Empreendedorismo faz parte do ADN dos emigrantes nos EUA

Alguns dos empreendedores mais bem-sucedidos no mercado americano são emigrantes. Isto porque as dificuldades que enfrentam no seu percurso fazem com que criem anticorpos que se revelam excelentes ativos para as suas organizações, segundo a Forbes.
Muitos emigrantes devem o sucesso às suas origens/caminho percorrido. A realidade é que alguns dos empreendedores mais bem-sucedidos nos EUA são emigrantes, como, por exemplo, Elon Musk (originário da África do Sul) ou Arianna Huffington (proveniente da Grécia). Aliás, uma grande percentagem dos maiores empreendedores em solo americano expõe orgulhosamente a emigração na sua história.
E a pesquisa confirma: um estudo recente da Harvard Business School, citado pela Forbes, mostra que os emigrantes são grandes empreendedores e os especialistas apontam a “mentalidade de emigrante” como um dos principais ativos que levam para as empresas. O mesmo estudo assinala um aumento de 31% nos empreendedores emigrantes entre 1996 e 2006, e por boas razões , dado que está provado que os negócios iniciados por emigrantes crescem a um ritmo mais rápido e sobrevivem por mais tempo face aos de residentes nativos dos EUA.
Embora os emigrantes enfrentem um conjunto particular de dificuldades, as vantagens parecem superar as desvantagens. De acordo com Sardor Umrdinov, councils member da Forbes nos EUA – também ele emigrado (saiu do Uzbequistão em 2003) e empreendedor de sucesso –, são três as ordens de razão para os emigrantes serem grandes empreendedores:
Sabem o que é ser paciente e resiliente
A paciência e a resiliência são algo de natural para os emigrantes. Para muitos, chegar aos EUA é simples: de avião ou de comboio, por exemplo. As dificuldades a sério começam quando tentam criar uma vida já em território americano. Começar a partir do zero e resistir até encontrar uma oportunidade para ter sucesso exige toda a restrição, flexibilidade e persistência que consigam juntar.
Ao tentarem escapar de países perigosos, atravessando fronteiras erigidas para serem intransponíveis, com dias e dias de viagem, as dificuldades começam muito antes de chegarem aos EUA, o que reforça a sua capacidade de lidar com situações perturbadoras de modo desenvencilhado e com resistência. Tanto a paciência como a resiliência foram testadas e fortalecidas de tal modo que se dão bem por entre as incertezas do empreendedorismo.
(Re) conhecem o valor do dinheiro
Ao crescerem em países economicamente menos desenvolvidos, os emigrantes não têm muito dinheiro. E aprendem de forma rápida que o dinheiro importa, que a capacidade de sobreviver e de suprir as necessidades da família depende do fluxo de caixa. Quando chegam aos EUA, o pouco dinheiro de que dispõem tem de durar até começarem a ganhar um salário digno. Sabem a diferença entre fazer compras por necessidade ou como forma de colmatar um desejo, e aí percebem o valor do dinheiro, porque é a diferença entre comer ou não, sobreviver ou não. Esta perceção é crucial para os empreendedores, que distinguem entre o que precisam de gastar do ponto de vista da viabilidade do negócio versus o que querem gastar. Trata-se de ver as aquisições em termos de necessidades e de desejo.
Pensam globalmente e conseguem explorar outras culturas e mercados
Os emigrantes sabem o que é estar num lugar em que a cultura, as pessoas e o idioma são quase irreconhecíveis. E até mesmo o relacionamento com emigrantes que chegaram muitos anos antes deles é difícil ao princípio. Mas, embora no início seja complicado, é o sentimento de alteridade e a mente aberta que os impulsiona e molda enquanto empreendedores.
Os emigrantes pensam globalmente, em termos pessoais e profissionais, e dão valor à diversificação das pessoas, o que se reflete nas práticas de contratação nas suas empresas. Isso torna mais fácil a compreensão de outras culturas, proporcionando mais oportunidades de mercado; e leva a ligações internacionais vitais para o sucesso, como ter call centers no Leste Europeu e nas Filipinas, por exemplo, ou contratar developers qualificados em Cuba.
Os emigrantes dão então bons empreendedores. Mas, quando chegam a uma nova nação, sobretudo se estão em fuga de grandes dificuldades ou de situações perigosas, pode ser difícil reconhecer o seu potencial. O importante a reter, diz Sardor Umrdinov, é que os emigrantes podem destacar-se enquanto empreendedores tanto como quem nasceu no país. E, nos EUA, é vital que se destaquem: sem os emigrantes nas funções de CEO, de gestores de topo ou como fundadores, as empresas perdem uma diversidade substancial em termos de culturas, de experiências e de vozes – a mesma diversidade que pode fazer escalar ou afundar o sucesso de uma organização.