Opinião
A melhor marca do mundo sou eu!

Alguma vez se questionou porque é que há pessoas que conseguem causar um enorme impacto em termos pessoais e profissionais. Quantas vezes já olhou para o lado e viu profissionais menos talentosos ou com menos competências a serem promovidos e outros com maior valor a ficarem para trás?
Será uma questão de sorte? Pode ser… por vezes a sorte sorri a alguns, mas geralmente tudo se resume a branding. O branding pessoal não é apenas para pessoas como a Oprah, Barack Obama ou o Cristiano Ronaldo…. É crucial para todos os profissionais. O branding pessoal é tão importante quanto o branding de um negócio. É a chave para nos destacarmos e assumir autoridade em determinada área, bem como conquistar a confiança do público-alvo.
Podemos dizer que não é apenas um nice-to-have, mas sim um must-have para o nosso sucesso, profissional e pessoal. Há tanta concorrência à nossa volta que até podemos ter um produto ou serviço inovador, mas é muito difícil diferenciarmo-nos. Mesmo no meio de pessoas com as mesmas competências e talentos é quase impossível conseguirmos destacar-nos, mas a verdade é que cada um de nós é único e temos de usar isso para criar uma vantagem competitiva. Pode até significar a diferença entre conseguir uma promoção ou ser preterido porque ninguém nos conhece.
Mas afinal o que é o branding pessoal?
Muitas pessoas confundem reputação com branding pessoal. De acordo com a Harvard Business Review, “A reputação é composta pelas opiniões e crenças que as pessoas formam sobre nós com base nas nossas ações e comportamentos coletivos. Por outro lado, o branding pessoal é intencional. É uma forma de nos diferenciarmos da concorrência enquanto nos estabelecemos como autoridade em determinadas áreas. No mundo de hoje, não basta ter uma excelente performance. Necessitamos de ter um branding pessoal espetacular.”
O nosso branding pessoal resulta da forma como nos apresentamos, como falamos, como nos vestimos, o que fazemos, onde vivemos o que postamos online, os nossos hobbies, os nossos valores, experiência, atitudes, realizações, etc. Pode ser visto como aquilo que as outras pessoas dizem sobre nós quando não estamos presentes. E neste ponto apenas temos duas opções: ou permitimos que os outros digam o que querem com base nas suas perceções, ou conduzimos conscientemente o processo e garantimos que o que os outros dizem online e offline, esteja alinhado com a nossa imagem e valores.
Vivemos num mundo exigente e as oportunidades vão para aqueles que se destacam, que são percecionados como autoridades. Temos de nos tornar visíveis, claro que esta visibilidade deverá ter sempre como base a credibilidade.
Todos gostamos de uma boa história, por isso, o primeiro passo para construir o branding pessoal é comunicar a nossa história, a nossa jornada, de onde começámos e como chegámos ao ponto onde estamos agora.
O segundo passo é fazer a análise SWOT pessoal. Esta é uma poderosa ferramenta de autoavaliação que pode ser realizada em qualquer fase da vida. Contribui para desenvolver o autoconhecimento e permite que tomemos maior consciência dos nossos pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e barreiras.
Nesta análise iremos distinguir:
- Os fatores internos que são aqueles que podemos controlar, como os nossos pontos fortes e fracos. Estes podem estar relacionados com as capacidades técnicas, as soft skills, os hábitos pessoais, a especialização ou a experiência.
- Os fatores externos que se referem ao ambiente e à situação em que estamos inseridos, que não são tão fáceis de controlar. Podem estar relacionados com pessoas na nossa vida, a indústria em que trabalhamos, a cultura de trabalho, as perspetivas ou a influência de outros profissionais: colegas de trabalho, chefias e concorrentes.
Todas as pessoas refletem (sistematicamente ou pontualmente) nos seus pontos fracos ou fortes, mas raramente tomam uma atitude em sintonia com as suas descobertas. A análise SWOT é virada para a ação, uma vez que obriga a explorar novas oportunidades que podem surgir caso decidamos arriscar outros caminhos. A análise SWOT pessoal foca-se nos aspetos positivos e negativos. Se apenas refletirmos sobre os pontos fortes, não teremos uma direção clara do que é necessário melhorar ou mudar. Por outro lado, e caso nos concentremos apenas nas fraquezas e ameaças, poderemos ficar desanimados e desistir antes de chegar ao plano de ação. A análise SWOT concentra-se nas características e fatores internos que afetam as oportunidades. Ao tomarmos conhecimento desses fatores internos, é possível apostar na melhoria das nossas capacidades e controlar melhor as nossas desvantagens.
Para ajudar a sistematizar a análise SWOT deixo um conjunto de perguntas para cada um dos aspetos a analisar.
Aspetos positivos:
Quais foram os meus maiores sucessos? (escola, desporto, trabalho, etc.).
Quais as minhas características que tornaram possível obter esse sucesso?
Que qualificações tenho? (certificações, diplomas, educação ou estágios).
Quais os projetos em que trabalhei e conclui? (escola, trabalho ou vida pessoal).
Quais das minhas capacidades/competências têm como base o conhecimento adquirido? (idiomas, capacidades digitais, conhecimento de software e outras habilidades técnicas).
Quais as minhas soft skills? (por exemplo, comunicador, gosta de trabalhar em equipa, liderança, confiável ou trabalhador)
Quais os pontos fortes da minha personalidade e carácter? (por exemplo, sociável, divertido, empático, entusiasmado, honesto ou paciente).
