Projetos internacionais que dão resposta a desafios sociais e ambientais

Conheça alguns dos projetos finalistas do Global Maker Challenge que pretendem dar resposta a problemas como a fome, acesso à educação no mundo árabe e ligação à Internet nas comunidades empresariais de baixo rendimento no Quénia.
Poderá o empreendedorismo focar-se na resolução de muitos dos desafios sociais e ambientais existentes ao redor do mundo? Para quem se candidata ao Global Maker Challenge, plataforma de inovação on-line que dá a oportunidade aos empreendedores de estabelecer contactos e colaborar em qualquer parte mundo, para resolver problemas reais que afetem as populações, a resposta é afirmativa.
Terry Rice, especialista norte-americano em Marketing Digital, participou recentemente no Global Maker Challenge, realizado no Dubai, e teve a oportunidade de conversar com alguns dos finalistas sobre os seus projetos. Eis algumas das iniciativas que Rice partilhou no Entrepreneur e que respondem a problemas atuais, desde a fome à conetividade.
World Food Programme: Acabar com a Fome até 2030
Entre conflitos e catástrofes naturais, são necessárias ideias ousadas para acabar com a fome até 2030. Para identificar e transformar ideias em soluções globais, o Acelerador de Inovação deste programa apoia inovações internas e start-ups externas.
Com sede em Munique, o Acelerador disponibiliza fundos para inovação e start-ups. É um ambiente de criatividade e colaboração que convida especialistas, empresários, organizações sem fins lucrativos, a sociedade civil e os funcionários do World Food Programme (WFP) para juntos abordarem os desafios humanitários e de desenvolvimento. Até hoje, já foram apoiados 48 projetos. Oito deles estão em fase de expansão global, podendo vir a ajudar mais de um milhão das populações mais vulneráveis do mundo até ao final do ano.
Manuel José Ossa Hurtado, líder de operações no WFP, define a visão deste acelerador: “O cenário ideal é que fiquemos desempregados até 2030 porque não haverá mais gente a sofrer de fome nem de subnutrição. Prevemos um decréscimo exponencial na insegurança alimentar e uma resposta muito mais eficiente em situações de emergência como conflitos e catástrofes naturais, grandes responsáveis por este tipo de insegurança. O mais complicado é que este é um problema do sistema e, por isso, uma intervenção aqui e outra ali não são suficientes. A solução passa por uma abordagem sistémica. É por isso que não nos focamos apenas no SDG 2 [Sustainable Development Goal 2, em inglês] , mas permitimos que outras organizações do setor humanitário usufruam da inovação da tecnologia e da mentalidade empreendedora, de forma a se tornarem mais eficazes naquilo que fazem. Neste sentido, o nosso legado será provavelmente impactante. Enquanto aceleradores de inovação, teremos de conseguir de forma direta ou indireta retirar 100 milhões de pessoas da fome de forma sustentável até 2030”.
Edrakk: Expandir o alcance da educação
Cerca de 4,23% da população mundial fala árabe, mas menos de 3% de todo o conteúdo digital está disponível nessa língua. O Edraak foi lançado para responder a esta questão, sobretudo no que diz respeito a conteúdo educativo.
A Edraak é uma plataforma online alargada de cursos abertos, uma iniciativa da Queen Rania Foundation (QRF). Esta organização está determinada em garantir que o mundo árabe esteja no pelotão da inovação educacional. Como tal, a QRF capitalizou talentos árabes locais para alavancar a tecnologia desenvolvida pelo consórcio Harvard-MIT, edX, de forma a criar a primeira plataforma árabe não lucrativa de cursos abertos.
Shireen Yacoub, CEO da Edraak, referiu recentemente que “a plataforma chega, atualmente, a mais de 2,2 milhões de alunos, incluindo jovens carenciados em zonas de conflito. A Edraak aproveita o poder da tecnologia para oferecer oportunidades de aprendizagem progressiva relevantes. Enriquecemos ainda o conteúdo árabe online com a criação de recursos pedagógicos originais para os programas de aprendizagem contínua e para os K-12. Queremos revolucionar o acesso e a oferta educacional no mundo árabe, dando oportunidade às sociedades árabes de aproveitarem o seu potencial e capacitando a juventude de forma a que possa ter acesso a melhores oportunidades de vida”.
Poa! internet: Enriquecer vidas através da conectividade
As ligações de internet pouco fiáveis poderão ter consequências negativas para as empresas: qualquer tempo de inatividade não programado pode levar a produtividade e as comunicações a uma paragem total. A missão da poa! internet é levar ligações de internet ilimitadas até comunidades empresariais de baixo rendimento.
Dirk-Jan (DJ) Koeman, diretor de desenvolvimento de negócios da poa! internet, diz que “trazemos ligações aos desconectados, criando condições mais equitativas onde as comunidades marginalizadas têm o mesmo acesso digital que qualquer outra pessoa”.
Andy Halsall, CEO da poa! internet, acrescenta: “O nosso propósito em providenciar serviços de internet de baixo custo em regiões como Kibera, Kawangware e Kiambu tem sido o de estimular as comunidades rurais de baixo rendimento no Quénia, facilitando-lhes o acesso a banda larga. Tornou-se óbvio que devemos atender não apenas a empreendedores de micro-empresas como também a consumidores regulares. Estes negócios precisam de acesso ilimitado a uma internet de baixo custo para poderem desenvolver as oportunidades que o online oferece”.
Relativamente ao legado que a poa! quer deixar, Koeman respondeu: “Fornecer às pessoas o acesso à educação, informação e entretenimento, independentemente da sua localização ou do dinheiro que têm na carteira”.