Empreendedores internacionais que marcaram a diferença na última década
Alguns conseguiram apenas captar a atenção mundial, outros mudaram a forma como vivemos e trabalhamos e ajudaram a criar um “novo” mundo, mas quase todos serviram de inspiração para muitos potenciais empreendedores.
Escolher os empreendedores internacionais mais relevantes da última década é uma tarefa difícil, tantas são as possibilidades. E, dependendo dos critérios seguidos (fama, impacto, resultados financeiros, etc, etc…), a seleção pode ser radicalmente diferente. A Inc.com assumiu este desafio e com base em indicadores como audácia, inovação, disrupção e responsabilidade social, identificou alguns dos grandes protagonistas norte-americanos no panorama mundial. Referenciou ainda alguns empreendedores cujo trabalho influenciou outros fundadores. Segundo a Inc.com, estes são apenas alguns exemplos, sem nenhuma ordem específica.
Elon Musk
Em 2012, quando a SpaceX se tornou a primeira empresa privada a enviar um foguete para a Estação Espacial Internacional e a Tesla finalmente entregou o seu anunciado automóvel elétrico Model S, Elon Musk parecia ter suplantado Steve Jobs na imaginação do público. Com a sua irreverência e audácia, e os sonhos que tinha, personificava para muitos o que um empreendedor deveria ser. Afinal a Space X não iria apenas transportar pessoas para Marte – ele iria usá-la para colonizar o planeta.
Incentivado por uma aposta, Musk desenvolveu a maior bateria de lítio do mundo para alimentar a rede de energia do sul da Austrália. O Hyperloop – o plano de Musk para levar passageiros em cápsulas através de tubos de baixa pressão a viajar em velocidade de avião – era uma visão de transporte digna dos melhores escritores futuristas.
Nos últimos tempos, alguns erros e um comportamento algo errático mancharam a imagem do empreendedor. Mas se alguém duvida do seu impacto, refira-se que em 2015 os Simpsons dedicaram-lhe um episódio inteiro.
Emily Heyward, JB Osborne e Simon Endres
Fundaram a Red Antler, uma das agências mais conhecidas como construtoras de marcas, elaborando identidades dos clientes praticamente do zero: logotipos, embalagens, design industrial, publicidade, experiências digitais e naming.
Os ventures capitalits apontam na direção da Red Antler e muitas das marcas mais conceituadas do mundo nasceram nos seus escritórios de Brooklyn. Heyward, Osborne e Endres estiveram por trás do posicionamento da Casper como uma marca de estilo de vida, o que ajudou a impulsionar o sucesso precoce dessa start-up. A equipa também deu à Brandless o seu sistema de rotulagem.
Os fundadores, veteranos da publicidade, lançaram a agência em 2007, animados com a ideia de trabalhar com start-ups ainda no início, quase como membros das equipas. Esta abordagem ajudou a reformular as prioridades dos empreendedores. Primeiro identifique a sua marca. Então encarna-a.
Hamdi Ulukaya
Ulukaya é o rosto de uma estatística que domina o mercado norte-americano: 51% das start-ups dos EUA foram fundadas por imigrantes. Criada em 2005, a sua empresa grega de iogurte, a Chobani, já não é uma start-up.
Mas o seu fundador, que emigrou da Turquia em 1994, ainda se sente como um fundador de uma start-up com uma das grandes histórias de origem e crescimento de todos os tempos. Desde 2014 que tem feito um esforço para contratar e ajudar refugiados, e para convencer outras empresas a fazê-lo. (30% da força de trabalho da Chobani são imigrantes ou refugiados.)
Numa década que termina com uma perigosa revolta contra os imigrantes, a Inc destaca a atitude deste empreendedor. Ulukaya também representa outra das tendências recentes: a crescente procura de alimentos saudáveis, o imperativo de reconstruir a base de produção americana e a ânsia de liderança ética.
O seu “Livro de jogadas anti-CEO”, introduzido este ano numa TED Talk, exige, entre outras coisas, gratidão para com os colaboradores e responsabilidade para com os clientes. Ulukaya defende estas teorias e o seu projeto Chobani pratica-as.
Jennifer Hyman e Jennifer Fleiss
A internet mudou a forma como compramos e na última década Hyman e Fleiss influenciaram o que compramos. Com a moda inconstante e cara, a Rent the Runway, agora avaliada em mil milhões de dólares, permite que os seus nove milhões de subscritores aluguem não só os grandes outfits de noite – o seu modelo original – mas também as tradicionais roupas para o trabalho.
O negócio tem motivado grandes retalhistas como a Bloomingdale’s, a Macy’s, a Urban Outfitters e a Banana Republic a seguir o exemplo, e inspirou outras start-ups de aluguer como Feather e Fernish (mobiliário) e Joymode (jogos, camping…).
Aspirantes a empreendedores podem sentir-se encorajados já que Hyman e Fleiss, que se conheceram na Harvard Business School, iniciaram a empresa de tecnologia de moda sem experiência em moda ou tecnologia e conseguiram convencer designers e investidores a apoiá-las.
