Entrevista/ “Somos, claramente, um acelerador da digitalização das empresas nacionais”

“A Páginas Amarelas trabalha lado a lado com as PME no sentido acelerar e de democratizar o acesso a soluções digitais que incrementem a produtividade, a eficiência e a rentabilidade dos negócios nacionais”, assegura João Souto, o novo CEO da empresa desde o passado mês de dezembro.
Desde o final do ano passado que a liderança de a Páginas Amarelas está sob a responsabilidade de João Souto, profissional ligado à empresa há vários anos. A empresa que ficou conhecida pela sua atividade na área das listas telefónicas impressas, integra o Grupo Futuria e define-se como especialista em produtos e serviços digitais para PME.
Com uma gestão diária de cinco mil clientes, e com mais de quatro mil websites online e 1.200 campanhas patrocinadas ativas, a empresa liderada por João Souto afirma querer manter o propósito original da Páginas Amarelas: “ligamos pessoas a empresas – agora no digital”, mantendo o objetivo de ser “um acelerador da digitalização das empresas nacionais”.
De um passado que começou com as listas telefónicas até à consolidação como um diretório de empresas, que serviços/produtos caraterizam a empresa nos dias de hoje?
O percurso da Páginas Amarelas enquanto marca e empresa testemunha a necessidade intemporal de aproximar quem oferece (empresas) de quem procura (clientes), numa constante adaptação aos meios disponíveis para assegurar este propósito, primeiro no meio impresso e, hoje, no digital.
Para o concretizar, a Páginas Amarelas tem demonstrado uma elevada resiliência e uma necessidade constante de transformação. Partimos da produção e distribuição de um diretório impresso – as históricas listas telefónicas -, para produzirmos e gerirmos soluções digitais, sendo mesmo a maior agência de marketing digital em Portugal. Mantemos o mesmo propósito, mas trabalhamos um meio diferente.
Atualmente, em termos de serviços, somos um parceiro completo para as PME: desenvolvemos websites, com ou sem integração de e-commerce, otimizamos valências de Search Engine Optimization, gerimos redes sociais, implementamos e gerimos campanhas de paid media (em Google Ads, Meta Ads e Bing) e de email/SMS marketing, campanhas para angariação de leads, recorrendo às tecnologias que mais facilmente garantem eficiência e inovação aos negócios.
Gerimos diariamente mais de cinco mil clientes, com mais de quatro mil websites online e 1.200 campanhas patrocinadas ativas. Acho que é justo dizer que acompanhámos a evolução dos tempos, mudámos mentalidades, ultrapassámos obstáculos e adaptámos o nosso negócio às novas necessidades, mas o propósito original da Páginas Amarelas mantém-se: ligamos pessoas a empresas – agora no digital.
“(…) força de vendas foi outro vetor fundamental para o sucesso do processo de transformação que implementámos”.
E quais foram os pilares base para a reinvenção da PA que temos hoje, num mundo 100% digital?
Um dos aspetos mais importantes para a reinvenção da empresa foi a confiança dos clientes que já trabalhavam connosco e conheciam a nossa forma de estar, cujas relações abriram portas para a nova dinâmica. Obviamente que, mesmo com esses, tivémos o desafio de atualizar a perceção da marca, mas foram um pilar muito importante.
A nossa força de vendas foi outro vetor fundamental para o sucesso do processo de transformação que implementámos. A proximidade das equipas aos clientes e a dedicação à criação de soluções adaptadas para apoiar o crescimento das PME permitiu-nos uma consolidação mais rápida e, a tempo, a liderança no segmento do marketing digital – em termos de soluções ombreamos, inclusivamente, com as maiores empresas da nossa indústria a nível mundial.
Qual o papel da PA na digitalização das empresas nacionais?
Somos, claramente, um acelerador da digitalização das empresas nacionais. Hoje, mais do que nunca, disponibilizamos as melhores soluções assentes em tecnologia de primeira linha no que toca a marketing digital e ajudamos as empresas a candidatarem-se a incentivos do PRR (Vales Digitais) para poderem aceder a financiamento a fundo perdido, que lhes permite adquirir essas soluções.
