MaturiJobs, onde só há emprego para quem tem mais de 50 anos

Mórris Litvak segue pelo caminho oposto ao dos recrutadores tradicionais. Na plataforma de recrutamento MaturiJobs só há propostas de emprego para jovens acima dos 50 anos.

A MaturiJobs, plataforma digital de recrutamento acelerada pela Yunus Negócios Sociais Brasil, foi criada por Mórris Litvak, que afirma querer revolucionar a questão da longevidade da carreira profissional.

Enquanto a maioria dos profissionais de recrutamento aposta nos mais jovens, sendo muitas as empresas que hoje investem em programas de trainees e recrutamento de recém-licenciados, Litvak acredita que o futuro não passa por aí.

“Todos os dias vários talentos são banidos do mercado de trabalho por conta da idade e, de uma hora para outra, pessoas completamente ativas perdem o seu espaço. Se esta situação pudesse ser traduzida numa equação matemática, certamente o resultado seria negativo, pois todos perdemos com isso: o mercado deixa de contar com a experiência e a sabedoria dos mais velhos e os profissionais afastados sofrem frustrações, privações e injustiça, sem falar no impacto psicológico, financeiro e as consequências para a saúde dessas pessoas”, pode ler-se no site da empresa.

O empreendedor brasileiro acredita que, seja por uma questão social ou pela oportunidade de negócio, o seu foco deve estar nos profissionais acima dos 50 anos. Como refere, “em pouco tempo a população acima de 50 anos vai triplicar no Brasil e ultrapassará o número de jovens, por isso precisamos agir agora. Foi justamente para mudar essa realidade que a MaturiJobs nasceu”.

Esta start-up consiste numa plataforma de recrutamento, como a portuguesa NetEmprego, Alerta Emprego ou Expresso emprego, mas onde só existem vagas para profissionais acima dos 50 anos.

A inspiração de Litvak veio da sua avó Keila, que aos 80 anos trabalhava como secretária e tradutora numa empresa do outro lado da cidade, fazia trabalho voluntário e ainda ajudava a família. A ideia surgiu-lhe depois de Keila ter caído durante o percurso até ao emprego, o que lhe trouxe algumas dificuldades de mobilidade e a levou a deixar de trabalhar e a ficar a maior parte do tempo em casa. Litvak viu como a saúde física e mental da sua avó decaiu rapidamente desde aí.

O mesmo aconteceu a muitas pessoas com grande talento e conhecimento profissional que o empreendedor conheceu num lar onde fez trabalho voluntário entre 2011 e 2012, pouco antes da sua avó falecer. Foi lá que Litvak ouviu dos idosos histórias de vida fantásticas e com quem sempre aprendeu. Foi esta sequência de acontecimentos que o levou a abraçar a causa da longevidade e a dedicar-se a esse setor.

Ao começar a entender o panorama do rápido envelhecimento da população no Brasil e no mundo, bem como os impactos diretos que tal contexto traz a toda a sociedade, Litvak decidiu não baixar os braços.

Em 2015 nascia a MaturiJobs como um negócio social, com o objetivo de ajudar as pessoas menos jovens a terem a oportunidade de continuarem ativas e a partilharem a sua experiência durante o tempo que desejarem.

“Ao gerar oportunidades para as pessoas mais maduras poderem continuar a trabalhar, aprender, ensinar, motivar e inspirar, promovemos a saúde e o bem-estar social. Estamos certos de que incentivando também o diálogo intergeracional, criamos uma cultura que valorize a sabedoria de quem já tem uma longa história de vida, o que é fundamental para quebrarmos o paradigma existente no atualmente mercado de trabalho onde os mais velhos são vistos simplesmente como obsoletos”, explica a start-up no seu site.

Neste momento a visão de Litvak é partilhada por 500 empresas que estão a recrutar na MaturiJobs, com 46 mil profissionais envolvidos, 12 mil candidaturas submetidas e cerca de 99 mil acessos mensais à plataforma.

A maioria dos processos de recrutamento já submetidos inserem-se no setor das vendas, atendimento ao cliente e funções administrativas.

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