Opinião
Como perspetivar o futuro da Learner eXperience

Até há alguns anos era muito comum um participante inscrever-se numa formação e passar dois dias inteiros numa sala com um formador e os seus colegas. De seguida, voltava para o seu local de trabalho e tentava aplicar o que tinha aprendido.
Atualmente, assistimos a uma nova realidade pautada pelo desenvolvimento e a integração de novos serviços, formatos e recursos digitais. Os participantes podem hoje utilizar os seus smartphones nas sessões presenciais, participar em classes virtuais, contar com um mentor ou um coach para reforçar as competências em contexto de trabalho e partilhar boas práticas, experiências e know-how com colegas e pares… entre outras atividades que permitem aumentar o engagement e a interação dos participantes e, acima de tudo, promover o aumento da eficácia dos processos de aprendizagem.
As possibilidades do digital para melhorar a Learner eXperience são imensas. O segredo está em conseguirmos desenhar e entregar percursos de aprendizagem que se adequem às reais necessidades, objetivos e ritmos de cada participante. Como o fazer?
Em primeiro lugar, coloque-se no lugar dos utilizadores e, a partir desta posição de empatia, defina prioridades, selecione o design e as ferramentas a incorporar, testando diversos cenários e possibilidades para determinar aquela que será mais bem-sucedida.
Tenha sempre presente que, mais do que a aquisição de conhecimentos, a solução a considerar deve promover a aplicação e a transferência da aprendizagem para o contexto de trabalho. Para tal, tenha em consideração um período de tempo que permita a repetição e efetiva aplicação das aprendizagens (e não apenas um evento de dois dias), onde cada participante pode ser desafiado, acompanhado e apoiado por gestores, mentores e/ou especialistas, composto por uma forte interação humana, presencial e/ou à distância.
Tudo isto sem nunca esquecer que aprender e adotar uma nova prática requer esforço. Logo, o acesso à experiência da aprendizagem deve exigir o menor esforço possível! Contemple interfaces concebidas por especialistas em UX (User Experience), desenhadas para simplificar a navegação aos utilizadores: interfaces personalizáveis de acordo com as necessidades de cada utilizador, acessíveis em múltiplos dispositivos, sem excesso de cliques, com um registo único, e através da qual é possível despoletar todas as notificações necessárias para criar uma experiência positiva e significativa junto dos seus utilizadores.
Para terminar, e simultaneamente, contemple meios e formas de tornar esta experiência de aprendizagem memorável, através da introdução de momentos intencionalmente desenhados para provocar um “pico emocional” junto de cada um dos envolvidos (comemorações, parabenizações ou outras iniciativas que sejam, não só marcantes, mas também coerentes com os objetivos que se pretendem alcançar).
O desafio atual para a função de L&D já não é simplesmente projetar e desenhar percursos de aprendizagem relevantes com os formatos tecnológicos mais inovadores. Para envolver os participantes, precisamos de nos perguntar se estes percursos promovem o engagement, geram emoções positivas, simplificam a experiência de aprendizagem, minimizam o esforço para aceder às ferramentas e aos recursos necessários – e, mais importante ainda, respondem às necessidades e desafios atuais dos nossos clientes e contribuem para um incremento significativo da transferência da aprendizagem para o contexto de trabalho e para a melhoria de resultados nas suas organizações.
*Head of Open Courses Business Development e Multimodal Learning & Development Advisor na CEGOC