Opinião
“Lean In” e “Lean Out”

“Lean In” e “Lean Out” são duas abordagens diferentes para a igualdade de género no local de trabalho.
“Lean In” é uma abordagem que defende que as mulheres devem esforçar-se para assumir mais responsabilidades no trabalho e se envolver mais ativamente na busca de oportunidades e promoções. O termo “Lean In” foi popularizado por Sheryl Sandberg no seu livro com o mesmo nome, onde ela argumenta que as mulheres devem posicionar-se de forma mais assertiva e confiante para alcançar o sucesso profissional.
“Lean in” e “Lean out” poderiam até ter sido vistos como antagónicos, de acordo com a interpretação de alguns autores e sites. O ponto é pensarmos: muitas mulheres poderiam estar em momentos de vida diferentes e, por isso, o “Lean in” e o “Lean out” dependem muito desses momentos.
A vida não é linear e vários eventos podem colaborar (ou dificultar) algumas tomadas de decisões. Inclusive pensando-se em diversidade e diferentes culturas organizacionais e países. O ponto é que, apesar do “Lean in” e “Lean out” serem colocados metodologicamente, num momento que fazia sentido para muitas mulheres, seria interessante pensarmos também como colocar esses pontos de vista no âmbito dos homens. Será que apenas as mulheres precisam pensar e agir sobre tudo isso? Ou será que podemos também transformar o modo de ver e de agir dos homens e meninos?
A própria Sheryl, depois do sucesso do seu livro, percebeu muitos pontos que ela mesma atualmente discorda (ou ressignificou). Na sua história de vida, Sheryl passou por uma tragédia. Após a explosão de sucesso do seu livro, Sheryl perdeu o marido de repente, em uma viagem de férias. Foi um trauma. Viu-se mãe sozinha. Precisou de lidar com o luto e com a educação dos filhos. Por isso, passou por um processo longo de reflexão e escreveu “Plan B”, quando percebeu que o seu marido não poderia mais estar ao seu lado dando opiniões sobre as decisões que precisaria ou gostaria de tomar.
Hoje Sheryl está casada de novo e feliz. Mas entende o seu lugar de privilégio e o quanto ainda precisa ser feito para estarmos realmente na mesa. E sairmos da mesa quando quisermos ou precisarmos. Não existe certo ou errado. Existem ferramentas que podemos utilizar para fornecerem ainda mais reflexões e tomadas de decisões assertivas.
Por outro lado, “Lean Out” é uma abordagem que defende que as mulheres não precisam conformar-se com os padrões tradicionais de sucesso no trabalho e podem optar por ter um estilo de vida mais equilibrado, priorizando sua vida pessoal e familiar. A ideia é que as mulheres devem ter a liberdade de escolher o que é melhor para elas, em vez de se sentirem obrigadas a seguir um caminho específico para atingir o sucesso profissional. Ambas as abordagens têm os seus prós e contras, e a escolha entre “Lean In” e “Lean Out” depende das circunstâncias e valores pessoais de cada mulher.
Enquanto algumas mulheres podem preferir lutar pela igualdade de género assumindo posições de liderança no trabalho, outras podem optar por equilibrar a vida profissional e pessoal de forma mais igualitária. O importante é que as mulheres tenham a liberdade de escolher o que é melhor para elas e que não sejam limitadas por estereótipos de género ou preconceitos no local de trabalho. Concordo com a abordagem “Lean In” e considero que é a mais adequada para termos uma liderança andrógena.