Primeiros investidores podem prever o futuro das start-ups, diz estudo

Recorrendo ao Crunchbase, um banco de dados de start-ups e investidores, uma nova pesquisa da Universidade de Washington descobriu que a colaboração prévia entre venture capitalists pode ajudar a prever o futuro de uma start-up.

No caso de um filme podemos testemunhar o seu sucesso ou não através dos números de bilheteria ou da aclamação da crítica. Na academia, através da publicação de artigos ou ao ajudar os alunos a conseguir empregos dos sonhos após a sua formação. Uma nova pesquisa da Universidade de Washington mostra que também existem várias maneiras de saber se as start-ups terão ou não um futuro risonho. Os primeiros investidores geralmente preveem o seu caminho futuro.

“No mundo do empreendedorismo, ouvimos muito sobre ‘exits’ de empresas porque é quando os fundadores e investidores ganham dinheiro”, disse a coautora do estudo Emily Cox Pahnke, professora associada de gestão e organização da Foster School Of Business, da Universidade de Washington, Seattle, no site da instituição de ensino.

“Na maioria dos setores, tanto as aquisições quanto as Ofertas Públicas Iniciais, ou IPOs, são grandes exits. Mas o que é preciso para chegar até lá é diferente. A nossa pesquisa mostra que diferentes padrões de colaboração entre capitalistas de risco levam a diferentes tipos de exits nas empresas em que investem”, acrescentou a responsável.

Quando uma empresa de capital de risco, ou VC, investe numa start-up, geralmente fá-lo com outros VC como se de um sindicato se tratasse. Os sindicatos de capital de risco partilham conhecimento e recursos, enquanto trabalham para orientar a sua start-up em direção a uma estratégia de exit bem-sucedida – uma aquisição ou um IPO.

O estudo, publicado recentemente no Academy of Management Journal, descobriu que as empresas cujos VC investiram juntamente com outros VC com quem trabalharam no passado tinham maior probabilidade de realizar um “exit” através de aquisição.

As aquisições podem ter uma forma de exit rápida, onde um projeto é vendido a uma empresa maior. Por outro lado, menos colaboração prévia entre VC num sindicato leva ao aumento da probabilidade de um projeto se tornar público. Surpreendentemente, os pesquisadores descobriram que os mesmos padrões de colaboração que aumentam as probabilidades de um IPO também aumentam a probabilidade de uma empresa falir.

Importância da colaboração prévia entre VC
Recorrendo ao Crunchbase, um banco de dados de start-ups e investidores, a nova pesquisa da Universidade de Washington analisou start-ups sediadas nos EUA que eram apoiadas por VC e descobriu que a colaboração prévia entre capitalistas de risco pode ajudar a prever o futuro da empresa.

Os investigadores analisaram o financiamento inicial e os resultados de mais de 11 mil projetos lançados entre 1982 e 2014. E complementaram com os dados da Crunchbase e com fontes externas recolhidas manualmente, identificando 71.624 rondas de financiamento e 20.142 investidores.

No artigo, os autores apresentam dois exemplos para ilustrar como a colaboração prévia afeta o tipo de exit. A Gridiron Systems e a Carbonite que fornecem armazenamento de dados digitais foram apoiadas por VC. Os VC da Gridiron tinham coinvestido em pelo menos duas empresas anteriores. Por outro lado, nenhum dos VC da Carbonite tinham realizados investimentos em conjunto anteriormente. A Gridiron Services foi adquirida em 2013 e continua a especializar-se em tecnologia de armazenamento. Já a Carbonite abriu o seu capital em 2011 e agora alargou os seus serviços a outros mercados.

Segundo o estudo, numa aquisição uma start-up é comprada diretamente por outra empresa que assume o controlo acionista. Enquanto as ações dos fundadores e investidores se tornam totalmente líquidas, o controlo da empresa também é entregue.

Num IPO, as ações do projeto são oferecidas para venda ao mercado de investidores em ações. A equipa de gestão geralmente permanece no local e os fundadores e investidores geralmente obtêm liquidez parcial.
“Quando não se conhecem, quando não trabalham juntos, é muito mais provável que haja conflitos que o atrasem”, explicou a investigadora Pahnke.

Pahnke afirmou ainda que os IPOs são mais arriscados do que as aquisições. Numa aquisição, os fundadores e os primeiros investidores sabem a quantia exata de dinheiro que receberão e quando a transição acontecerá. Mas quando uma empresa abre o capital, os fundadores e os primeiros funcionários normalmente não podem vender as suas ações durante um tempo. Se os preços das ações caírem, os fundadores e investidores podem não ganhar dinheiro.

“Com as aquisições, os fundadores normalmente permanecem na empresa por um período limitado de tempo”, disse Pahnke. “Os fundadores podem seguir em frente e fazer outra coisa. Com um IPO, é provável que a equipa de gestão permaneça por um tempo”, reforçou.

“Há trocas entre trabalhar com pessoas que conhece e pessoas que não conhece que levam a diferentes tipos de sucesso”, refutou, concluindo que “não é que um cenário seja mau e o outro bom. Eles são apenas qualitativamente e quantitativamente diferentes”.

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