Líderes preocupam-se com alterações climáticas, mas investem pouco

Os líderes empresariais assumem-se preocupados com as alterações climáticas, mas ainda não adotam as medidas necessárias para ultrapassar este problema. Esta é uma das conclusões do CxO Sustainability 2022, da Deloitte.
A necessidade de sustentabilidade ambiental nem sempre é compatível com o custo e o impacto financeiro que a adoção de uma estratégia neste domínio tem nas empresas. Talvez por isso, e apesar da preocupação com o tema, os líderes empresariais ainda não estejam a implementar as medidas necessárias nesta matéria.
O estudo CxO Sustainability 2022, realizado pela Deloitte com base numa pesquisa junto de 2.083 executivos C-Level, em 21 países, revela que são poucos os líderes que apontam os fatores financeiros como possíveis benefícios da adoção de ações de sustentabilidade.
Esta análise sobre sustentabilidade climática a nível global conclui que no topo da lista dos maiores benefícios para as empresas estão o reconhecimento e reputação da marca (49%), a satisfação dos clientes (46%), o próprio combate às alterações climáticas (43%) e a moral e bem-estar dos colaboradores (42%).
A par disso, o CxO Sustainability 2022 identifica dois aspetos que demonstram haver uma maior predisposição das empresas para agir no combate às alterações climáticas. Por um lado, 89% reconhece estarmos perante uma emergência climática, por outro 77% refere a pressão para agir feita pelos stakeholders (reguladores/governos, consumidores, sociedade civil, colaboradores…).
Além disso, 97% dos líderes C-Level inquiridos afirmaram que as suas empresas já foram negativamente afetadas pelas alterações climáticas. Por isso, a maioria manifesta a intenção de agir e garantir uma mudança, enquanto cerca de dois terços afirmaram estar preocupados, mas acreditando que, com ação imediata, os piores impactos das mudanças climáticas podem ser limitados.
Contudo, o estudo da Deloitte identifica um desfasamento entre o reconhecimento e a ambição manifestados e a ação efetiva desenvolvida pelas empresas, e avança cinco ações que, quando tomadas em conjunto, demonstram um empenho mais profundo das empresas. A saber: desenvolvimento de novos produtos ou serviços mais sustentáveis; exigir que fornecedores e parceiros adotem medidas de sustentabilidade; atualização ou realocação das instalações para torná-las mais resistentes aos impactos climáticos; incorporar considerações climáticas em ações de loby e doações políticas; e indexação da remuneração dos líderes ao desempenho de sustentabilidade da empresa. Apenas 19% implementou pelo menos quatro destas ações, sendo que 14% não implementou nenhuma delas.