“Sonhar em grande, mas com os olhos bem abertos”, o conselho do empreendor Chris Chuang

Para o criador de uma start-up, encontrar inspiração em empresas que começaram de forma modesta e se tornaram gigantes mundiais é quase inevitável assim como a tentação de os imitar imediatamente. Mas há erros que deve evitar.

O empreendedor Chris Chuang, que já fundou três start-ups de sucesso, adverte para os problemas que objetivos desproporcionais podem trazer ao projeto de criar uma start-up e até mesmo condená-lo ao fracasso. “Sonhar em grande” pode nem sempre ser o melhor conselho para os empreendedores. Para este líder o melhor é “sonhar em grande mas com os olhos abertos”.

Ao querer imitar grandes empresas que começaram como start-ups  – como Facebook, Uber, Netflix, Google, etc. – e num estágio inicial do negócio trazer grandes investidores, oferecer grandes salários e regalias, ou procurar grandes currículos pode ter mais consequências negativas do que positivas.

1. Grandes investidores

Ter no projeto um investidor de renome pode parecer o caminho certo para o sucesso. Mas escolher um grande investidor durante uma fase inicial de crescimento da empresa, apenas por motivos de reputação e notoriedade, pode ser um erro estratégico, pois os interesses de ambas as partes podem não estar em consonância e essa parceria desfocar dos objetivos reais do projeto. Por vezes optar por um investidor menos conhecido, mas mais alinhado com os propósitos da start-up pode proporcionar um relacionamento mais produtivo e recompensador ao longo do tempo.

2. Grandes salários e regalias

Os elevados salários e o conjunto de regalias adicionais oferecidos pelas grandes empresas são cobiçados por todos os trabalhadores e uma ambição para muitas empresas. No entanto, para uma start-up tentar equiparar esta estratégia pode levar a um resultado negativo. É importante que a empresa se mantenha fiel ao seu orçamento e aos valores culturais para criar a equipa certa para o desenvolvimento do negócio. Os novos empresários devem ter em conta que as regalias adicionais impõem custos elevados indiretos aos custos operacionais de uma jovem empresa cuja viabilidade financeira ainda está a ser construída.

Existem outras formas de incentivar o empenho e produtividade dos colaboradores menos onerosas para o orçamento da empresa. Descobrir o que é importante para os funcionários e permitir-lhes desfrutar disso pode ser uma forma de cativar as equipas. Alguns funcionários estão interessados em mais do que remuneração monetária ou regalias financeiras: pode ser ter tempo para a família, tempo livre fora do escritório para fazer exercício, ou outras atividades que lhes permitam recarregar baterias para durante o horário de trabalho se dedicarem às suas tarefas profissionais.

3. Grandes currículos

Contratar colaboradores apenas pelo impressionante currículo e experiência pode ser outro erro, muitas vezes cometido pelas start-ups. É importante encontrar pessoas com a experiência certa, mas não basta apenas isso. A empatia é muito relevante para fomentar um bom ambiente de trabalho e promover o crescimento da empresa. Além de analisar o currículo, o empreendedor deve avaliar o candidato pela sua curiosidade intelectual, motivação inata e relacionamento interpessoal.

Uma start-up muda a sua estrutura organizacional e a equipa deve estar capacitada para assumir uma nova função ou diferente com rapidez, o que por vezes pode não ser coincidente com os objetivos de um colaborador com experiência em grandes empresas.