Entrevista/ “Por vezes esperamos pela oportunidade certa e quando demos por ela já a perdemos”

Assumiu há cerca de dois anos a função de country manager da Yescapa Portugal, start-up da qual fazia parte desde julho de 2019 como Operations Officer. Em entrevista ao Link To Leaders, a responsável fala do autocaravanismo em Portugal e do seu maior desafio: “ter arriscado ir para a Malásia sozinha”.
Maria Liquito tornou-se há dois anos country manager da Yescapa Portugal, a plataforma de aluguer de autocaravanas e campervans, de origem francesa, que tem apostado cada vez mais nas opções de turismo itinerante em Portugal.
Antes de chegar à Yescapa, Maria Liquito, natural de Viana do Castelo, trabalhou em vários locais do mundo. No seu percurso, passou pela BrandMe Associate SDN BHD, em Kuala Lumpur, na Malásia, onde desempenhou funções na área de Marketing and Business Development, completou o estágio do programa INOV Contact enquanto Digital Marketing Manager na Kelius Automation, em Curitiba, no Brasil, e desempenhou o cargo de Marketing Manager na Portugal Happens, em Lisboa.
Ingressou na estrutura da Yescapa em julho de 2019, como Operations Officer. Em outubro de 2020 assumiu novas funções como country manager. Que balanço faz e que desafios ainda tem pela frente?
Estes (quase) três últimos anos na Yescapa passaram a voar. Quando comecei, falava muito pouco francês, pelo que foi logo o meu primeiro desafio, onde fiz vários esforços para aprender rapidamente a língua e poder integrar-me o melhor possível.
A nível de futuros desafios, tenho vários, pelo que é difícil indicar um. Afinal queremos sempre fazer mais e, acima de tudo, melhor. O foco é fazer crescer (ainda mais) a Yescapa em Portugal e mostrar que as mulheres portuguesas podem ter um papel importante e fundamental nas empresas.
O que tem feito para alavancar a presença da Yescapa em Portugal?
A Yescapa está em Portugal desde o verão de 2018 e trabalhamos para que seja a plataforma intermediária de referência no aluguer de autocaravanas e campervans. O nosso objetivo é que os viajantes encontrem o veículo ideal para a sua viagem e ao mesmo tempo permitir aos proprietários rentabilizarem a sua autocaravana, fazendo com que todos ganhem com esta partilha. Procuramos impulsionar diferentes parcerias, por exemplo com municípios, universidades ou outras entidades de forma a proporcionar soluções chave-na-mão para que os alugueres sejam feitos de forma segura e tranquila para ambas as partes.
“A maior parte dos viajantes nunca viajou de autocaravana e procura flexibilidade e estar em contacto com a natureza”.
Qual o perfil genérico dos vossos clientes e quais os principais motivos que os levam a recorrer ao autocaravanismo?
Os viajantes são, por norma, casais e famílias com um ou ou filhos, na faixa etária dos 30 aos 50 anos. Seguidamente são jovens casais e, por último, grupos de amigos, embora este perfil seja menos constante. A maior parte dos viajantes nunca viajou de autocaravana e procura flexibilidade e estar em contacto com a natureza.
De que modo é que os portugueses vêm o autocaravanismo atualmente?
Os portugueses vêm o autocaravanismo como uma forma de viajar em liberdade, passar tempo de qualidade em família ou amigos em total autonomia, onde podem definir o itinerário de acordo com as suas preferências e vontades, podendo adaptar o itinerário enquanto viajam, o que possibilita uma viagem mais personalizada.
Quanto representa o mercado português na faturação da empresa a nível global?
O mercado português representa 25% da faturação a nível global.
De que forma a sua experiência nos vários locais do mundo por onde passou como, Kuala Lumpur, na Malásia, ou Curitiba, no Brasil, a ajudaram na função que exerce atualmente?
Tanto no Brasil como na Malásia lidei com empresas internacionais, com colegas de culturas e mentalidades diferentes que me aportaram distintas perspetivas profissionais e pessoais. Ambas as experiências desenvolveram as minhas competências em gestão de projetos a nível internacional, assim como a trabalhar em momentos de pressão e priorização de tarefas.
“O meu maior desafio foi ter arriscado ir para a Malásia, sozinha, com o objetivo de trabalhar numa cultura diferente e aprender mais sobre desenvolvimento de negócios e empresas estrangeiras”.
Qual a decisão profissional de que mais se orgulha?
O meu maior desafio foi ter arriscado ir para a Malásia sozinha, com o objetivo de trabalhar numa cultura diferente e aprender mais sobre desenvolvimento de negócios e empresas estrangeiras. Foi um dos meus maiores desafios profissionais (e pessoais) até hoje, julgo.
O que falta às mulheres portuguesas para terem uma maior representatividade nos cargos de liderança/chefia?
Oportunidade. As mulheres têm iguais capacidades para cargos de liderança/chefia, apenas muitas vezes não conseguem ter a oportunidade de estarem/chegarem a essa posição e de mostrarem o que valem. Felizmente vemos essa tendência a mudar e cada vez mais vemos rostos femininos em cargos de poder. Esperemos que assim continue!
Um conselho para uma jovem empreendedora?
Não ter medo de arriscar! A vida é feita de desafios, pelo que não devemos ter medo de arriscar e de acreditar em nós mesmas. Por vezes esperamos pela “oportunidade certa” e quando demos por ela já a perdemos. Nunca é tarde para fazermos algo novo, irmos atrás dos nossos sonhos. O que precisamos? Acreditar em nós próprias. O resto acabará por vir.
Uma mulher que a inspire…
Tenho várias mulheres que me inspiram diariamente. A Frida Kahlo é um exemplo. Aceitou-se como era e do que gostava, mesmo contra os ideais da época e ficou conhecida mundialmente como um ícone feminino nas artes. É necessário pensarmos “fora da caixa”, aceitarmo-nos e lutarmos pelas nossas convicções, só desta forma iremos conseguir mudanças e inspirar pessoas.
Respostas rápidas:
O maior risco: Tomar algo como garantido.
O maior erro: Ficar na dúvida.
A maior lição: Acreditar em mim.
A maior conquista: Ter-me mudado para o outro lado do mundo sozinha.