Congresso da APDC: Empresas terão de acelerar a adoção de ferramentas tecnológicas
Estado, empresas, organizações e pessoas terão de acelerar a adoção de ferramentas tecnológicas e apostar numa profunda transformação. Esta foi uma das conclusões do primeiro dia da 30ª edição do Digital Business Congress, da APDC.
Com o tema “Reinventing with Technology”, o primeiro dia do Congresso das Comunicações abordou os temas da pós-pandemia e reinvenção com a tecnologia, as telecomunicações e media, os influenciadores digitais e o futuro do trabalho e das novas profissões.
O Presidente da República marcou o arranque da iniciativa. Na abertura, participando de forma digital, Marcelo Rebelo de Sousa destacou: “A palavra que quero deixar é futuro. O futuro é vosso e sendo vosso é nosso. O futuro do digital, das comunicações que fazem a diferença. O futuro da mudança. A mudança como a grande constante, científica, tecnológica, financeira, económica, social e cultural. Está nas vossas mãos e o vosso papel pioneiro é indiscutível”.
Numa altura em que a transição digital está na agenda do país, Rogério Carapuça, presidente da APDC, sublinhou a importância de fazer esta mudança “com responsabilidade, mas com ambição”. Sendo necessário, como acrescentou Maria Manuel Leitão Marques, presidente do Congresso, “gerir antecipadamente a transição digital, não só para prever o impacto das tecnologias na sociedade, mas também para envolver todas as gerações nessa mudança”.
É preciso ainda que esta seja “uma recuperação de base alargada, com um verdadeiro espírito europeu”, comentou Mário Centeno. Para o Presidente do Banco Portugal, “devemos endereçar os recursos públicos para quem precisa, respondendo às necessidades à medida que forem surgindo, de forma direcionada. Numa recuperação assimétrica, as escolhas têm que ser feitas.”
Recuperar, resolvendo as assimetrias e evitando que se adensem é um dos grandes desafios, avançou Francisco Veloso, decano no Imperial College Business School, que passou pelo DBC para deixar outro argumento: “É preciso uma maior ligação entre as dimensões económicas e epidemiológicas.” Henrique Barros, presidente do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, acrescentou que “temos de ser cada vez mais racionais na forma de responder a novas crises, acreditando na importância do conhecimento”.
Gerd Leonhard, futurologista e humanista alemão, entrou online e deixou claro que “ainda somos humanos, não somos ferramentas ou tecnologia ou algoritmos. Precisamos de continuar humanos.” Perante um futuro que não está ainda definido, considera que “estamos rodeados por tecnologia, que é poderosa e explosiva. Mas veremos o renascimento do novo humano, da importância das pessoas, dos relacionamentos, experiências, confiança e sabedoria. Isso será a chave para o futuro. Teremos todas as ferramentas, mas teremos a sabedoria? Essa é a questão fundamental”.
E os líderes das organizações terão um papel fundamental nesta mudança, alertou David Simas, diretor executivo da Obama Foundation. “Um líder tem que dar à equipa um sentido de missão, um propósito. Em momentos de incerteza, quando as pessoas sentem certezas tudo funciona”, destacou.
Transformação digital já faz parte da realidade dos media
No já habitual debate do Estado da Nação, os líderes dos três maiores grupos de comunicação social – Hugo Figueiredo, administrador RTP, Luís Cunha Velho, CEO da Media Capital, e Francisco Pedro Balsemão, CEO da Impresa – defenderam que a transformação digital faz parte já da realidade dos media, mas que o modelo de negócio, assente sobretudo na publicidade, está a ser cada vez mais colocado em risco pelas big tech. Por isso, atribuir o valor devido aos conteúdos dos media e remunerá-lo terá de ser uma aposta das grandes plataformas.
Uma crítica contestada por Bernardo Correia, country manager da Google Portugal, que garante que a gigante não está a ganhar dinheiro com os conteúdos, mas apenas “cria links para esses conteúdos e gera tráfego em massa”. Aliás, “não existe obrigatoriedade de estar no Google, mas estar lá tem valor económico.”
O potencial do 5G na recuperação económica também esteve em destaque e é considerado por todos os fornecedores como uma grande oportunidade que não se pode perder, para que Portugal ganhe relevância. Alianças estratégicas, um ecossistema que envolva todos os players e parcerias são vistas como essenciais para o futuro.
André de Aragão Azevedo, secretário de Estado para a Transformação Digital, encerrou o 1º dia do Congresso, referindo que “a dimensão do capital humano está identificada como a nossa maior fragilidade que o digital implica”, pelo que a aposta passa por aqui. Aliás, “Portugal tem 11% de famílias sem internet por carência económica” e foi por isso que acaba de ser lançada a tarifa social de internet.