Opinião

Realidade Mista (XR), tendências para 2022

Miguel Marques Paulo, membro da direção do Portugal Agora

Com o acentuar da pandemia e a entrada do teletrabalho dentro do nosso quotidiano, o novo normal veio trazer desafios assim como um grande conjunto de oportunidades.

Um mercado que, conforme as tendências já vinham a apontar, obteve um crescimento dentro do esperado foi o de Realidade Aumentada e Virtual. Sendo assim será interessante partilhar algumas das tendências previstas para 2022 e que se limitam naturalmente apenas às opiniões do autor:

Inteligência artificial

A realidade imersiva necessita de outras tecnologias que permitam alavancar as suas capacidades, uma dessas tecnologias tem sido a inteligência artificial e os algoritmos de machine learning. É esperado que esta tendência continue e que da mesma forma que se consegue efetuar a digitalização de uma sala para posicionamento de uma cadeira, consigamos também identificar e mapear outros contextos como por exemplo formas do corpo e identificar objetos.

Manuais interativos

Uma das tendências que já se veio a verificar em 2021 e que terá ainda muita possibilidade para se desenvolver será a de substituir vários dos manuais de texto corrido por outras formas mais interativas de passar informação. Este cenário é aplicável tanto a um contexto B2C como B2B. Um exemplo típico neste caso será o de um consumidor que através do seu telemóvel faz um scan da sua máquina de lavar a roupa e consegue ter disponível a descrição dos componentes e as instruções de utilização ou de reparação da mesma.

Mais opções no Retalho

Com o crescimento das compras online várias marcas consideraram relevante adicionar novas formas interativas de comprar e de experimentar os seus produtos sem que se tenha de ir a uma loja física. Lançando novas aplicações no mercado, na indústria da moda temos alguns exemplos que permitem experimentar uma camisa, quais as diferentes tonalidades de um batom e como ficará um novo par de sapatos. A tendência será para continuar e para se expandir para outros segmentos de mercado conforme já tinha acontecido em 2021 (exemplo: industria Automóvel).

O Metaverso

Tendo o seu expoente máximo com a alteração de nome do Facebook para Meta, as aplicações colaborativas de XR vieram para ficar. Existe um número crescente de empresas a fazer o seu onboarding, recrutamento e formações utilizando estas novas plataformas de modo a terem uma interação mais “humana” através de meios virtuais. Com a tecnologia existente já é possível ter sessões de brainstorming reais e que se traduzam na criação de produtos e serviços que antigamente teriam de ser feitos numa sala fechada. A possibilidade de definição dos ambientes onde iremos interagir, limitada apenas pela nossa imaginação, permitirá transportar muitos dos aspetos positivos que identificamos nos videojogos para ambientes mais tradicionais.

Portabilidade de conteúdos

Este foi um tema já bastante debatido em 2021 e que tem sido observado com bastante atenção pela comunidade de programadores e de empresas de XR e que talvez não seja tão visível para o consumidor. Com o crescente número de plataformas e conteúdos digitais criados surge a necessidade de conseguir estabelecer alguns standards eliminando as limitações existente na portabilidade de conteúdos entre aparelhos e plataformas. Este será um dos temas quentes de 2022 sendo que é esperado um posicionamento forte dos gigantes tecnológicos assim como uma maior abertura por parte do software e hardware já existente.

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Miguel Marques Paulo é membro da direção do Portugal Agora e interessado em trazer os temas de inovação tecnológica para a realidade portuguesa. É atualmente especialista em tecnologias de informação e inovação numa multinacional onde faz o aconselhamento destas temáticas aos CIOs do grupo. Adicionalmente, é também o responsável global para realidade aumentada e virtual nesta multinacional e consultor da direção portuguesa da VRARA (Associação de Realidade Aumentada e Virtual).

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