Entrevista/ “O estilo de vida empreendedor combina com trabalho duro”

Este mês a Optishower assinala dois anos de atividade. A start-up, que desenvolveu um produto para monitorizar e poupar o consumo de água, deu mais um passo no caminho da internacionalização: está na final do TestBed, o programa de aceleração do Marriott Hotel.
Como surgiu a Optishower?
Começou de uma discussão amigável entre dois dos cofundadores. Eu e o Mohamamdhossein, um amigo muito chegado, éramos ambos viajantes ávidos. Estivemos em muitos países e habitualmente ficávamos em hotéis durante as viagens. A ideia nasceu quando reparamos no elevado desperdício de água nas casas de banho. A partir do momento em que alguém entra no hotel, normalmente não se preocupa com o consumo de água.
Descobrimos que, em primeiro lugar, não sabem elevado consumo que fazem e, em segundo lugar, não sabem como podem ajudar o meio ambiente e evitar o consumo desnecessário. Em terceiro lugar, e o mais importante, não têm nenhum incentivo para fazê-lo Procurámos e descobrimos que não havia nenhuma solução personalizada para o setor hoteleiro enfrentar esse desafio. Conversamos uns com os outros e concordamos em começar um negócio para fornecer uma solução para esses desafios no setor hoteleiro
Qual a estratégia da Optishower para fazer vingar o seu projeto?
Temos uma excelente equipa cheia de paixão e motivação. Isso ajuda-nos a planear e a executar um projeto vencedor. Falamos e discutimos com o nosso grupo antes de lançar o projeto para ter a certeza que toda a gente na equipa sabe o objetivo e a métrica do projeto. Também estamos comprometidos em construir confiança e relações saudáveis com os nossos parceiros, investidores e clientes.
O que significa para a empresa estar na fase final do programa de aceleração dos Marriott Hotels?
Tenho de dizer que este é um programa privilegiado e que estamos muito orgulhosos de ter chegado a este nível. Para nós isso significa que os nossos produtos têm um grande potencial e impacto no sector da hotelaria. Vamos fazer uma experiência piloto do nosso produto no Marriott Amsterdão, que é um hotel de luxo e um ícone em Amersterdão. A confiança da equipa do Marriott é inestimável para nós e dá-nos a oportunidade de testar o nosso produto no ambiente real e dinâmico de um hotel bem conhecido
Em que medida este tipo de programas são importantes para a empresa?
É muito importante para as pequenas empresas testarem os seus produtos num cenário real porque isso dá uma ideia do produto no mercado. Um programa de aceleração como o TestBed Marriott permite às start-ups e às empresas acelerarem a sua inovação e encontrarem o ajuste perfeito para o seu produto.
Sendo a Optishower uma start-up tão jovem, como tem conseguido “ vender” o vosso projeto aos investidores?
Eu diria que é muito desafiador e duro. Primeiro, deve saber quem é a pessoa a quem está a apresentar a sua ideia. Precisa de saber quais são métricas principais a que os investidores dão relevância e como deve apresentar-lhas. Leva tempo a aprender essas soft skills e a criar um concurso vencedor.
Quais os principais entraves com que se têm deparado ao longo destes 2 anos de atividade?
Diria que o financiamento durante a fase inicial é o principal obstáculo. Mais do que isso, formar uma equipa responsável e mantê-la sempre apaixonada e inovadora, é outro desafio nos dias de hoje.
É difícil ser uma start-up em Portugal? Porquê?
Era difícil há uns tempos mas agora a situação está muito melhor. A maioria dos problemas está relacionado com procedimentos longos e burocráticos e a ausência de instituições que apoiem as start-ups e lhes deem os conselhos certos para a construção do negócio.
Como está a correr o projeto no mercado nacional?
Temos fortes métricas do mercado português. Estamos em duas cadeias de hotéis em Lisboa e, no final deste ano, estamos a planear expandir a mais três hotéis na área de Lisboa e do Algarve. Temos muito interesse na Ásia Oriental e no Médio Oriente também. Com esta oportunidade da experiência piloto no Marriott de Amesterdão, estamos à procura de oportunidades na Europa Ocidental.
Até onde vão os vossos sonhos de empreendedores?
Acredito que estou no início da viagem. O estilo de vida empreendedor combina com trabalho duro. Sou uma pessoa que adora encontrar soluções inovadoras para problemas desafiadores. Sou parte de uma grande equipa e isso dá-me motivação para continuar a andar para a frente. O meu objetivo é construir um negócio sustentável que ajude a sociedade pelo seu impacto ambiental e que possa oferecer uma melhor solução de estilo de vida melhor para as pessoas.
Respostas rápidas:
O maior risco: Construir um produto para o qual não haja mercado.
O maior erro: Não ter começado a minha companhia mais cedo
A melhor ideia: Criar uma solução que muda o comportamento das pessoas com autoconsciência
A maior lição: Insistência e persistência
A maior conquista: Aprender como sobreviver e a gerir situações difíceis.