Entrevista/ “É cada vez mais necessário que as empresas tenham uma presença online coerente e eficaz”

“Existe espaço para os jovens criativos se desenvolverem e criarem projetos diferenciadores”, afirma Rui Guerra, cofundador e diretor criativo da Duall Studio, um jovem estúdio de criatividade digital que aposta no desenvolvimento de soluções digitais personalizadas.

O estúdio português de criatividade digital criado por Rui Guerra e Duarte Pires está a celebrar cinco anos com um portefólio diversificado e que já soma alguns prémios. Ao longo deste período, a Duall Studio desenvolveu projetos para marcas como Vans, Burberry, Lidl e Timberland, entre muitas outras, trabalhos que lhe permitiram aprimorar a sua expertise em áreas que vão do design, à estratégia, passando pelo desenvolvimento. Tudo para entregar diariamente soluções cada vez mais personalizadas e de futuro, e “fazer projetos diferentes e criar soluções inovadoras no digital e que acrescentem real valor às marcas”, explica o cofundador Rui Guerra em entrevista ao Link to Leaders.

Como surgiu a ideia de criar a Duall Studio?
A ideia surgiu quando eu e o Duarte Pires estávamos a trabalhar na área digital da antiga Partners, atual Dentsu Creative Portugal. Foi precisamente nesta altura que começámos também a fazer, em conjunto, alguns trabalhos em regime de freelancer, o que levou a que nos juntássemos e uníssemos esforços para trabalhar estes novos clientes, mas com cada um de nós a acrescentar a sua diferenciação. É neste sentido que surge a Duall.

Duall significa dualidade e representa o facto de eu e o Duarte sermos duas pessoas diferentes, mas com objetivos comuns: o de fazer projetos diferentes e criar soluções inovadoras no digital e que acrescentem real valor às marcas. Isto, num momento em que sentimos que o que se fazia em Portugal estava aquém do que as empresas precisavam e não havia uma resposta eficaz no mercado, sendo este também um desafio a que a Duall poderia responder.

Ao longo destes cinco anos de atividade, temos vindo a acompanhar a evolução digital que se tem vivido e a responder a algumas das principais necessidades das marcas, como o desenvolvimento de UX/UI design para aplicações e websites.

“O nosso principal objetivo e missão é capacitarmos as empresas e ajudá-las a serem mais digitais (…)”.

Qual o objetivo?
O nosso principal objetivo e missão é capacitarmos as empresas e ajudá-las a serem mais digitais, através de um design que é, não só apelativo, como também assume os seus objetivos empresariais e as necessidades dos seus utilizadores. Para isso, desafiamos a norma, fazemos as perguntas certas e recusamo-nos a aceitar o normal, para alcançar a excelência.

Ao abraçar a colaboração, a empatia e a busca incessante pela qualidade, criamos soluções emocionais que excedem as expetativas, impulsionam o crescimento e inspiram ligações significativas. Tudo isto para preenchermos as urgências das empresas a nível digital, através de uma oferta especializada e focada naquilo que é o nosso conhecimento em design. Temos ainda como principal pilar o foco no cliente e nas suas necessidades, através de uma consultoria e resposta constante e personalizada.

Quais os serviços que disponibilizam? E os mais requisitados?
A nossa oferta baseia-se no desenvolvimento de websites e aplicações móveis para marcas de diferentes setores e com necessidades distintas. Nesse sentido, trabalhamos tanto a vertente de programação e desenvolvimento de software como a sua dimensão visual, através de UX/ UI design. Ou seja, trabalhamos tanto a vertente visual como a sua dimensão tecnológica, através de programação e desenvolvimento de soluções.

É nesta dimensão gráfica e visual que nos diferenciamos, ao sermos especialistas na criação de sites que visualmente resolvem os problemas das marcas e dos seus clientes, de forma criativa, única e simples. Por outro lado, trabalhamos também a dimensão de branding das empresas, para tornar a sua imagem mais forte e com sentido e impacto para os seus públicos.

