Há mulheres que trabalham até 14 horas por dia sem serem remuneradas, diz Oxfam
Os 22 homens mais ricos do mundo detêm mais riqueza do que todas as mulheres que vivem em África, alerta novo relatório da Oxfam.
Um novo relatório da Oxfam, organização que reúne 19 entidades filantrópicas na luta contra a pobreza, revelou uma série de estatísticas sobre como a desigualdade cresce no mundo e afeta, em especial, as mulheres.
Demoninado “Tempo de Cuidar – O trabalho de cuidador mal remunerado e não pago e a crise global da desigualdade”, o estudo foi lançado nas vésperas do Fórum Económico Mundial, em Davos, na Suíça, que se realiza até sexta-feira.
Segundo o documento da organização não-governamental, dois mil bilionários têm mais riqueza do que 60% da população mundial. E os 22 mais ricos desta lista já detém mais riqueza que todas as mulheres da África, que totalizam cerca de 670 milhões de pessoas.
“As mulheres na pobreza e de grupos marginalizados são exploradas por um sistema que coloca riqueza e poder nas mãos de poucos indivíduos super-ricos, a maioria dos quais são homens,” diz o relatório. O estudo também revelou que 1% da população mundial mais rica tem mais que o dobro da riqueza de 6,9 mil milhões de pessoas.
O relatório da Oxfam mostra ainda que o trabalho feminino, em grande parte, não é recompensado. Em comunidades rurais de países de baixo rendimento, por exemplo, as mulheres trabalham até 14 horas por dia sem receberem. Nas mesmas regiões, os homens nessas condições trabalham cinco vezes menos horas.
Com isso, pessoas do sexo feminino, incluindo menores de idade, somam 12,5 mil milhões de horas não-remuneradas por dia em todo o mundo. A maior parte deste tempo é ocupada com serviços essenciais como limpeza, cozinha e cuidados com crianças e idosos.
O custo do trabalho não-remunerado representa, segundo o estudo, 10,8 biliões de dólares (9,6 biliões de euros) or ano à economia global – mais de três vezes o valor da indústria de tecnologia do mundo.
Em todo o mundo, 42% das mulheres não conseguem um emprego porque são responsáveis por todo o trabalho de cuidador, enquanto nos homens esse percentual é de apenas 6%.
Passos para resolver a desigualdade
A organização também listou passos para reduzir o fosso entre ricos e pobres. Entre as medidas propostas, está taxar 0,5% da riqueza do 1% mais rico nos próximos 10 anos. Segundo os cálculos da Oxfam, isso permitiria investir o suficiente para criar mais de 117 milhões de empregos nos setores da educação e saúde.
“Líderes autoritários como o presidente Trump nos Estados Unidos, e o presidente Bolsonaro no Brasil, são exemplos desta tendência,” disse a Oxfam. “Eles criam políticas de redução de impostos para bilionários, impedem medidas para lidar com as emergências climáticas e incitam racismo, sexismo e ódio à minorias”, acrescentou.