Opinião
Os novos desafios da liderança

Os ritmos da inovação, do negócio, dos resultados, do crescimento das empresas e de nós próprios torna cada vez mais difícil inspirar as pessoas que trabalham connosco e guiá-las diariamente para um propósito ou estratégia.
Inspirar uma geração de pessoas que cresceram com o digital e que vivem um mundo “muito deles” onde imperam “as regras deles” é quase missão impossível. Estas novas gerações são menos comprometidas, não se movem por noções tradicionais de hierarquia, carreira, salário ou estatuto. Valorizam outras coisas, como o verdadeiro propósito da organização e o que ela contribui para a sua vida e das suas famílias. Qual o propósito verdadeiro da vida humana? Procuram propósitos de cidadania, ambientais e de uma responsabilidade quase ao nível planetário.
Transpondo isto para o contexto organizacional, os novos desafios da liderança consistem, numa primeira fase, em entender estes novos propósitos e mapeá-los para dentro da organização potenciando a capacidade criativa de cada colaborador alinhando-o com a estratégia, agregando motivações, expetativas e competências.
Se juntarmos a estes desafios, a incerteza onde tudo acontece a um ritmo veloz, um novo paradigma de liderança tem de emergir nas organizações. Eu chamaria “resilient leadership”. Vamos pensar que este “novo mundo” na qual a nossa organização está inserida, é um enorme lago congelado. Sabemos os elevados riscos de o atravessar, mas se não o fizermos, estagnamos, perdemos colaboradores, negócio e, por fim, morremos como organização.
Atravessar o lago é assumir riscos com uma enorme coragem, determinação na adversidade e total incerteza que, em algum momento, o gelo pode quebrar. Ser ágil na incerteza, antecipar e aproveitar todas as oportunidades, sem medo de falhar, mas com toda a humildade. Os novos desafios da liderança passam pela elevada capacidade de o líder ser humilde. Ter a capacidade de assumir erros e corrigir juntamente com a equipa. A humildade é um catalisador fortíssimo que gera mudanças positivas, empenho e motivação. Ter a humildade suficiente para entender que cada indivíduo é um indivíduo e por isso, motivar e desenvolver as pessoas nas suas singularidades e diferenças.
A liderança resiliente e humilde, praticada de forma coerente e consistente é a única que permitirá aos líderes do futuro fazer travessias arriscadas, perigosas, com uma coragem feroz, num mundo com cada vez mais informação, mas também com mais incertezas, sempre com o envolvimento e comprometimento de uma equipa inteira.
Boas travessias!