Histórias de quem transformou uma pequena empresa num negócio de milhões
Jeffrey Kolovson, cofundador da Faire, marketplace que liga marcas a retalhistas, e Hiroki Takeuchi, CEO da GoCardless que se dedica a opções de pagamento sem cartões e intermediários, estiveram esta semana no Web Summit e falaram de como transformaram os seus negócios em negócios de milhões.
A Faire foi fundada em San Francisco, em 2017, por Max Rhodes, Marcelo Cortes, Jeffrey Kolovson e Daniele Perito. Hoje trabalha com mais de 30 mil marcas e 250 mil retalhistas.
“Trabalhamos com pequenos negócios e a nossa mais valia é garantirmos que vão ver os seus produtos escoados”, afirmou Jeffrey Kolovson, o COO da Faire, no útlimo dia do Web Summit. “Os nossos parceiros não têm que nos pagar durante 60 dias e podem pagar depois de verem os seus produtos vendidos”, acrescentou.
Para o responsável, o momento de viragem da empresa deu-se durante a pandemia. “Muitas das nossas marcas estavam a passar dificuldades, mas com o encerramento do comércio de rua, os consumidores adaptaram-se bem a comprar online”. Foi precisamente nesta altura que a Faire estendeu os contratos de crédito, oferecendo prazos mais alargados aos parceiros.
O crescimento do ecommerce permitiu à empresa expandir-se para a Europa. Depois de ligar marcas de consumo a empreendedores independentes nos Estados Unidos e Canadá nos últimos quatro e dois anos, respetivamente, a empresa expandiu-se para a Europa. Primeiro com um teste no Reino Unido – onde alcançou os 200 milhões de dólares (173 milhões de euros) em vendas, valor que demorou três anos a atingir nos EUA – e na Holanda no início do ano, depois em França e na Alemanha.
Atualmente, a empresa norte-americana que emprega 600 pessoas, está presente em 15 países europeus – Reino Unido, Holanda, França, Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Finlândia, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Noruega, Espanha, Suécia e Suíça.
“O maior desafio de internacionalizar a Faire é que os produtos sejam iguais, bons e cheguem em boas condições”, revelou Kolovson.
Em junho, a Faire realizou uma nova ronda de financiamento no valor de 260 milhões de dólares (216 milhões de euros), aumentando a sua avaliação para perto de 7 mil milhões de dólares (6 mil milhões de euros).
Também Hiroki Takeuchi tem uma história para contar. A GoCardless existe há oito anos, mas só há dois anos assistiu a um enorme crescimento. ´
Hiroki Takeuchi fundou a GoCardless, que se dedica a opções de pagamento sem cartões e sem intermediários em 2011. Neste momento, este unicórnio gera 30 mil milhões de dólares (26 mil milhões de euros). Mais de 40 mil empresas em todo o mundo, desde multinacionais a pequenas e médias empresas, realizam transações todos os meses através da GoCardless.
De acordo com o CEO, a ideia surgiu de uma “frustração generalizada. Os sistemas de pagamento dos bancos sempre foram muito ineficientes, há muitas regulamentações e era preciso ligar todos os bancos numa única plataforma”, começou por contar no palco do Web Summit.
Mas o grande segredo, revela, é avaliar a eficiência dos investimentos. “É muito difícil angariar fundos e vais precisar sempre de mais do que aquilo que achas que precisas. Portanto, tens de saber onde alocar esses fundos”, aconselhou Hiroki Takeuchi.
O CEO acredita que os pagamentos por débito direto podem representar uma grande oportunidade no mercado B2B. “É mais barato e oferece muito mais visibilidade do que cheques”, frisou.
Para Takeuchi, com a pandemia de Covid-19 houve uma aceleração para implementar o open banking. Porém, “é necessário encontrar um equilíbrio, neste momento os bancos investem muito nesta tecnologia, mas ainda não há compensações”, acautelou o CEO da GoCardless.
Se na vida profissional Takeuchi sabe bem o que é resiliência, também conhece o seu significado na vida pessoal. O jovem sofreu um grave acidente de viação que o deixou paralisado da cintura para baixo, mas não baixou os braços e quer continuar a ver a GoCardless crescer.