Se pensarmos que 30% das empresas portuguesas ainda não tem qualquer presença digital e que, no caso das microempresas (estruturas com menos de dez trabalhadores) a percentagem sobe para 60%, percebemos que há muito trabalho a fazer para posicionarmos o país na vanguarda da digitalização e a Páginas Amarelas trabalha lado a lado com as PME no sentido acelerar e de democratizar o acesso a soluções digitais que incrementem a produtividade, a eficiência e a rentabilidade dos negócios nacionais.
“(…) Portugal tem estado abaixo da média europeia em frentes de aplicação de soluções digitais simples no tecido empresarial (…)”
Como player no mercado empresarial, como analisa a abordagem das empresas nacionais à transformação digital?
As empresas nacionais e o Estado português reconhecem o investimento na transformação digital dos negócios como um pilar relevante para o crescimento da economia e para o incremento da rentabilidade das empresas. Contudo, sabemos que Portugal tem estado abaixo da média europeia em frentes de aplicação de soluções digitais simples no tecido empresarial, como sejam a criação de um website com qualidade e seguro, o uso de um domínio próprio ou de um e-mail dedicado, a promoção e divulgação desta informação em redes específicas. Há, ainda, um percurso longo a trilhar e muita agilidade desaproveitada por um défice de adoção de tecnologia, o que se reflete negativamente na ampliação dos negócios e da economia.
Temos vindo a fortalecer o nosso papel de facilitador do acesso das PME à digitalização, através da produção e gestão de soluções digitais simples, robustas e de qualidade. Atualmente também estamos a apoiar as PME (de determinados CAEs) a explorar um incentivo do PRR para a digitalização das empresas. Neste capítulo, asseguramos o processo de candidatura a um incentivo (Vales Digitais), a fundo perdido que, uma vez atribuído, permite às empresas aceder a um conjunto de serviços digitais. A Páginas Amarelas suporta o cliente durante todas as etapas do processo de candidatura, articulando com os consultores das aceleradoras criadas para este fim.
Num mercado atual tão concorrencial, o que distingue a vossa empresa, os seus produtos e soluções?
A nossa diferenciação assenta na confiança que o mercado tem numa empresa/marca que atua há várias décadas nesta indústria, por ser reconhecido que dispomos de um conhecimento profundo das necessidades das PME. Fruto dessa experiência e conhecimento, apresentamos propostas de valor ajustadas às necessidades das PME e assentes em soluções digitais robustas, simples e internacionalmente reconhecidas, temos disponibilidade 24/7 para receber os pedidos e solicitações dos clientes, dispomos de equipas comerciais e de suporte especialistas nas diferentes áreas do marketing digital, o que nos permite propôr, alterar, melhorar ou fazer evoluir as soluções digitais de forma célere de acordo com as necessidades.
No fundo, conhecemos muito bem os nossos clientes, prezamos o fator humano e a proximidade das relações, fornecemos um serviço ajustado que pode ser personalizado e adaptamos as soluções às suas necessidades específicas, algo que não está ao alcance da maior parte das respostas puramente tecnológicas. Por outro lado, a amplitude dos nossos serviços no digital e a escala a que trabalhamos torna a nossa oferta muito robusta, simples, ágil e competitiva. Somos um parceiro completo para as PME em todas as fases da sua presença digital e isso acresce à ligação que criamos.
“(…) procuramos explorar sinergias quer do ponto de vista de tecnologia, quer partilhando experiências”.
O conceito Páginas Amarelas existe em vários países. Há sinergias entre as várias empresas? Partilha de expertise, tecnologia, inovação… Ou cada uma vive por si?
Cada empresa opera no seu país de forma independente, mas procuramos explorar sinergias quer do ponto de vista de tecnologia, quer partilhando experiências. Existe uma ligação fácil e frequente, fruto do tempo em que já operamos nesta indústria. Exemplo disto é realizar-se, anualmente, um evento de reunião em que são trocadas experiências, no qual se partilham boas práticas e onde há oportunidade de serem apresentadas, por parceiros/fornecedores, soluções e tecnologia que podem vir a ser integradas nas propostas de valor de cada uma das empresas e, consequentemente, nas PME de cada país.
