FoodTech: relatório da Bynd VC e da Católica apontam tendências

O relatório do Venture Capital Club da Universidade Católica e da Bynd VC aponta as principais linhas de atuação e análise dos mercados ibérico, europeu e global na área de FoodTech.
Um estudo desenvolvido pelo Venture Capital Club da Universidade Católica Portuguesa, com a mentoria da Bynd Venture Capital, sociedade gestora de capital de risco, refere algumas das tendências da indústria FoodTech, no que se refere às soluções tecnológicas aplicadas à indústria agroalimentar, entre as quais se encontram a mudança dos hábitos alimentares para regimes mais sustentáveis, a introdução de tecnologia na confeção e uma cadeia de abastecimento cada vez mais local.
No relatório destacam-se a sustentabilidade e a dificuldade em beneficiar da inovação tecnológica como alguns dos principais desafios da indústria agroalimentar e é neste ponto que surgem as oportunidades para a FoodTech, segundo o estudo. Refira-se, aliás, que nos últimos anos, este setor tem vindo a crescer de forma significativa e que as perspetivas apontam para que alcance os 250 mil milhões de dólares, até 2022, e os 340 mil milhões até 2027.
A Bynd Venture Capital e o Venture Capital Club da Universidade Católica Portuguesa apresentam algumas das tendências que irão marcar os próximos anos, reunidas em cinco macrotemas:
- Produção e distribuição
Muitos serviços e tecnologias já visam otimizar a primeira fase da cadeia de valor da indústria agroalimentar, tornando-a mais eficiente e sustentável. E neste contexto, constata-se que as aplicações direcionadas para a agricultura inteligente, que permitem a monitorização das condições climáticas, a automatização das estufas, a gestão das culturas, a monitorização e gestão do gado ou a agricultura de precisão, por exemplo, estão a reformatar a indústria.
Além da gestão agrícola, também as mudanças nos padrões de consumo estão a alterar o panorama. Nos próximos anos, o principal objetivo desta indústria será tornar a produção de larga escala neutra em carbono, recorrendo a soluções como a agricultura vertical, que reduz em 98% a área de solo necessário à produção, e, consequentemente, as emissões de carbono e a produção de resíduos.
- A alimentação do futuro
A procura crescente de novos regimes alimentares também cria novas oportunidades e desafios ao setor alimentar. No âmbito da transformação, destaca-se o recurso a métodos de bioprocessamento para produzir nutrientes, bem como a melhoria química para apoiar os agricultores e a biodiversidade. As empresas do setor alimentar devem alavancar tecnologias como a automação e a robótica para melhor compreender estes ingredientes e o seu impacto na saúde humana.
Do lado da consumidor, prevê-se que o mercado das alternativas de proteína vegetal cresça 28% anualmente, ultrapassando os 70 mil milhões de euros em 2030. Além disso, estima-se uma maior procura por algas marinhas, microalgas, cogumelos e bebidas alternativas pela proliferação da ideologia “alimentos como medicamentos”.
- Utilização de tecnologia na confeção
A par de melhorias tecnológicas, surgem continuamente novos equipamentos de cozinha inteligentes e dispositivos que ajudam os restaurantes a gerir melhor os seus negócios. São exemplo disso assistentes de voz, chefes robô e sistemas de encomendas automáticas. Também as aplicações e serviços que ajudam os restaurantes a reduzir o impacto climático e a comunicá-lo podem aumentar a perceção de transparência no setor, especialmente se essa informação estiver disponível nos rótulos dos alimentos.
- Cadeia de abastecimento mais curta
A cadeia de abastecimento também tem sido alvo de alterações à medida que as necessidades do consumidor mudam. A crescente procura de entrega de refeições prontas tem potenciado a criação de start-ups que oferecem uma solução completa, da preparação à entrega, diretamente aos seus clientes. Apesar do decréscimo no financiamento, espera-se que o take-away continue a marcar a indústria da restauração e que a entrega de artigos de mercearia a pedido continue a captar a atenção.
- Segurança alimentar
Com os consumidores cada vez mais conscientes do seu consumo, a digitalização das cadeias de abastecimento e a possibilidade de rastreabilidade dos produtos ajudam-nos a conhecer a origem do que consumem. O futuro será a geração de dados desde a produção até ao prato. Espera-se que, além da segurança alimentar e dos métodos de produção, seja cada vez mais necessária a disponibilização de informação clara e transparente sobre a qualidade dos alimentos. Por fim, no futuro, as exigências ditarão o cumprimento de regulamentos mais rigorosos no que diz respeito, por exemplo, ao bem-estar animal, à sustentabilidade e ao contributo para a saúde.