Quais são os meus contactos mais relevantes?
Em que situações me senti feliz e realizado?
Em que situações senti que dei um contributo que foi mais valorizado?
Aspetos negativos:
O que me limita?
Existem falhas relevantes nas minhas qualificações, experiência ou conhecimento?
Quais são os pontos fracos do meu carácter e da minha personalidade?
Em que circunstâncias me senti mais frustrado/a e infeliz?
Nos momentos em que o meu desempenho não foi tão bom quanto desejaria, o que me impediu de conseguir atingir o nível máximo?
Sou vulnerável em algum sentido: financeiramente, legalmente, fisicamente, etc.?
Quais os piores momentos da minha vida e qual o meu contributo para essa situação? (escola, trabalho ou relacionamentos).
Que situações e tarefas costumo evitar?
O que dizem os outros sobre os pontos em que devia melhorar?
Oportunidades
Tenho uma boa rede de contactos? Será que estou a utilizá-la corretamente?
Existe algum projeto novo na empresa onde trabalho no qual gostaria de participar e contribuir?
Realizo tarefas que ninguém mais faz (ou tem conhecimentos necessários para tal)?
Que vagas existem na minha área profissional?
Qual o meu potencial de sucesso caso melhorasse uma ou duas fraquezas?
Que empregos conseguiria se fizesse novas formações?
Quais as vantagens e fraquezas dos meus concorrentes?
Será possível inovar com novas ideias, intervenções, novas formas de trabalhar?
Ameaças
Que fatores externos limitam o meu desenvolvimento profissional?
Existem mudanças no mercado que me possam atingir? Económicas, legais, sociais, etc.
Alterações menos favoráveis no panorama económico nacional ou local;
Existem novas tendências, tecnologias ou processos que desconheço e que me impeçam de avançar? A minha concorrência é mais forte porque tem capacidades técnicas que me faltam?
O meu trabalho, educação ou vida pessoal atrapalham o avanço em alguma das outras áreas?
Algum dos meus traços pessoais de fraqueza são uma ameaça ao seu sucesso?
Ao terminar esta análise, é importante pedir a pessoas próximas e de confiança para avaliarem e para nos desafiarem com o resultado. Dependendo da nossa personalidade, podemos ter a tendência para ser mais pessimista ou otimista. Nos dois casos, uma visão sincera de terceiros pode apaziguar estas tendências e auxiliar-nos a avaliar o resultado de outro ângulo.
Com a análise SWOT identificamos os nossos valores, pontos fortes e a nossa proposta de valor única, onde é que eu me destaco dos outros e com isto podemos criar o nosso posicionamento. Um truque rápido, mas impactante, é escrever três palavras que gostaríamos que os outros dissessem sobre nós na nossa ausência. Em seguida, deveremos pedir a alguns membros da nossa rede as três primeiras palavras que lhes vêm à mente quando pensam em nós. Depois vemos se a perceção deles corresponde à forma como queremos ser identificados.
Para potenciar o nosso branding pessoal é importante:
Em primeiro lugar, e num mundo cada vez mais dominado pela AI, a capacidade de nos apresentarmos como uma conexão humana é crucial. Cada vez mais, as pessoas querem interagir com aqueles que genuinamente defendem valores que correspondem aos seus. Quando mantemos a nossa personalidade e interesses da vida real ao longo da nossa carreira profissional, conseguimos transmitir genuinidade e criar conexão com os outros.
Em segundo lugar, publicar conteúdos que permitam mostrar as áreas de expertise. Com SEO, podemos até aumentar a visibilidade dessas publicações, atraindo os interessados. Usar ferramentas como o LinkedIn, publicação de conteúdos com parceiros confiáveis, participação em conferências, e seminários profissionais e muito mais. Também é uma boa ideia começar a colocar-se na frente das pessoas certas, através das várias plataformas profissionais disponíveis, juntando-se a associações e clubes relevantes para o setor e participando de eventos relevantes que permitem que você se aproxime e se aproxime do melhor dos melhores.
Como Michelle Obama escreveu no seu livro Becoming, “Se você não chegar lá e se definir, você será rápida e imprecisamente definido pelos outros”. Não deixe que isso aconteça. Se controlarmos a forma como queremos ser vistos, as oportunidades encontram-nos, afinal a melhor marca do mundo sou eu!
Susana Duro tem mais de 20 anos de experiência no desenvolvimento e implementação de estratégias de marketing para marcas líderes de mercado e um sólido percurso profissional construído em empresas nacionais e multinacionais de referência dentro do mercado de FMCG.
É licenciada em Marketing e Publicidade pelo IADE, pós-graduada em Retail Management e em Direção Comercial no Indeg/Iscte e mestre em Marketing pela mesma instituição. Iniciou a sua carreira de marketing na Henkel Ibérica como gestora de produto, passando depois para brand manager na Dan Cake. Em 2004 entrou para a Nestlé onde esteve durante 11 anos. Aqui desempenhou a função de brand manager da categoria de Culinários, de trade marketing manager na categoria de chocolates e de head of trade marketing na categoria de Cereais de pequeno-almoço. Em 2017 entrou para a Coca Cola Europacific Partners como responsável pela equipa de Customer Development do Canal Alimentar. Em 2022 foi convidada para assumir a função de National Account manager ficando com a responsabilidade de várias contas no canal Horeca Organizado.