Entrevista/ “Queremos atrair todos os que têm ideias e vontade de mudar o mundo, mas que precisam de um empurrão”

“O Achas que Consegues Aguentar? é uma provocação, um desafio direto à zona de conforto, mas sempre com foco no bem-estar, na saúde mental e na felicidade no trabalho”. A afirmação é de Teresa Pouzada, diretora não executiva da ADRITEM, associação que promove no 10 de maio este evento que convida os participantes a viverem num dia os desafios de um ano inteiro de empreendedorismo.

É já no dia 9 de maio que será inaugurada, em Oliveira de Azeméis, a “primeira incubadora europeia focada em exclusivo na investigação e inovação para a saúde mental, bem-estar e felicidade no trabalho”, desenvolvida no Centro de Negócios da Área de Acolhimento de Ul/Loureiro.

Denominado NIBEL, o projeto da ADRITEM – Associação de Desenvolvimento Regional Integrado das Terras de Santa Maria “é o reflexo do nosso compromisso com a qualidade de vida no trabalho e com o desenvolvimento sustentável de ideias que colocam as pessoas no centro”, explicou Teresa Pouzada diretora não executiva da ADRITEM, ao Link to Leaders.

Com o apoio da Câmara Municipal, o arranque do projeto ficará ainda marcado com a realização, no dia seguinte à inauguração, da iniciativa “Achas que consegues aguentar?” (AQCA), um desafio que colocará empreendedores à prova num ambiente de pressão e tomada de decisões em tempo real.

O evento está aberto a empreendedores iniciantes, estudantes, jovens profissionais e pessoas em transição de carreira. “Queremos atrair todos os que têm ideias e vontade de mudar o mundo, mas precisam de um empurrão, de validação ou de contacto com o ecossistema empreendedor”, acrescentou Teresa Prouzada, frisando que acredita “no potencial de expansão do AQCA para outras regiões” do país.

Como surgiu a ideia de criar o “Achas que Consegues Aguentar?” (AQCA)?
A ideia surgiu da necessidade de criar uma experiência realista e impactante para quem quer empreender. Sentimos que faltava um espaço onde os participantes pudessem viver, de forma intensa e num curto espaço de tempo, os verdadeiros altos e baixos do empreendedorismo. O “Achas que Consegues Aguentar?” é uma provocação, um desafio direto à zona de conforto, mas sempre com foco no bem-estar, na saúde mental e na felicidade no trabalho.

Além disso, queríamos fugir dos modelos tradicionais e mais formais dos eventos de empreendedorismo. Apostámos numa comunicação divertida, ousada e próxima, que refletisse melhor a experiência e o espírito criativo que procuramos estimular. O AQCA não é apenas mais um evento — é uma vivência fora da caixa.

“É também uma plataforma para destacar ideias inovadoras com propósito, especialmente na área da saúde mental e bem-estar no trabalho”.

Qual é o objetivo?

O objetivo do AQCA é simples e ambicioso: testar a resiliência, criatividade e capacidade de adaptação dos empreendedores, enquanto os capacitamos para enfrentarem os desafios do mundo real dos negócios. É também uma plataforma para destacar ideias inovadoras com propósito, especialmente na área da saúde mental e bem-estar no trabalho.

Quem pode participar?

O evento está aberto a empreendedores iniciantes, em ascensão, estudantes, jovens profissionais e pessoas em transição de carreira. Queremos atrair todos os que têm ideias e vontade de mudar o mundo, mas que precisam de um empurrão, de validação ou de contacto com o ecossistema empreendedor.

Entre as iniciativas previstas para o dia 10 de maio, quais as que mais destaca e porquê?

Destaco a “Sala da Empatia, ou não!” – uma dinâmica onde os participantes são desafiados a defender as suas ideias e, logo a seguir, a vê-las desconstruídas. É um exercício poderoso de humildade, escuta ativa e adaptação. Também o “Pitch final” perante os “vilões de ideias”, onde os participantes enfrentam perguntas difíceis de um júri exigente, é um momento-chave para testar a preparação e a capacidade de persuasão.

“Trabalhámos para criar um percurso que simula os momentos mais intensos do empreendedor, com desafios emocionais e operacionais reais”.