The Sharks
Ou seja, Barbara Corcoran, Mark Cuban, Lori Greiner, Robert Herjavec, Daymond John e Kevin O’Leary. O Shark Tank, que celebrou o seu 10.º aniversário, transformou o empreendedorismo num “desporto” de espetadores e educou milhões deles sobre conceitos como liquidez, margens e avaliações.
Os Sharks aconselharam novos e aspirantes a empreendedores sobre pitching, avaliando modelos de negócio. Também apresentaram à América start-ups convincentes de crescimento rápido. E como todos são fundadores bem-sucedidos por si só, vieram encarnar duas coisas: primeiro, o sonho do empreendedorismo. Em segundo lugar, a responsabilidade que vem com a realização desse sonho: ajudar os aspirantes a fundadores a seguirem-nos.
Anne Wojcicki
A fundadora e CEO da 23andMe, sabia que oferecendo testes genéticos pessoais poderia armar os consumidores com informações essenciais para proteger a sua saúde. Assim, em 2013, quando a FDA publicou os relatórios de risco para a saúde da sua empresa, Wojcicki, uma antiga analista de investimentos em cuidados de saúde, não recuou na aplicação menos controversa da 23andMe de ajudar as pessoas a entender as suas origens. Em vez disso, liderou a sua equipa durante dois anos de trabalho em consulta com os reguladores, e emergiu com o primeiro serviço de testes genéticos aprovado pela FDA para indivíduos nos EUA.
Até à data, a empresa é aprovada para reportar apenas sobre determinadas áreas, como diabetes tipo 2 e a doença celíaca, mas o número está a crescer. E o vasto conjunto de dados genéticos da 23andMe, conseguido através de amostras de saliva enviadas por mais de 10 milhões de clientes, está a ser aproveitado para a descoberta de tratamento para doenças como Parkinson.
Kevin Systrom e Mike Krieger
Os criadores do Instagram estavam, sem dúvida, mais em sintonia com os melhores BA das redes sociais do que com antecessores como o Facebook e o Twitter, ao mesmo tempo que resistiam a alguns dos demónios da indústria.
Talvez por isso, emergindo de uma década que começou com um boom nas redes sociais, o Instagram mantém grande parte da sua popularidade, incluindo com os adolescentes e jovens adultos que estão a diminuir noutras plataformas. Mil milhões de pessoas usam o Instagram todos os meses e exércitos de influenciadores devem a Systrom e Krieger a sua fama.
Eric Ries
Ninguém nesta década influenciou tanto as start-ups como Ries, um empreendedor em série e consultor venture capital na Kleiner Perkins. O seu livro de 2011, “The Lean Startup: How Today’s Entrepreneurs Use Continuous Innovation to Create Radically Successful Businesses”, estabeleceu uma abordagem centrada no cliente, na construção de modelos de negócios proporcionassem uma alternativa às práticas de algumas empresas financiadas por ventre capitalists. Hoje em dia, cafés e espaços de coworking têm um novo vocabulário: “produto mínimo viável”, “teste A/B”, “produto/ajuste de mercado”….
O Startup Lean baseia-se na fórmula de Steve Blank para o desenvolvimento de clientes e no popular modelo de negócio de Alexander Osterwalder, que clarifica os elementos e as atividades de uma start-up para melhorar a tomada de decisões.
Leah Busque
Nascidas nos anos de recessão, empresas como a Airbnb, a Uber e a Thumbtack geraram novos fluxos de rendimentos para os recém-desempregados ou subempregados.
A economia gig expandiu-se juntamente com a economia e é agora, por algumas estimativas, de 60 milhões de dólares nos EUA. Alguns chamam-lhe o futuro do trabalho. Enquanto Brian Chesky da Airbnb e Travis Kalanick da Uber atraem a parte de leão de crédito/condenação por este fenómeno, Busque esteve lá primeiro, ainda que apenas por uma questão de meses.
A sua empresa, TaskRabbit, é um marketplace online para serviços como mudanças de mobílias, passear cães, apanhar folhas e levar mercearias a casa. Na formulação de Busque, coisas que os vizinhos fazem para os vizinhos.
Anteriormente engenheiro de software na IBM, Busque concebeu a TaskRabbit e assumiu que o negócio (originalmente chamado RunMyErrand) iria atrair principalmente estudantes universitários. Hoje, mais de 140 mil pessoas, que vão desde mão de obra qualificada a doutorados, ganham, em média, 35 dólares por hora oferecendo serviços no site. (A Ikea adquiriu a empresa em 2017 e Busque juntou-se ao fundo de estágio inicial Fuel Capital.)
E o legado humano do TaskRabbit pode ser mais duradouro do que os seus pares. Os senhorios podem subverter a intenção da Airbnb e os carros autónomos podem um dia tornar os condutores da Uber e da Lyft obsoletos. Mas é preciso um ser humano para consertar determinadas coisas.