Que balanço faz destes cinco anos de atividade?
O balanço não poderia ser mais positivo já que temos registado um rápido crescimento tanto a nível de negócio e clientes como de equipa. Por outro lado, temos vindo a desenvolver projetos para marcas com grande impacto no mercado e que têm mesmo sido reconhecidos a nível nacional e internacional. Entre os prémios que já recebemos, encontram-se distinções do Clube da Criatividade de Portugal, CSS Design Awards, The FWA – Awards e Awwwards – Website Awards, entre outras.

Este crescimento rápido trouxe-nos também alguns desafios que têm vindo a ser respondidos em equipa e gradualmente. Como um dos principais destaco a nossa evolução interna, já que gerir pessoas de áreas tão diferentes e uma equipa cada vez maior, com necessidades tão diversas, tem exigido uma grande adaptação e atenção do nosso lado, mas que se tem revelado fulcral para o crescimento da Duall.

Quais os projetos mais desafiantes da Duall?
Todos os projetos são únicos, pelo que trazem sempre desafios e especificidades diferentes. No entanto, acreditamos que os trabalhos mais desafiantes, mas também mais recompensadores para a nossa equipa, são os realizados a longo-prazo e com um plano de trabalho mais alargado, que envolvem várias áreas da Duall: desde o design à parte de desenvolvimento de site. Isto, porque nos permitem integrar vários elementos da nossa equipa e várias perspetivas, o que torna o projeto mais interessante e completo.

Entre os vários projetos que já desenvolvemos, destaco, por exemplo, a relação que temos a longo-prazo como agência digital da Betclic. Também o nosso trabalho de design para a Leafwell (EUA), a Meo Beachcam e a Aegon-Santander são alguns dos que mais nos orgulham, bem como o nosso histórico no desenvolvimento de sites para a Plateform (o maior grupo de restauração do país), ou para a Super Bock e a Red Bull. Destaco ainda a relação que temos vindo a desenvolver com a start-up Dr.Online, desde o seu nascimento, ao trabalharmos na criação da sua nova plataforma.

O que é mais importante: o design, a estratégia ou o desenvolvimento?
Para nós, os projetos que ligam estas várias dimensões são os mais enriquecedores e importantes, pela sua complexidade e impacto. No entanto, a destacar uma das áreas, temos de escolher o design, já que é nesta vertente que nos temos vindo a especializar desde o primeiro dia e a desenvolver grande parte da nossa atividade.

“(..) temos como ambição realizar um projeto para o lançamento de um filme, por exemplo, através do desenvolvimento do seu site”.

Que marcas gostaria de trabalhar e ainda não teve oportunidade?
O que mais gostamos de trabalhar são as áreas que nos apaixonam. Se para mim o meu desporto de eleição é o Surf e sempre realizámos projetos nesta área, para o Duarte é o automobilismo, e apesar de termos já portefólio nesta indústria, o mundo automóvel continua a ser um dos em que continuamos a querer estar cada vez mais presentes.

A estas, alia-se a indústria cinematográfica. Na Duall todos nós somos interessados por cinema, nomeadamente por Hollywood, pelo que temos como ambição realizar um projeto para o lançamento de um filme, por exemplo, através do desenvolvimento do seu site.

Quanto faturaram no ano passado e quais as previsões para este ano?
O ano passado foi um ano muito positivo para a Duall, algo que se revelou na nossa faturação. Em 2022, aumentámos a nossa atividade em 120% e este ano esperamos continuar a evoluir, mas de forma mais gradual.

“(…) é necessário que também as faculdades se adaptem cada vez mais à necessidade de formarem profissionais dedicados ao digital e que consigam responder às necessidades atuais das empresas”.

Como avalia o setor criativo em Portugal?
Dentro da nossa área – o digital – o setor está a crescer. Quando criámos a Duall não havia praticamente referências em Portugal, tínhamos uma, sendo que agora são várias as agências e estúdios que realizam trabalho de grande qualidade no nosso país.

