Angola e Brasil entre os países com maior igualdade de género no empreendedorismo

Os países com tradições islâmicas apresentam resultados opostos. Leia as conclusões do Global Entrepreneurship Monitor sobre a igualdade de género no empreendedorismo mundial.
O desequilíbrio de género entre os empreendedores continua a ser acentuado e os intervalos de idades mais predominantes para começar um negócio são entre os 25 e os 44 anos. As conclusões são da edição deste ano do Global Entrepreneurship Monitor (GEM) – um dos principais estudos globais sobre empreendedorismo.
A disparidade de género no empreendedorismo
Das 48 economias analisadas pelo estudo – entre as quais não se encontra Portugal -, apenas quatro apresentam um equilíbrio de género entre os empreendedores, sendo estas Angola, Qatar, Indonésia e Tailândia. Apesar de não apresentarem níveis tão idênticos quanto os anteriores, países como os Emirados Árabes Unidos, Brasil, Bulgária e Espanha não apresentam tanta discrepância entre o género dos empreendedores.
Por outro lado, no Panamá e Madagáscar são as empreendedoras que lideram. Já no Egipto, Marrocos, Irão, Turquia e Sudão existe uma grande disparidade. Na Europa as mulheres perfazem menos de metade do tecido empreendedor em países como a Eslovénia, Grécia, Suécia, Suíça, Reino Unido e Turquia.
Parte desta disparidade pode ser explicada por um estudo da 99designs, onde se expõe a ideia de que as mulheres têm bastante mais dificuldade em levantar rondas de investimento superiores a 87 mil euros ($100.000). Esta mesma observação sugere que a falta de financiamento de projetos liderados por empreendedoras poderá ser a causa para a falta de participação das mulheres neste tipo de atividade.

Diferença de género no tecido empreendedor de 48 economias. Fonte: GEM
O grupo “Médio Oriente e África” distingue-se pela informação díspar. Nestas regiões, ou existe paridade entre a atividade empreendedora de ambos os géneros ou uma grande distinção. Esta última está especialmente presente em países que seguem a vertente religiosa islâmica: Marrocos, Egipto, Irão, Arábia Saudita, Líbano e Sudão. Em oposição, em Angola e Madagáscar, onde o cristianismo predomina, existe uma maior igualdade.
Jim Yong Kim, presidente do Grupo Banco Mundial, sugeriu durante uma conferência que a desigualdade entre géneros não só cria uma barreira a novas ideias de negócio, como também dificulta o combate contra a pobreza, pelo que é fundamental fomentar a atividade empreendedora junto das mulheres.
As idades dos empreendedores
Na maior parte das economias analisadas, os intervalos de idades predominantes são entre os 25-34 ou os 35-44. Apesar de outros estudos indicarem que a idade ideal para arrancar com um projeto é aos 45 anos, é nestas faixas etárias que se encontram mais empreendedores.
Segundo os analistas do GEM, apesar de existir uma grande probabilidade de as pessoas inseridas nestes dois grupos terem educação universitária e alguma experiência de trabalho, é pouco provável que já tenham chegado a um ponto das suas carreiras em que são donos de um negócio. Contudo, é esta parte da população que tem mais chances de estar a par das últimas ideias e mostrar mais entusiasmo em perseguir novas oportunidades e, caso os seus projetos não resultem, têm muitos anos de trabalho para recorrer a outro tipo de rendimentos.
Ao mesmo tempo, as pessoas entre os 25-34 e os 35-44 não acumularam os recursos, credibilidade e ligações alcançadas pelos empreendedores numa idade mais avançada. Para além disto, a existência de filhos, hipotecas e empréstimos são outras barreiras a esta atividade – já que acarretam mais risco e horas de trabalho. Apesar dos desafios, estas são as idades de começo de um negócio com maior expressão no estudo.
Há, no entanto, perfis que fogem à regra. É o caso de países como a Grécia, a Suécia, a Eslováquia, o Canadá e o Brasil – onde há uma grande predisposição para começar negócios entre os 18 e os 24 anos e uma grande descida nas faixas etárias que se seguem.

Perfis de idade em 5 países atípicos. Fonte: GEM
Porém, há casos que se enquadram no extremo oposto. O gráfico que se segue foca os países com uma população empreendedora mais envelhecida e em que o despertar para esta atividade acontece em alturas mais tardias.

Perfis de idade em 5 países atípicos. Fonte: GEM
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