Maioria dos europeus recusaria oferta de emprego se tivesse má impressão durante a entrevista

Estudo da BCG mostra que as prioridades estão a mudar para os trabalhadores. 42% dos profissionais europeus recusariam uma oferta de emprego se a empresa não oferecesse opções de trabalho remoto.

Mais de dois terços (68%) dos profissionais europeus recusariam uma oferta de emprego atrativa caso tivessem uma impressão negativa durante a entrevista. Por exemplo, se lhes fizessem perguntas discriminatórias ou se tivessem uma má interação com o entrevistador -, ficando acima da média global de 54%, segundo o estudo ”Decoding Global Talent 2024: How Work Preferences Are Shifting in the Age of GenAI”, realizado pela Boston Consulting Group (BCG) em parceria com o The Network e com o The Stepstone Group. Na mesma linha, 42% destes profissionais recusariam uma oportunidade de trabalho apelativa se a organização não oferecesse opções de trabalho remoto.

A nível global, além destes, o impacto negativo na sociedade é considerado por cerca de 40% dos profissionais como um fator para recusar uma oferta de trabalho, bem como a falta de apoio à saúde mental e ao bem-estar, particularmente entre os inquiridos dos países da Ásia-Pacífico e da África Subsariana.

“O mercado laboral tem sido marcado por questões como a escassez de talento, tensões geopolíticas, instabilidade económica, disrupções tecnológicas e diversidade e inclusão. Estes fatores têm vindo a alterar as prioridades e necessidades dos profissionais, que se adaptam a novas realidades e desafios, e que são cada vez mais seletivos quanto aos requisitos para trabalhar nas organizações”, afirma Manuel Luiz, Managing Director e Partner da BCG em Lisboa.

Talent and Skills / Report How Work Preferences Are Shifting in the Age of GenAI

Fonte: Boston Consulting Group (BCG)

As novas prioridades dos colaboradores 

O estudo, baseado num inquérito a mais de 150 mil profissionais em 188 países, incluindo Portugal, revela que os europeus priorizam o equilíbrio entre a vida profissional e a vida pessoal, uma boa relação com os colegas de trabalho e com os superiores, e uma boa remuneração, enquanto a principal prioridade a nível global é a segurança do emprego. Além destes fatores, os profissionais na Europa valorizam mais do que os restantes o tempo de férias e folgas pagas e o interesse dos conteúdos com que trabalham.

Os profissionais na América do Norte e na Ásia, por sua vez, valorizam mais a compensação financeira e benefícios como uma boa reforma, seguros e comodidades no local de trabalho, e os profissionais em África e no Médio Oriente dão maior importância à reputação e estabilidade da organização empregadora, bem como a oportunidades de crescimento e de assumir maiores responsabilidades na empresa.

O aparecimento da Inteligência Artificial Generativa (IA Generativa) é também um fator que veio alterar as preferências dos colaboradores. Neste contexto, 49% dos profissionais a nível global acreditam que as suas tarefas serão alteradas e que precisarão de novas competências e 21% consideram que o seu trabalho vai mudar por completo e que terão de se requalificar, sendo que 57% afirmam que estão dispostos a requalificar-se para se manterem competitivos no mercado laboral.

A Boston Consulting Group recomenda às empresas que queiram reter o seu talento uma aposta na formação e capacitação desses trabalhadores. “Atualmente, os profissionais têm estado mais predispostos à adaptação e requalificação para evoluírem e se conseguirem manter competitivos no mercado. É essencial que as organizações desenvolvam estratégias eficazes para atrair e reter talento, bem como para o qualificar. A perspetiva de crescimento dentro da empresa tem um papel preponderante para este fim”, sugere Manuel Luiz.

Comentários

Artigos Relacionados