Qualquer pessoa ao começar a trabalhar numa empresa nova, deve estar consciente que os primeiros tempos vão ser dedicados não só a trabalhar intensamente para provar o seu valor, mas, também, a estudar o ambiente à sua volta para melhor se poder integrar.

Independentemente da forma como conseguiu entrar para a empresa, é bom não contar com a amizade de ninguém. Na nova empresa vai encontrar superiores hierárquicos, colegas e outros colaboradores. Todos eles estão mais preocupados com as suas próprias tarefas do que em ajudá-lo a superar as suas dificuldades iniciais.

Isso não implica que não deva procurar ajuda em matérias que não domina. Aproveite todas as oportunidades para se apresentar melhor aos que estiverem mais próximos do seu posto de trabalho. Mesmo que tenha sido apresentado pela sua chefia a todos os membros da equipa, pode não se lembrar do nome de todos e esta será uma boa frase de abertura: “eu sei que fomos apresentados, mas pode dizer-me como quer que eu o trate?”. Logo verá como as pessoas reagem e ficará a saber se a empresa é mais formal ou informal do que parece.  As formas de tratamento são uma das matérias que podem suscitar bloqueios de comunicação.

Não trate ninguém por “tu” nos primeiros tempos para não lhe acontecer como um amigo meu que na zona dos cafés lançou para um desconhecido “eu sou o Zé Antunes e tu como te chamas?” A resposta foi “Eu sou o diretor de recursos financeiros, chamo-me António Silva e não gosto que me tratem nem por tu, nem por você!”. Ficou claro que queria ser tratado por Sr. Dr. António Silva.

As formas de cumprimento variam de época para época e de empresa para empresa. Na maioria, hoje basta chegar e dizer “Bom dia!”  Mas se notar que ainda costumam ir cumprimentar os que já chegaram, faça-o com um aperto de mão firme. O que não deve fazer é entrar na sala sem uma saudação dirigida a todos para não ser logo julgado como mal-educado. À despedida basta dizer “Até amanhã!”

Durante as primeiras reuniões esteja muito atento ao comportamento do grupo. Demonstre interesse pelas intervenções de todos e contribua com as suas sugestões, sem procurar impô-las. Por mais competente que seja, a sua competência vai levar algum tempo até ser reconhecida e, só então, outros elementos do grupo reconhecerão credibilidade às suas opiniões e manifestarão apreço pelas suas sugestões.

Não deve dizer, por exemplo, “mas ninguém se lembrou de tentar esta hipótese?”. Diga antes “O que acham de tentarmos usar um método diferente para poupar custos?”. Nunca se gabe de sucessos que teve na empresa anterior, demonstre alguma humildade, mas nunca se iniba de intervir se achar que o que vai dizer é pertinente.

Mesmo que já trabalhe há muito tempo na mesma empresa, há quem diga que o regresso aos escritórios depois de dois anos em teletrabalho, elevou o nível de conflitualidade entre os colaboradores, sobretudo para quem trabalha em open space.  E que, por isso, se deve estar mais atento aquilo que dizemos para evitar discussões e ao tom de voz que usamos para não incomodar os outros. Quanto menos barulho se fizer no local de trabalho, melhor.

O comportamento é um dos elementos mais importante da nossa imagem. Todos reagem melhor a um colega que é simpático e bem-educado. Ser bem-educado hoje é diferente do que era há uns anos. A tendência para a informalidade veio para ficar, mas evite excessos de familiaridade no trato com os outros.

A boa educação terá sempre como base o respeito pelos outros. Há, por isso, expressões mágicas que deve continuar a empregar no momento adequado como, por exemplo, “Obrigado/a”, “Desculpe” e “Se faz favor”. Servem para agradecer ou pedir favores e, no caso de lamentar algo que ocorreu, pode pedir desculpa ou dizer apenas “Lamento o sucedido”, se não tiver sido culpa sua.

Seja num email, num sms ou cara a cara, cuide da sua linguagem para projetar sempre uma imagem positiva à prova de qualquer geração. Evite o calão, que está cada vez mais integrado na linguagem dos jovens de tal forma que não entendem, por exemplo, que se lhes diga que com os clientes e com superiores hierárquicos não devem usar nem “pá”, nem “fogo”, nem sequer “força”. Evite este tipo de expressões.

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Sobre o autor

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Isabel Amaral é Presidente da Associação Portuguesa de Estudos de Protocolo desde 2005 e Investigadora do Instituto do Oriente (ISCSP-Universidade de Lisboa), desde 2013. É oradora internacional, empresária, coach executiva, docente em universidades portuguesas e estrangeiras, palestrante e conferencista, em... Ler Mais