Entrevista/ “Condimentos” para os jovens… E não só!
Há poucas semanas, uma jornalista perguntava-me que insights eu gostaria de dar aos jovens que estão a iniciar a sua vida profisional.
Elenquei nessa altura 3 temas que considero hoje de uma pertinência vital:
1º. Ter diferentes experiências profissionais.
Eu trabalhei sempre na Gestão de Pessoas e considero que, especialmente nos dias de hoje, ter uma carreira numa só área é um enorme risco. Estamos na era das competências e o que digo aos mais jovens é que ganhem competências em diversas áreas. Bolonha vem muito neste sentido. Podem tirar uma licenciatura numa área e, em seguida, um mestrado noutra completamente (aparentemente, talvez…) diferente. E ganhar experiências em diferentes áreas de trabalho. Não ter receio de se mover, mesmo para áreas que não são “naturais”. Muitos jovens “fogem” das áreas comerciais e, em meu entender, passar algum tempo nestes domínios (para além de se “viver” de perto o negócio) acresce competências de comunicação, de negociação, de argumentação, de resiliência, skills fundamentais em qualquer outra área de trabalho. Ter, por exemplo, uma experiência de empreendedor e desenvolver algumas competências que, mesmo em contexto de uma empresa, são hoje fundamentais, como inovar ou saber gerir o risco.
2º. Ver mundo.
Na minha geração, “ir para fora” não era o foco. Apesar disso, se voltasse atrás, teria feito algum do meu percurso noutras geografias. Hoje dou imenso valor ao que experiências em culturas diferentes nos enriquecem, quer pessoal, quer profissionalmente. Resistir em ambientes que não conhecemos, ganhar abertura para conhecer o que nos é estranho, aprender a estabelecer novas relações, tudo isso são aprendizagens que se aceleram em experiências diversas, em termos geográficos. Sobretudo, ganha-se uma atitude diferente perante a diversidade, a tolerância e a inclusão.
3º. Construir uma “rede” de contactos desde muito cedo.
A consciencialização da importância de construir e alimentar uma rede deve existir desde a nossa juventude. Deve fazer parte das nossas tarefas. Estar na nossa agenda. Um grande amigo meu faz esta tarefa como ninguém. Tem sempre cartões consigo (quem disse que os cartões de visita caíram em desuso???), apresenta pessoas a pessoas com uma bondade enorme e liga-me, de vez em quando, só para saber se estou bem e como “vão as coisas”. Exemplar! No nosso percurso profissional, não basta sermos bons, para evoluir. É preciso juntar-lhe outros “condimentos”, dos quais ter uma boa rede de contactos é um dos mais importantes.
Uma rede constrói-se antes de precisarmos dela e alimenta-se da nossa disponibilidade para com os outros. Se hoje ficar desempregado, sabe, de imediato, quem são os seus cinco contactos significativos a quem telefonará para pedir ajuda?