Investimento de particulares em start-ups europeias aumenta

Nos últimos cinco anos tem-se registado uma tendência crescente de empresas familiares e unipessoais a investir em start-ups europeias. O capital privado é uma das maiores fontes de financiamento dos fundos de capital de risco.
Um recente estudo do Dealroom para a Talis Capital (citado pela Sifted) assinala o interesse crescente dos investidores privados norte-americanos nas start-ups europeias. Dos mais de 34 mil milhões de dólares (30,6 mil milhões de euros) investidos em start-ups europeias por fundos norte-americanos, mais de 5 mil milhões de dólares (4,5 mil milhões de euros) foram provenientes de fortunas privadas, isto é de empresas familiares ou individuais que participam ativamente em rondas de investimento.
Esta tendência reflete o aumento do interesse em start-ups europeias nos últimos anos, onde se têm registado cada vez mais investimentos por parte deste grupo. De acordo com o estudo trata-se do reflexo de uma alteração de comportamento, pois as baixas taxas de juros que se registam em todo o mundo levam muitos investidores a procurarem soluções com maior rentabilidade, ainda que com maior grau de risco. Além disso, estão cada vez mais a procurar negócios em fase inicial baseados em tecnologia e em dados.
O aumento da riqueza privada entregue a fundos de capital de risco, atingindo, em 2018, o valor de 3 mil milhões de dólares (2,7 mil milhões de euros), é outro fator assinalado pelo estudo. Uma situação que torna as fortunas privadas na categoria mais importante de financiamento nos fundos de capital de risco, superando os aforros do governo e os investidores corporativos.
O maior benefício para os privados em investir em fundos de capital de risco é a diversidade uma vez que podem investir em setores emergentes, empresas em fase inicial, ou mesmo em setores e regiões onde nunca teriam equacionado investir.
A análise da Dealroom revela também que o desejo dos financiadores privados em investir em tecnologia em fase inicial e com maior grau de risco mudou significativamente na última década, impulsionado pelo facto de haver uma melhor compreensão do setor, além de um número crescente de oportunidades emergentes.
Uma pesquisa realizada junto de indivíduos com património líquido muito elevado (ou seja, indivíduos com mais de 25 milhões de dólares [22,5 milhões de euros] em ativos investíveis), constatou que 92% agora investe em capital de risco, muito acima dos 50% registados há uma década. Esta tendência deve-se, em parte, aos elevados retornos que que se registam, o que leva os indivíduos com elevado património líquido a abandonar ativos tradicionais, como o setor imobiliário, por exemplo, a favor de start-ups.
Esta predisposição também está a ser impulsionada pela onda de empreendedores ricos emergentes da European Tech que optam por investir novamente no ecossistema de start-ups. Este enriquecimento, foi por sua vez foi alimentado pelo aumento da riqueza empresarial resultante do número crescente de saídas bem-sucedidas de start-ups europeias. Algumas das maiores ofertas públicas iniciais na Europa no ano passado incluem o Spotify, avaliado em 26,5 mil milhões de dólares (23,8 mil milhões de euros), e o Adyen avaliado em 7,1 mil milhões de euros.