Opinião

Liderar em tempos de incerteza e “revolução” digital

Vasco Reina, Senior Sales Director na Noesis

Embora estejamos ainda no início do ano, tudo indica que o cenário das Tecnologias da Informação (TI) será mais dinâmico e desafiador do que nunca. Vivemos tempos de profundas mudanças socioeconómicas, políticas, culturais, geográficas e legais, que, inevitavelmente, influenciam as empresas.

Um exemplo claro disso mesmo é a reeleição de Donald Trump, nos Estados Unidos da América (EUA). A evolução legislativa e as transformações no comércio internacional estão a gerar impactos nas empresas, levando, por exemplo, a uma reconfiguração marcante nas relações entre as grandes tecnológicas e o(s) governo(s).

Também o cenário de evolução tecnológica acelerado, com a Inteligência Artificial Generativa (Gen AI) na vanguarda, a reinvenção de modelos de negócio, de processos, de formas de trabalhar, de interação com clientes e stakeholders e as expectativas crescentes dos colaboradores, exigem uma constante e rápida resposta e adaptação. Perante esta realidade de exigência elevada, há inúmeras questões que se colocam: “Conseguirão as lideranças corresponder às exigências?”, “Como podem as empresas de TI liderar em tempos de mudança para enfrentar os desafios que se colocam?”, “Como garantir uma liderança capaz de acompanhar a evolução tecnológica e garantir que a organização é ágil e está preparada?”

Liderar não se limita apenas à gestão de processos ou ao cumprimento de objetivos. Liderar significa inspirar, definir o caminho estratégico e capacitar as equipas e a organização para a inovação e mudança constantes. É fundamental que os líderes mantenham o foco no futuro a longo prazo, antecipando tendências, imprimindo o ritmo e preparando as equipas para os desafios e oportunidades que surgirão. A chave está em liderar pelo exemplo, colocar as pessoas no centro e fomentar uma cultura de transformação contínua.

Neste contexto, a criatividade e a inovação são essenciais. Ser capaz de, não apenas acompanhar, mas sobretudo, integrar tecnologias emergentes, como a Inteligência Artificial Generativa ou a Automação, criar equipas ágeis, adotar ferramentas que permitam maximizar a eficiência, desenvolver soluções que se ajustem às necessidades dos clientes/consumidores, otimizando e melhorando a experiência, é crucial. Além disso, fomentar a experimentação, correr riscos, e aceitar o erro são fatores que fazem, também, parte do processo. Na tecnologia, a capacidade de testar e ajustar rapidamente, é a chave do sucesso. Acredito que equipas diversificadas, resilientes e adaptáveis, com diferentes perspetivas, são as que realmente conseguem gerar melhores resultados.

Por outro lado, conforme evidenciado no mais recente relatório “State of the Global Workplace” da Gallup, o bem-estar no trabalho está intimamente ligado à produtividade e ao engagement dos colaboradores com a organização. Necessitamos de equipas ágeis, focadas, capacitadas, sim, mas também comprometidas e envolvidas com a missão da organização.

A capacidade de comunicar com clareza, assertividade e foco cria nas empresas uma cultura de transparência, de confiança e exigência, onde todos se sentem envolvidos e alinhados com a missão empresarial. Nestes tempos de massificação da IA, de constante (re)evolução tecnológica e de alguns receios associados à sua adoção, garantir o alinhamento das equipas com os objetivos estratégicos corporativos e capacitá-las para estra transformação, é fundamental.

Em resumo, liderar nas TI em 2025 significa ir além das competências técnicas e manter o foco nas pessoas. Resiliência, adaptação e criatividade não são apenas atributos das “melhores” equipas, são também o reflexo de uma liderança que compreende e valoriza o papel central dos colaboradores no sucesso empresarial. Num mundo em constante transformação é esta a abordagem que vai, certamente, distinguir os líderes que prosperam daqueles que simplesmente sobrevivem em 2025.

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