Esta é mesmo uma evolução que nos deixa muito contentes e que esperamos que continue. Temos como lema querer ser os melhores, mas esperamos que nunca estejamos sozinhos nesta corrida. Só com outras empresas a fazerem trabalho de qualidade e a termos como referência é que será possível continuarmos a evoluir e a contribuir para um mercado com cada vez mais qualidade na área do design digital.

Para acompanhar esta evolução, sentimos também que este mercado tem sentido um grande esforço por parte das empresas para promover a criação de talento qualificado nesta área. Ao contrário da realidade existente quando eu e o Duarte nos formámos, e em que abrimos e lecionámos o primeiro curso de UX/UI na Lisbon School Design, hoje já existem mais opções de formação especializadas nesta área. Para que tal continue a acontecer, é necessário que também as faculdades se adaptem cada vez mais à necessidade de formarem profissionais dedicados ao digital e que consigam responder às necessidades atuais das empresas.

Quais as expetativas para o futuro do setor?
A perspetiva é que o setor continue a evoluir e a crescer, principalmente no que respeita à área do design e ao digital. Isto, porque é cada vez mais necessário que as empresas tenham uma presença online coerente e eficaz, e isso só será possível com plataformas apelativas e que respondam às expetativas dos seus clientes.

“(…) existe espaço para os jovens criativos se desenvolverem e criarem projetos diferenciadores. No entanto, para ganharem o seu espaço, é preciso que estes se especializem (…)”.

É fácil ser-se um jovem criativo em Portugal? Há mercado?
Há muito mercado na nossa área, pelo que existe espaço para os jovens criativos se desenvolverem e criarem projetos diferenciadores. No entanto, para ganharem o seu espaço, é preciso que estes se especializem, de forma a irem ao encontro das necessidades do mercado. Cada vez mais, espera-se dos profissionais que tenham competências concretas nestas áreas tão técnicas, e isso só é conseguido com formações direcionadas, e não tão abrangentes.

Que planos tem para o futuro do Dual?
Queremos continuar a crescer, mas com foco na nossa qualidade e em entregarmos projetos centrados nos nossos clientes. Por outro lado, queremos continuar a especializarmo-nos. É nesse sentido que recentemente nos juntámos a uma empresa parceira, a Akt, e criámos a Byld (Software House), empresa focada no desenvolvimento de software e programação.

Através deste passo, a Duall estará cada vez mais centrada nos projetos criativos e com foco no design, sendo, no entanto, possível assegurar uma oferta mais completa aos nossos clientes, através das diferentes marcas do grupo.

E para si?
Apesar de também trabalhar na gestão global da Duall e no seu desenvolvimento, quero continuar a acrescentar o meu conhecimento gráfico e experiência em design a cada projeto que desenvolvemos. Quero continuar a potenciar o crescimento da Duall ao fazer o que mais gosto: desenhar e criar uma experiência única às empresas que trabalham connosco.

“(…) é importante que [um jovem criativo] coloque no centro o seu cliente e a qualidade do trabalho que lhe entrega (…)”.

Que conselhos daria a um jovem criativo que queira lançar o seu negócio?
Primeiramente, é necessário que o foco esteja em garantir a qualidade do seu trabalho. De seguida, que se una com pessoas com quem partilhe os mesmos objetivos, mas competências diferentes, para juntos criarem um projeto diferenciador. Quando as competências se unem, os resultados multiplicam-se.

É ainda importante que se foque no networking, criando relações com significado e que permitam levar o negócio mais além. Estar presente em reuniões, conferências e conhecer pessoas no ecossistema é o primeiro passo para os jovens criarem a sua própria cultura e identidade do seu projeto. Por último, é importante que coloque no centro o seu cliente e a qualidade do trabalho que lhe entrega, porque é exatamente isso que permitirá desenvolver o seu projeto.

Respostas rápidas:
O maior risco: Para uma empresa é a incapacidade de inovar/atender às necessidades dos clientes.
O maior erro: É ter medo de cometê-los.
A maior lição: Seguir a intuição como uma bússola, normalmente está quase sempre certa.
A maior conquista: Conseguir criar uma sinergia entre a parte pessoal e profissional, que é conseguida com um grande apoio familiar.