As novas profissões do digital que vieram para ficar
Se é certo que a transformação digital destrói postos de trabalhos, também é verdade que cria outros tantos. No entanto, há empregos que vieram para ficar.
Até 2022, haverá 191 mil postos de trabalho para preencher, segundo o Ministério do Trabalho francês. No entanto, o receio das consequências e implicações sociais da transformação digital da economia faz esquecer as novas profissões que irão substituir as do século passado.
Grandes empresas e start-ups esforçam-se por recrutar talentos nos domínios do código informático, da análise de dados, do design utilitário ou também da gestão de produto. Até os serviços secretos já deram a conhecer que desejam recrutar ciberespiões.
Contudo, para os mais pessimistas, a revolução digital torna tudo mais rápido, incluindo o ritmo de evolução de algumas funções que cria, como as que são mencionadas abaixo e que foram citadas pelo Les Echos. Os especialistas continuam a acreditar que o software – que ameaça o emprego tradicional – não trabalha sozinho, pelo menos por agora.
Chief digital officers
Na dependência dos diretores gerais, estes senhores ou senhoras do digital têm como missão pôr em andamento a transformação digital das organizações. Estes diretores do digital também renovam tanto a relação com o cliente e os processos internos como a estratégia. Em contacto com a gestão intermédia, compete-lhes convencê-los da importância das mudanças a implementar. Ora, paradoxalmente, o futuro desta função está a ser debatida. Numa mesa redonda, em setembro último, Brigitte Cantaloube, chief digital officer da PSA, considerava a sua função transitória: “Não terá mais razão de ser, depois das unidades de negócio se terem transformado”. Mas para Antoine Morgaut, CEO Europe do gabinete de recrutamento Robert Walters, “o Chief digital officer terá outras missões: manter o nível da empresa no digital exigirá tanto esforço como a transição inicial”.
Developers
Mãozinhas do digital ou génios das linguagens do computador, os programadores escrevem o código que rege o funcionamento do software. Aqueles que dominam tecnologias raras ou sabem construir uma aplicação de ponta a ponta são “caçados” quase diariamente. As escolas de informática não duvidam do futuro dos seus alunos. Mas os avanços da inteligência artificial tornam céticos outros observadores. “O trabalho com o IBM Watson [uma marca de inteligência artificial, NDLR] mostra, contudo, que serão sempre necessários programadores para adaptar o serviço à especificidade de utilização da tecnologia nas empresas”, contrapõe Martin Sauer, diretor do digital da Manutan.
Community managers
Especialistas de redes sociais online, os community managers ou social media managers, estimulam as trocas de ideias online de uma marca, de um órgão de media ou de uma empresa com os seus clientes. A sua missão acompanha a evolução das plataformas, tal como o Facebook, Twitter ou Instagram. A aparição dos chatbots, dos programas de conversação automatizada, não auguram nada de bom para estes profissionais. Só os mais criativos e geradores de buzz conseguirão virar o jogo a seu favor, pois os robots ainda não têm sentido de humor.
Responsáveis de SEO
Ser o primeiro resultado de uma consulta no Google vale ouro. Os responsáveis de SEO (Search Engine Optimization) aconselham os seus clientes para que os seus sites ultrapassem os concorrentes. No negócio, o conhecimento atualizado da fórmula do motor de busca é cada vez mais importante. “Os algoritmos são cada vez mais complexos”, informa Olivier Duffez, fundador da WebRankInfo. Por isso, é preciso saber adaptar-se constantemente.
Traffic managers
A internet tem estradas desertas e cruzamentos engarrafados. O gestor de tráfego procura colocar a publicidade de uma marca onde os seus clientes a vejam. Este sabe colocar no melhor lugar e em posição privilegiada os links patrocinados do Google e das redes sociais, a publicidade num vídeo ou ainda a apresentação de um banner de publicidade. O seu trabalho apoia-se, evidentemente, nos dados de navegação que os programas sabem ler cada vez melhor. “A utopia de um trafic management automático não é possível, será sempre preciso uma arbitragem humana para não ser enganado pelos falsos positivos”, diz Aurélien Berrut, fundador da Htitipi e especialista de aquisição de tráfego.
Data scientists
Apelidado do “emprego mais sexy do século XXI” pela Harvard Business Review, o analista de dados coloca-se ao serviço das empresas para procurar as correlações de informação relevantes. Sendo os dados agrupados densos e de difícil interpretação, as deduções do data analyst afetam tanto o operacional como o apoio ou a estratégia. “É preciso um tratamento inteligente dos dados porque, retirados do seu contexto, deixam de fazer sentido”, esclarece Antoine Morgaut, frisando que “um humano deve rever o trabalho dos algoritmos”.
Data protection officers
Consagrado no regulamento europeu sobre a proteção de dados pessoais, o responsável da proteção de dados assegura-se de que a empresa respeita os direitos dos cidadãos. As empresas ainda não dotadas de um consultor de informática apoiam-se neste último para recrutar o seu DPO e integrá-lo na sua equipa de juristas ou de informáticos.
Analistas de cibersegurança
Resultantes da transformação digital, as empresas devem estar atentas a muitos perigos online: extorsão remota (ransomware), paralisação dos seus servidores (ataques DDOS), espionagem cibernética, etc. Todos os dias, os seus sistemas de proteção identificam milhares de incidentes nos seus sites e no seu sistema informático. “Na segurança cibernética, o lugar dos homens é predominante, porque a automatização será sempre posterior às ameaças”, explica Arnaud Cassagne do gabinete de recrutamento Reboot. Os atacantes pensam continuamente nas falhas que os programas de defesa não previram.
Pilotos à distância na fábrica 4.0
A digitalização das fábricas obriga a postos de pilotagem à distância criados pelos especialistas do processo industrial, em alerta sobre a produção assistida por computador. A partir de uma sala de controle, observam uma parte do trabalho dos operadores repartidos pelos diferentes locais. Executam ações preconizadas pelos algoritmos, confrontando as suas conclusões com o seu conhecimento do terreno.
Product managers
Não confundir com o gerente de produto dos serviços de marketing, o product manager faz a síntese entre a estratégia da empresa, o trabalho dos developers e dos designers. Ao longo das semanas, enquadra o desenvolvimento de uma aplicação. “Esta atividade é intemporal”, afirma Alexandre Irrmann-Tézé, cofundador da start-up Thiga, especializada na formação destes profissionais multitarefas.
UX designer
Rentável desde há pouco tempo, a Airbnb deve muito aos seus UX designers. Estes especialistas da experiência do utilizador e da ergonomia das interfaces digitais são os garantes da praticidade das tecnologias para todos. Atentos ao feedback dos clientes, são a face humana dos algoritmos. Até à data, a criatividade e o relacionamento estão protegidos de qualquer automatização.