Foi fácil organizar num dia o que geralmente um empreendedor vive durante um ano? O que procuram ter mais em conta para uma experiência verdadeiramente imersiva?

Não foi fácil, mas foi entusiasmante. Trabalhámos para criar um percurso que simula os momentos mais intensos do empreendedor, com desafios emocionais e operacionais reais. O foco na saúde mental e bem-estar está presente em cada etapa – queremos que os participantes sintam as dificuldades, mas que saiam fortalecidos, inspirados e apoiados.

De que forma os parceiros que se associaram ao projeto são uma mais-valia na sua concretização?

Os nossos parceiros — desde universidades a incubadoras, investidores, empresas e especialistas — são fundamentais. Garantem a qualidade técnica das atividades, a credibilidade do evento e, acima de tudo, a criação de oportunidades reais para os participantes. É a união entre o mundo académico, empresarial e social que dá força ao AQCA.

Faz parte dos planos da ADRITEM estabelecer parcerias noutras regiões do país para “deslocalizar” o projeto AQCA e chegar a mais pessoas?

Sem dúvida. Acreditamos no potencial de expansão do AQCA para outras regiões. O formato é replicável e pode adaptar-se a diferentes contextos. Estamos abertos a colaborações que nos permitam levar esta experiência a outros territórios, mantendo sempre o nosso compromisso com o impacto social e a saúde mental no empreendedorismo.

Quais as expetativas para o dia 10 de maio?

Esperamos um dia vibrante, desafiante e transformador. Queremos ver ideias a ganharem forma, pessoas a superarem-se e, quem sabe, o nascimento de negócios com verdadeiro impacto. Acima de tudo, queremos que todos saiam do AQCA com mais confiança, ferramentas práticas e uma nova rede de apoio.

“Sabemos que a saúde mental e o bem-estar laboral são temas centrais no futuro do trabalho”.

O AQCA marca também a inauguração do NIBEL – Núcleo de Inovação e Bem-Estar Laboral. Quais os fatores que pesaram para lançarem uma incubadora focada em exclusivo na investigação e inovação para a saúde mental, bem-estar e felicidade no trabalho?

Lançar o NIBEL foi uma decisão estratégica. Sabemos que a saúde mental e o bem-estar laboral são temas centrais no futuro do trabalho. Queremos criar um ecossistema onde estes temas sejam o ponto de partida para soluções inovadoras. O NIBEL é o reflexo do nosso compromisso com a qualidade de vida no trabalho e com o desenvolvimento sustentável de ideias que colocam as pessoas no centro.

Já têm start-ups que se queiram juntar ao NIBEL?

Sim, temos já vários projetos em contacto connosco e alguns em fase de incubação. São ideias que vão desde plataformas de bem-estar emocional até serviços de consultoria em felicidade organizacional. O interesse tem sido muito positivo.

Que tipo de start-ups podem ter lugar no NIBEL?

Todas as start-ups com foco em saúde mental, bem-estar, felicidade no trabalho, produtividade sustentável ou inovação social são bem-vindas. Procuramos empreendedores com ideias transformadoras, que queiram testar, crescer e escalar soluções com impacto positivo no ambiente laboral.

“O NIBEL terá programas de incubação, eventos temáticos, formações com especialistas, sessões de coaching, momentos de networking e encontros com investidores”.

Quais as iniciativas previstas para o NIBEL?

O NIBEL terá programas de incubação, eventos temáticos, formações com especialistas, sessões de coaching, momentos de networking e encontros com investidores. Já temos confirmadas ações como capacitação em finanças e bem-estar, formações certificadas, codesenvolvimento entre outras.

Que outros projetos podemos esperar da ADRITEM na promoção do empreendedorismo e inovação social?
A ADRITEM continuará a investir em iniciativas que ligam o empreendedorismo ao impacto social. Projetos de capacitação para públicos vulneráveis, programas de inovação rural, apoio ao empreendedorismo jovem e sénior, e novas soluções para desafios sociais complexos estarão sempre no nosso horizonte. O nosso propósito é claro: desenvolver territórios com identidade, inovação e inclusão.