Mulheres são mais bem-sucedidas em campanhas de crowdfunding
Apesar da dificuldade em levantar capital em todos os outros formatos, as mulheres são mais bem-sucedidas em angariar dinheiro através de campanhas de crowdfunding.
O crowdfunding é um veículo relativamente recente que abre novas rotas de financiamento a indivíduos, start-ups e negócios em crescimento. Este método permite que pequenas equipas sejam capazes de interagir diretamente com o mercado e de aferir o interesse dos potenciais clientes no produto ou serviço que estão a desenvolver.
E ao contrário de todos os outros métodos para financiar projetos, onde continua a haver um abismo entre os dois géneros, as mulheres são mais bem-sucedidas do que os homens no formato crowdfunding.
A PwC analisou 450 mil campanhas de seed crowdfunding e descobriu que as mulheres são 32% mais bem-sucedidas do que os homens neste tipo de plataformas – independentemente do setor, da localização e da cultura. Além disto, o estudo afirma que, em média, recebem 87 dólares por contribuidor, enquanto que os homens recebem 83 dólares.
Este tipo de dados fomenta a discussão sobre a falta de financiamento aos projetos liderados pelas mulheres que, apesar de serem mais eficientes a gerar receitas do que os homens, continuam a ter um acesso difícil ao capital.
Os homens fazem mais campanhas, mas as mulheres são mais eficientes. A análise da PwC concluiu ainda que há mais homens do que mulheres a levar a cabo campanhas de crowdfunding. No entanto, as mulheres apresentam uma taxa de sucesso 5% superior à dos homens. Isto acontece mesmo em setores em que as mulheres têm menos presença, como no meio tecnológico onde, apesar de em cada 10 campanhas, nove serem lideradas por homens, o sexo feminino tem uma taxa de sucesso 3% superior.
O sucesso feminino no crowdfunding não olha a lugares nem a setores. O estudo da PwC revelou que o fator localização não impede que as mulheres sejam mais bem-sucedidas do que os homens a levantar dinheiro neste formato. No caso da Europa, os homens têm uma taxa de sucesso de 14%, enquanto que as mulheres atingem os 21%. A maior disparidade entre género acontece em África, onde 11% das mulheres são bem-sucedidas e só 3% dos homens veem as suas campanhas financiadas.
Esta tendência também é transveral em todos os setores. Tal como no tecnológico, as mulheres conseguem ser mais bem-sucedidas em iniciativas de educação (+6% que os homens), entretenimento e média (+7%), em hotelaria e lazer (+7%), retalho e consumo de bens (+4%) e tecnologia digital (+7%).
Os homens continuam a ganhar nas grandes campanhas. Apesar das mulheres apresentarem uma eficácia maior para levar as suas iniciativas de crowdfunding ao sucesso, os homens dominam os grandes levantamentos de dinheiro neste formato. No que diz respeito às campanhas com mais de um milhão de dólares em financiamento, as mulheres ocuparam uma fatia minoritária de 11%. O mesmo acontece nos projetos que angariaram mais de 100 mil dólares (16% mulheres), entre 50 e 100 mil dólares (22%) e entre 20 e 50 mil dólares (29%).
Outro estudo poderá ainda desmistificar o sucesso por trás dos números apresentados pelas mulheres. Segundo esta investigação, que foi conduzida nas plataformas Kiva e Kickstarter, há dois grandes pontos a favor do género feminino nas campanhas de crowdfunding:
- o maior número de contactos nas redes sociais, que está diretamente ligado ao aumento da probabilidade de sucesso. No caso da plataforma Kickstarter, os números revelam que um aumento de 10% nas partilhas da campanha no Facebook origina um aumento da probabilidade de sucesso em 7.8%.
- os objetivos realistas que são estabelecidos. As mulheres tendem a ter metas mais curtas. No caso do Kickstarter, enquanto que as mulheres estabeleceram uma média de 14.500 dólares para financiar a sua campanha, os homens pediam 20.300 dólares. A aversão ao risco e a objetividade são dois outros fatores que podem explicar a taxa de sucesso das mulheres neste domínio.
Apesar de continuar a haver disparidade no levantamento de capital, as mulheres encontraram um formato que traz maior igualdade de género e que foge aos métodos tradicionais de financiamento de projetos.