O que é que a sua experiência de mais de duas décadas em estratégia, desenvolvimento e gestão de negócios vai trazer ao seu novo cargo nas Páginas Amarelas?
Vou procurar trazer diversos ingredientes para o dia a dia da Páginas Amarelas: método, estratégia, definição de prioridades, foco, comunicação, valorização das pessoas, captação de talento, energia, agilidade e orientação para a rentabilidade e a sustentabilidade. Tudo isto com uma pitada de boa disposição – acredito que venha a ser uma excelente receita!
Quer detalhar?
Acredito que o sucesso de qualquer organização começa pela discussão e alinhamento do plano estratégico para o negócio e do seu propósito. Adicionalmente, é necessário estruturar e calendarizar as iniciativas, prioridades e focos estratégicos. Com esta base, envolvendo, comunicando e assegurando a revisão e o acompanhamento regular permitirá alinhar recursos e esforços nos vetores que mais contribuem para a criação de valor, garantindo um caminho sólido em direção à sustentabilidade e à rentabilidade.
Outra das minhas prioridades será o desenvolvimento de uma cultura organizacional que valorize a proximidade com clientes e colaboradores, promovendo agilidade, flexibilidade e responsabilidade em todos os níveis. Esta abordagem visa criar uma empresa mais alinhada com as necessidades do mercado e mais ágil e capaz de responder rapidamente às mudanças.
Um dos grandes desafios da Páginas Amarelas é a transformação digital, razão pela qual estou determinado a acelerar a digitalização e a automatização dos processos internos. Isso permitirá não só ganhos de eficiência, como uma concentração e valorização das nossas pessoas em estarem mais alocadas a gerar valor e permitirá uma experiência mais fluida e satisfatória para os clientes, vindo cada vez mais a aproximar a empresa de uma solução 100% digital.
Ao longo da minha carreira, tenho tido a oportunidade de identificar oportunidades para gerar valor e otimizar resultados. Na Páginas Amarelas, este é um dos pilares fundamentais – em conjunto temos de explorar melhor as oportunidades de que dispomos, para maximizarmos a rentabilidade através de processos mais eficientes, maior produtividade e estratégias que tragam impacto real para os nossos clientes e parceiros. Além de estratégia e visão, trago uma energia prática, orientada para a execução. Estou comprometido em liderar com transparência, motivando as equipas a alcançar metas desafiadoras e estabelecendo uma cultura de resultados sustentáveis.
Combinando estas competências e princípios, estou confiante de que, juntos, podemos transformar a Páginas Amarelas numa empresa mais moderna, ágil e preparada para enfrentar os desafios do futuro, garantindo a sua relevância no mercado e um crescimento sustentável e consistente.
Agora, enquanto CEO, como espera capitalizar o legado que a PA construiu ao longo dos anos?
Espero conseguir concretizar a minha visão para a empresa e tornar a Páginas Amarelas num player ainda mais ágil, eficiente e rentável. Tendo como base um legado histórico de relacionamento com as PME, de um conhecimento profundo das suas necessidades, com equipas experientes de especialistas, pretendo alavancar esta base com tecnologia, digitalização, incorporação de Inteligência Artificial, de conhecimento, agilidade, foco e energia e catapultar a Páginas Amarelas para ser cada vez mais o player de referência no suporte às necessidades de marketing digital das PME.
Quais são, então, as suas prioridades estratégicas para 2025?
Este ano estarei particularmente focado em acelerar o processo de digitalização das PME portuguesas, através do incremento da base de cliente e dos serviços e soluções que apresentamos aos clientes, como sendo uma entidade que suporta os clientes PME na obtenção de incentivos à digitalização (Vales Digitais). E também em acelerar todo o processo de digitalização e automatização da empresa, com vista a podermos ser mais eficientes e rentáveis e permitir dar uma melhor experiência aos nossos clientes e trabalhadores. E ainda desenvolver uma cultura organizacional na Páginas Amarelas mais centrada na proximidade, comunicação, envolvimento, agilidade, responsabilidade, criatividade e com forte orientação para o resultado e partilha de sucesso.