ShoulderUp: uma causa que juntou uma empreendedora e uma atriz de Hollywood

O que pode juntar numa mesma causa a empreendedora e investidora Phyllis Newhouse e a atriz norte-americana Viola Davis? A vontade de criar um movimento internacional de mulheres: o ShoulderUp.

Phyllis Newhouse, CEO da multinacional norte-americana Xtreme Solutions, empreendedora, filantropa, e considerada uma das mulheres mais influentes do mundo da tecnologia, juntou-se a Viola Davis, conceituada atriz premiada pela Academia norte-americana de Cinema e criaram um movimento internacional de mulheres denominado ShoulderUp.

A parceria poderia, à primeira vista, parecer improvável se pensarmos que se tratam de duas mulheres de universos completamente opostos: uma do mundo dos negócios e do empreendedorismo, a outra do universo das artes e cinema. Mas, aconteceu. A amizade uniu-as e descobriram que tinham mais em comum do que imaginavam, a começar pela defesa de causas, como explicou Phyllis Newhouse em entrevista ao Link to Leaders.

“ShoulderUp é um movimento que eu a e Viola Davis criámos, um movimento de mulheres – que já está presente em 90 países – para ensiná-las a conquistar o seu espaço, a aumentarem a sua influência e poder económico e a criarem o seu próprio legado. Ou seja, empoderar as mulheres para usarem o seu poder económico e a sua voz para criar a diferença à volta do mundo. Assim, em muitos países, as mulheres líderes que representam o poder económico e as vozes de influência uniram-se para lançar o que muitos acreditam ser um dos movimentos mais impactantes e importantes do nosso tempo”, explicou Phyllis Newhouse.

E como fazem isso? A cofundadora do projeto explica. “Fomos a 40 países – desde África ao Japão, Coreia, Singapura, Índia, Rússia… – e em todos questionamos as mulheres sobre o que as fazia rir ou chorar. E adivinhem? Descobrimos que as mulheres riem e choram com as mesmas coisas. Se têm o coração partido, choram. Se lhes fazem mal, choram. E quando se trata de coisas sérias todas temos as mesmas reações. Quando vemos fome ou quando há algo em que temos de agir, não olhamos para cor da pele. Olhamos para a humanidade da mesma maneira. Há algo de especial nas mulheres quando se juntam”, afirma.

E, acrescenta, “se eu lhe contar a minha história de vida, há de certeza algo na minha jornada com que se vai conectar, e nem sequer somos do mesmo lugar, não vivemos na mesma comunidade, não temos a mesma religião. Mas há pontos de identificação em algum momento”.

“Entrepreneur of the Year” junta duas líderes
Foi em 2017, no evento “Ernst & Young Entrepreneur of the Year Award – troféu que Phyllis Newhouse ganhou –  que as cofundadoras do projeto se conheceram. Phyllis recorda como começou a parceria: “Muitas pessoas questionam-se sobre como é que a Viola e eu nos unimos nesta causa. Eu fui eleita Empreendedora do Ano (a primeira mulher a ganhar) e a Viola era keynote speaker no evento. Num momento de relações públicas, os organizadores promoveram um encontro entre os empreendedores candidatos e ela. A empatia foi imediata. Perguntei-lhe qual era a sua história, contei-lhe a minha e ficamos três horas à conversa no que era suposto ser uma conversa breve. Vimos que estávamos ligadas, que tínhamos muito pontos em comum. Concluímos que íamos ser a melhores amigas. E assim foi”.

A partir desse momento começou a nascer um projeto mais vasto. A empreendedora e a atriz começaram a pensar como poderiam unir esforços para tentar mudar algo no mundo, para apoiar as mulheres na sua jornada e trazer mudanças às comunidades, onde e quando é mais necessário.

“Falámos das semelhanças das nossas indústrias, do nosso percurso e percebemos que tínhamos o mesmo tipo de problemas enquanto mulheres, eu como empreendedora e CEO na área da tecnologia, e ainda para mais afroamericana, e a Viola como atriz afroamericana para quem nem sempre existem papéis”, recorda Phyllis.

Assim nasceu o ShoulderUp, um termo militar adoptado para o movimento fruto da experiência de mais de duas décadas de Phyllis Newhouse no exército norte-americano. “Quando as mulheres trabalham juntas no exército apoiam-se umas às outras, e isso significa “eu seguro as tuas costas e tu seguras a minhas”. Se caminharmos juntas não podemos perder, mas se nos separarmos perdemos. Se criarmos uma comunidade em que todas estamos juntas ninguém pode separar essa comunidade. SoulderUp é sobre isso: sobre juntar a voz e o poder económico para fazer coisas. Usar o poder económico e a voz para criar a mudança que é precisa”, defende. Mais, alerta, “pode ir para a rua gritar o dia todo que ninguém põe dinheiro na sua causa. Pode ter todo o dinheiro do mundo, mas ninguém a escutar. Neste caso, Viola é a voz e eu o poder económico. E ambas criámos um projeto com muita paixão”, conclui.

Independentemente da idade, raça, nacionalidade ou crença religiosa, o ShoulderUp centra a sua atenção nas questões sociais, culturais e de negócios, sempre a pensar como pode ajudar as mulheres, nos vários países onde está presente, a investirem, a criarem oportunidades de investimento, a aprenderem a trabalhar juntas, a lutarem contra a violência de género, problemas de saúde… “É preciso criar a oportunidade e não criar muros. Se der uns dólares a uma mulher pode mudar toda a família, se der a duas mulheres pode mudar toda a comunidade, uma nação, e se conseguir mudar um país mudo o mundo. É assim que funciona. Acreditamos que o movimento ShoulderUp pode criar momentos shoulder up. Podemos não mudar o mundo, mas alguns momentos podem mudar”, conclui Phyllis Newhouse.

Viola Davis e Phyllis Newhouse, cofundadoras do ShoulderUp

Quem é Phyllis Newhouse
Depois de passar 22 anos no exército, Phyllis Newhouse criou uma empresa de tecnologia a partir do zero, a Xtreme Solutions, Inc.  Dezasseis anos mais tarde, em 2017, ganhou o troféu “Ernst & Young Entrepreneur of the Year Award”, em tecnologia, e sua empresa foi reconhecida como uma das 50 companhias geridas por mulheres de mais rápido crescimento, nos Estados Unidos, durante seis anos consecutivos. Phyllis Newhouse também é membro da Women Presidents Organization e da Women Impacting Public Policy (WIPP) e partner do Legend52 Fund.

Quem é Viola Davis
Nomeada pela revista Time como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo, em 2012 e 2017, Viola é uma conceituada atriz de cinema, televisão e teatro. Foi nomeada para o Óscar pelo seu desempenho no filme The Help, ganhou um Academy Award, por “Fences”, e recebeu um Emmy Award pelo trabalho “How To Get Away With Murder”. Viola é a única atriz negra a alcançar a “tripla coroa” da representação – um Óscar, um Emmy e um Tony. Ela e o marido, Julius Tennon, são os fundadores da produtora JuVee Productions.

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