiados.
O futuro da incubadora ainda está a ser construído. Com um terço do espaço ainda em obras, Roxanne Varza admite que tem vários projetos em mãos. O próximo será construir habitações, a apenas 10 minutos de bicicleta da incubadora, para os empreendedores instalados na Station F. Além disso, também já houve abordagens de empresários brasileiros e tunisianos que querem construir a Station B e Station T nos respetivos países.
Apesar de Roxanne Varza ainda não se sentir confiante a admitir que a Station F é a melhor incubadora do mundo, esta ideia poderá ser mudada daqui a alguns meses, quando começarem a surgir mais casos de sucesso da antiga estação de comboios do centro de Paris.