Opinião
Lições de uma desorganização sem liderança

Já entramos finalmente em agosto, mês de férias. Os balanços do primeiro semestre já devem estar feitos e calculado o grau de cumprimento dos programas de atividades para este ano. Tirando agosto, já falta pouco para o final do ano.
Sendo mês de férias, naturalmente procuramos ler coisas mais suaves relativamente aos documentos que temos de ler no dia-a-dia e que nos ajudam nas tomadas de decisão. Assim procurei escrever sobre um assunto mais leve, sem contudo deixar de ser interessante, pois assuntos interessantes não vão de férias, negócios não vão de férias, problemas por resolver não vão de férias.
Numa das minhas deslocações a Lisboa e aproveitando as minhas férias, tive a oportunidade de passar um bocado de tempo na zona marítima da Praça do Comércio (como se pode ver tem muita história) e acabei observando as pessoas que por lá passavam e o que faziam, uma espécie de (des)organização sem liderança.
Naturalmente as pessoas se deslocavam para lá, tal como eu, apenas para descansar ou contemplar o Tejo, ou simplesmente passear. Não havia um objetivo em comum em que todos tínhamos que trabalhar para o conseguir. Ninguém observava nenhuma regra especial a não ser as regras mínimas de convivência social. Ninguém era avaliado pelo que fazia. Ninguém observava regras de entrada e saída ou tempo mínimo de permanência no local. Não havia ninguém a liderar coisa alguma. Não havia uma estratégia comum.
Mas havia pessoas, tal como em qualquer organização. Pelo comportamento e atitude pude observar as seguintes categorias de pessoas, que poderemos também, analogamente, encontrar nas organizações:
– “selfistas” – pessoas que exclusivamente faziam selfies, de diversos ângulos e posições, só não sei que filtro usariam depois para colorir as fotografias. Julgo, como retrato da sociedade, que também poderemos encontrar nas organizações pessoas que só se preocupam consigo próprias e nem se dão conta de que o “selfie” deles estraga o trabalho do colega ou mesmo da organização,
– músico – havia também um músico que animava todos com a sua música, tocando independentemente de saber se as pessoas escutavam ou não. De vez em quando aparecia alguém para deixar uma moeda. Também nas organizações temos aqueles que trabalham duramente e abnegadamente para o bem de todos e só de vez em quando recebem um louvor (uma moedinha, neste caso).
– dançarinos – a música tocada acabou por contagiar e surgiu um par que resolveu dançar. Também nas organizações temos aqueles que se contagiam positivamente com a organização e sua liderança e ajudam a atingir os objetivos. Mas também pode existir um tipo de dançarino que é aquele colaborador ou colaboradora que está na organização 365 dias (não esqueçamos as férias) e ninguém dá por ele ou ela, e de repente , aproveitando uma oportunidade, resolve dar um ar da sua graça com alguma solução tipo “banha de cobra” e volta a desaparecer
– famílias – era o que mais se esperava num passeio daquele tipo e naquele lugar. Nas organizações existem os grupos que atuam como famílias, quer pela positiva, ajudando-se uns aos outros e a organização, mas infelizmente existe o contrário.
– o que apanha banhos de sol – ao meu lado estava uma senhora que ostensivamente apanhava banhos de sol, certamente para depois exibir o bronze. Para mim nas organizações também surgem os que querem apenas enriquecer o currículo para depois ser exibido. Não podemos contar com eles para o longo prazo, pois já estarão em algum outro projeto ou organização.
Imaginemos agora que papel o líder deve ter se encontrar na sua organização todos esses tipos de colaboradores, congregando todos para o cumprimento do objetivo da organização, respeitando todas as normas e regulamentos. Como lidar com cada um desses nas organizações?
Respostas na volta do correio, se faz favor.