Opinião

O valor de saber o que fazer….

Rosário Pinto Correia, Católica Lisbon School of Business and Economics

Saber o que fazer, sem hesitar e conseguindo o resultado que se pretende, geralmente não acontece por acaso. E não se aprende tudo nos bancos da escola. A vida e o que nela vivemos vai-nos ensinando, pouco a pouco, quais as peças que devemos procurar e ajudando a perceber o que com elas devemos fazer.

Um dia um senhor ouviu um barulho esquisito no carro, e levou-o ao mecânico. Este ouviu o barulho, abriu o capot, tirou uma peça, assoprou, voltou a pôr no sítio e pediu-lhe  para ligar o carro. O barulho tinha desaparecido.

– “Quanto lhe devo?”
– “1001 euros”
– “Tanto, só para soprar numa peça durante 30 segundos?”
– “1  euro foi do sopro, 1000 euros de saber qual a peça que tinha de ser assoprada”

Saber o que fazer, sem hesitar e conseguindo o resultado que se pretende, geralmente não acontece por acaso. E não se aprende tudo nos bancos da escola. A vida e o que nela vivemos vai-nos ensinando, pouco a pouco, quais as peças que devemos procurar e ajudando a perceber o que com elas devemos fazer.

Esta capacidade de reconhecer os contornos dos desafios e saber como proceder para os resolver é um dos muitos valores da experiência, adquirida com todos os processos de procura, decisões, erros, falhanços, sucessos, conquistas, perdas … Não o entender ou não o respeitar é um erro crasso a que não nos podemos permitir. Nem enquanto pessoas particulares, nem na nossa vida profissional, nem como cidadãos

Quem nunca usou as receitas da avó ou telefonou à sogra para saber como se tira uma nódoa?

Ao analisar e tentar compreender a história do nosso País e do Mundo, não conseguimos compreender o que se repete, os padrões que ocorrem ao longo dos tempos, os resultados provocados por ações repetidas, os perigos a que determinados caminhos levam as sociedades?

Falar com quem há mais tempo vive na organização, pedir conselho a um amigo mais velho ou a um colega que já esteve no lugar onde estamos, olhar para dados do passado como uma das bases para analisar o presente e tentar prever o futuro, são ferramentas preciosas na nossa vida profissional

E, no entanto, muitas vezes nos esquecemos que quem tem esta sabedoria decorrente de vidas mais longas e de atos já muitas vezes praticados está ao nosso dispor para nos ajudar!

A convicção – mesmo que por vezes inconsciente – de que os mais velhos estão ultrapassados, não conseguem perceber o mundo atual, já não nos podem ajudar porque estão desfasados e não acompanharam as mudanças do mundo é uma realidade para muitos de nós.

Culturas há onde os anciãos são não só respeitados, com também envolvidos em todas as decisões importantes. Empresas há onde os mais antigos são ouvidos. E famílias há onde os mais velhos são fonte de conselhos e apoio para os mais novos. Infelizmente são cada vez menos!

E cada vez mais estamos indiferentes a esta sabedoria que apenas o passar dos anos nos permite ter.

O desperdício de conhecimento e os erros que disso decorrem são imensos, e os recursos nestes processos desperdiçados também, como é fácil de perceber.

Será que não é altura de voltar a ouvir a voz da experiência?

(Obrigado, José Rebelo de Andrade, por nos fazer rir com esta e tantas mais historias!)

Comentários
Maria do Rosário Pinto Correia

Maria do Rosário Pinto Correia

Maria do Rosário Pinto Correia é Founder e CEO da Experienced Management e regente da disciplina de Marketing in The New Era (licenciatura em Business Management) na CLSBE. Coordena, ainda, três programas de Executive Education - PGV - Programa de Gestão de Vendas, EI - Estratégias de Internacionalização e CE – Comunicação Estratégica, e é responsável pelo desenvolvimento de atividades da Executive Education da CATÓLICA-LISBON no Brasil e na Ásia. Licenciada em Ciências Económicas e Empresariais pela Universidade Católica Portuguesa,... Ler Mais..

Artigos Relacionados