Empresas de recrutamento agilizam ligação entre empresas e talento

O estudo da Randstad conclui que a penetração das empresas de recrutamento no mercado de trabalho é acompanhada por taxas de pobreza 2,96 pontos mais baixas.

O novo estudo da Randstad indica que o papel mediador das empresas de recrutamento no mercado de trabalho pode agilizar a ligação das necessidades de talento das empresas aos profissionais adequados para satisfazê-las. Ou seja, os níveis de emprego podem aumentar, as desigualdades podem ser reduzidas e podem avançar os níveis de desenvolvimento de algumas economias, que, em termos comparativos possuem já padrões de desenvolvimento adiantados.

Esta é uma das conclusões do estudo “O papel das empresas de recrutamento na sociedade europeia” apresentado esta semana no mercado nacional.  Todavia este processo não funciona de igual forma nos vários países da União Europeia, refere a Randstad porque as taxas de penetração das empresas de recrutamento por países, calculadas dividindo o número de trabalhadores temporários equivalentes a tempo inteiro entre a população em idade ativa, mostram que alguns países ultrapassam os 2%, enquanto que os que se encontram no final da fila têm taxas inferiores a 1%.

No caso de Portugal, a análise reflete uma situação inferior, comparativamente com outros países, situando-se a taxa de penetração nos 1.1%. Isto faz com que, destaca o estudo, a rentabilidade da formação aumente, o que acaba por implicar maiores níveis de qualificação da população destes países. Foi verificado que um ponto percentual na penetração destas agências corresponderia a um incremento de 3,8 pontos a proporção de pessoas dos 45 aos 54 anos com competências digitais básicas, aumento que em Portugal se traduziria em 59,3 mil pessoas a mais com esses conhecimentos. Atualmente, 45% dos indivíduos desta faixa etária possuem competências digitais abaixo do nível básico.

A análise da Randstad foi realizada em países da região euro, com população superior a milhão de habitantes, e pretende estabelecer a relação entre as empresas de recrutamento e o seu contributo para o avanço dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS). Ou seja, procura corelações altas entre a taxa de penetração das empresas de recrutamento e uma seleção de indicadores relacionados com os ODS, nos referidos países.

Assim, os objetivos em que o estudo estabeleceu as correlações mais altas foram: erradicar a pobreza, educação de qualidade, igualdade de género, trabalho digno e crescimento económico, e reduzir as desigualdades. O estudo identificou 12 corelações nos mercados de trabalho europeus entre os referidos indicadores e a participação das empresas de recrutamento.

A análise explica, por exemplo, que, relativamente ao primeiro objetivo (erradicar a pobreza), a atividade das empresas de recrutamento facilita o acesso ao trabalho a centenas de milhares de pessoas, proporcionando-lhes rendimentos suficientes para as afastar dos níveis de pobreza relativa e da exclusão social, conseguindo assim melhorar os resultados do ODS1.

Segundo a correlação obtida nos países da região do euro, a presença de um ponto a mais de penetração das empresas de recrutamento no mercado de trabalho é acompanhada por taxas de pobreza 2,96 pontos mais baixas. Em Portugal, uma redução dessa magnitude poderia equivaler a tirar 306,2 mil pessoas de uma situação de risco de pobreza ou exclusão social.

Isabel Roseiro, diretora de marketing da Randstad Portugal, explica que “segundo dados da Eurostat, em Portugal, o número de pessoas empregadas que não atingem o rendimento mínimo disponível é superior a 518 mil pessoas, o que corresponde a 11% dos empregados. Considerando a correlação entre a penetração do setor de empresas de recrutamento e a taxa de risco de pobreza no trabalho, aplicando a correlação correspondente ao aumento da presença do setor em Portugal, poderia reduzir-se o número de afetados por esta situação em 149 mil pessoas”.

Ainda no que respeita à correlação entre o papel das empresas e os objetivos ODS, no item igualdade de género, a análise refere que este pode ser impulsionado pelas agências de emprego, com a capacidade para agilizar o acesso ao emprego por parte de mulheres, o que lhes permite iniciar as carreiras profissionais mais cedo e progredir profissionalmente, podendo limitar as diferenças entre género nos mercados de trabalho europeus. Uma das correlações mostra que em Portugal, o aumento de um ponto percentual na participação do setor, poderia elevar o peso das mulheres nos cargos de alta gestão, a médio prazo, até 4,5%.

Além disso, também é referido que estas empresas podem aproximar os jovens do mercado de trabalho, oferecendo condições e garantias de proteção social, o que poderá contribuir para a melhoria do trabalho digno e crescimento económico, correspondente ao ODS 8.

O estudo revela ainda que ao facilitar o acesso ao trabalho a centenas de milhares de pessoas na Europa, as empresas de recrutamento contribuem para um aumento no nível de rendimento, o que reduz as diferenças na distribuição dos rendimentos destes países, que corresponde ao ODS 10.

“Este estudo permite-nos perceber, com base em dados concretos, a importância das agências de recrutamento no progresso, comportando o foco nas pessoas e nas suas necessidades como prioridade”, conclui a diretora de marketing da Randstad Portugal.

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