Esqueça o Wi-Fi, conheça a Internet transmitida por luz: o Li-Fi

Conheça a invenção de uma start-up tecnológica que permite a transmissão de dados através de luzes LED e que é 100 vezes mais rápida que a internet convencional.

A internet sem fios – vulgo Wi-Fi -, como a conhecemos hoje, utiliza ondas que permitem transmitir dados e alimentam todos os nossos aparelhos que estejam preparados para utilizar esta tecnologia. O Li-Fi, por outro lado, utiliza luz para transmitir dados e alimentar a internet.

Deepak Solanki, CEO e fundador da Velmenni Research & Development – uma start-up indiana da área de pesquisa e desenvolvimento -, deparou-se com a tecnologia em 2012. A Light Fidelity (Li-Fi) foi introduzida ao público pela primeira vez em 2011, numa TED Talk conduzida pelo professor da Universidade de Edinburgo Harald Haas. A ideia para esta tecnologia é utilizar um sistema de LEDS que seja capaz de transmitir dados de uma forma móvel, rápida e em rede. Isto é conseguido através da inserção de uma espécie de router entre o LED e o condutor da energia.

Um dos grandes pontos a favor do Li-Fi é que é 100 vezes mais rápido que a internet convencional. Em entrevista à publicação indiana The Economic Times, Solanki explicou que “quando me deparei com uma tecnologia chamada Li-Fi, achei-a excitante. Comecei a trabalhar nela em conjunto com um amigo e consegui muito bons resultados”.

Pelo verão de 2013, perto de um ano depois de ter conhecido o Li-Fi, o CEO já tinha um protótipo desta tecnologia a funcionar e, visto que era algo nunca antes visto no mercado, tinha total confiança que ia encontrar financiamento para o projeto. “Fui capaz de transmitir dados através de luz e inicialmente pensei que devia ir a uma empresa de iluminação, visto que a tecnologia envolvia lâmpadas LED. No entanto, ninguém estava interessado e decidi abordar investidores para conseguir recolher fundos e alavancar o meu produto de protótipo a um modelo funcional”, contou Solanki à publicação indiana.

As esperanças de encontrar um investidor não foram preenchidas. As pessoas com que o CEO contactou não conseguiram perceber a tecnologia e o seu protótipo era tido ou como uma experiência cientifica ou algo que o mercado não estava pronto para receber. Parte do problema poderá ter sido o boom do e-commerce na Índia, que colocou “vendas” nos olhos dos investidores e os direcionou para este mercado. Na mesma ótica, houve até quem recomendasse Solanki a começar algo no espaço online.

Não conseguindo encontrar financiamento para o projeto, o fundador começou a trabalhar em empresas de consultoria de produtos na área de eletrónica para conseguir rendimentos. O trabalho manteve-se até 2014, altura em que Solanki teve oportunidade de se juntar à Buildit, uma aceleradora de start-ups focadas em hardware sediada na Estónia.

“A ideia era conseguir entrar numa aceleradora, recolher algum dinheiro para alimentar a fase seed [do projeto], melhorar o produto e conseguir contactar alguns investidores. Conseguimos levantar algum capital por parte da Buildit e mudámo-nos para a Estónia”, relembra o empreendedor ao The Economic Times.

Em 2015, depois do programa de aceleração de três meses e de ter feito alguns pitchs a potenciais investidores, a equipa conseguiu um investimento por parte de um empreendedor estoniano da área de iluminação, que pretendia integrar o sistema Li-Fi nas suas luzes LED. Com isto, Solanki refere que conseguiram criar um sistema que provou que o produto funcionava num ambiente real, em vez de ser só funcional num ambiente de laboratório.

Pouco tempo depois, ainda em 2015, Solanki relocalizou-se de novo na Índia para conseguir desenvolver uma equipa de R&D capaz de satisfazer as necessidades a nível de talento que a Estónia não tinha disponível. Por volta desta mesma altura, o empreendedor decidiu participar numa das maiores conferências tecnológicas do norte da Europa, onde as grandes empresas tecnológicas procuram oportunidades de investimento.

A tecnologia inovadora levou o projeto ao pódio da competição de start-ups. Apesar de não terem ganho, conseguiram bastante cobertura mediática e, depois do pitch final, uma equipa da construtora de aviões Airbus mostrou interesse no projeto.

Depois desta demonstração de interesse, a Velmeeni foi rapidamente integrada na aceleradora da Airbus por um período de seis meses. O objetivo era conseguir utilizar a tecnologia nos aviões da gigante aeronáutica, que foi cumprido num voo teste num Airbus A-350 num dos demodays da empresa.

O grande ponto a favor da start-up de Solanki é que são dos poucos projetos que já estão a trabalhar com esta tecnologia, que fazem parte do portfólio de aplicações que vão ser utilizadas para potenciar a utilização da geração 5G da internet.

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