ColorADD: como uma solução para daltónicos conquistou o Fundo Bem Comum

Em 21 anos de trabalho, Miguel Neiva recebeu várias manifestações de admiração por parte de daltónicos. O código que criou está presente em mais de 90 países e no mês passado deu início a uma nova fase de expansão, com uma app que permite distinguir cores em tempo real. Conheça a história por trás da ColorAdd que recebeu investimento do Fundo Bem Comum.

O  ColorADD – Color Identification System nasceu da ideia de Miguel Neiva de construir a sua tese de Mestrado em Design e Marketing em torno do tema Design Inclusivo.

Partindo da premissa de que o design deve melhorar a qualidade de vida das pessoas, Miguel Neiva dedicou oito anos à investigação de uma solução que eliminasse barreiras a quem convive com o daltonismo.

O seu trabalho envolveu oftalmologistas e daltónicos de diversos países e tinha como objetivo chegar a 350 milhões de pessoas que, espalhadas pelos quatro cantos do mundo, partilham a dificuldade de “entender” a cor, sempre que esta é fator determinante de identificação, orientação ou escolha.

Alinhado com seis dos 17 “Objetivos para o Desenvolvimento Sustentável” definidos pelas Nações Unidas, o projeto representa já uma linguagem universal, sendo amplamente utilizado por empresas e entidades em mais de 90 países.

O ColorADD é um investimento do FIS – Fundo para a Inovação Social, gerido pelo Banco Português de Fomento. Uma operação em parceria com o Fundo Bem Comum e a COREangels Impact, que resultou num montante total de investimento de 375 mil euros.

Assista à conversa desta semana do Spe Futuri, Investidores que juntou Jorge Líbano Monteiro, administrador do Fundo Bem Comum, e Miguel Neiva, fundador da ColorADD.

Leia alguns headlines

Jorge Líbano Monteiro,  administrador do Fundo Bem Comum

“O Fundo Bem Comum tem logo um nome bom. Todos os fundos deveriam ser para o bem comum. Todas as empresas deveriam trabalhar para o bem comum. Esse deveria ser o objetivo”.

“Este fundo tem a ver com uma ideia do João Talone, que foi quem teve a primeira ideia de desenvolver este fundo. É um fundo lançado pela ACEGE [Associação Cristã de Empresários e Gestores] e aqui mais do que um resultado financeiro, é um resultado social que procuramos”.

“O nosso objetivo inicial era apoiar pessoas que estavam fora do mercado de trabalho, mas tinham competências e capacidade para no fundo fazer através dos seus projetos, das suas empresas e ajudar a criar riqueza”.

“Temos hoje em dia investimentos concretizados em projetos que acreditamos muito e um deles é o ColorADD e que é uma mais-valia para todos aqueles que têm problemas daltonismo”.

“A lógica do investimento que fazemos não é possível para toda a lógica social. Há setores desta economia social que são setores que não escalam, que não têm a possibilidade de partir de um local e de uma ideia e de atingirem todo o mundo. São projetos mais difíceis, mais pequenos que têm de ser acompanhados de outra forma. O que procuramos no Fundo Bem Comum é procurar aqueles projetos que têm essa capacidade de serem escaláveis”.

“Quando avançamos com os investimentos há questões que temos em conta. É sempre preciso alguém que seja o criativo, o inovador, aquele que tem a chama para fazer diferente. Mas depois é preciso que essa pessoa esteja com uma equipa que seja sólida, uma equipa que tenha alguém que tem os pés na terra, os pés nas contas e que sabe o que está a acontecer e outra pessoa, por exemplo, que seja mais comercial”.

Miguel Neiva, fundador da ColorADD

“Eu sou designer e não sou daltónico. Acredito que o design pode contribuir para o bem comum”.

“O ColorAdd surge oito anos depois de me ter licenciado. Volto à universidade para fazer mestrado e com um propósito: quero fazer alguma coisa para os daltónicos. O projeto junta duas coisas que sinto e que vivo intensamente: o design na sua essência e as pessoas”.

“Não existia nada que permitisse integrar na sociedade 350 milhões de pessoas no mundo que não vêm as cores num mundo que comunica essencialmente pela cor, pelo que o processo tornou-se aliciante”.

“A sustentabilidade obriga-nos a ser muito mais emocionalmente racionais porque vivemos e emoção daquilo que é fazer o bem comum, mas também emocionalmente racionais naquilo que é o podermos olhar para o desconhecido porque hoje junta-se muito o setor social, todo este impacto social e económico. Eu acredito que com a ColorADD é possível ganhar dinheiro e fazer o bem”.

“O facto de eu não ser daltónico se calhar fez com que esta solução ganhasse a dimensão que tem hoje. O que prova que somos mais competentes e capazes se fizermos as coisas a pensar nos outros e digo isto porque de facto consegui ter uma frieza e uma racionalidade no desenvolvimento de uma solução que não era para mim, entendendo e percebendo as dores do daltónico em todo o processo naquilo que é a descriminação, o bullying”.

“A Mattel, que é a maior multinacional de jogos do mundo, o jogo mais famoso do mundo [UNO] que podia ter criado uma solução que usa quatro cores, veio a Portugal buscar um código porque quer estar colado a esta casa. A Mattel aumentou as vendas do jogo em 66%”.

Reveja as conversas anteriores:

António Murta, fundador e CEO da Pathena, e Renato Oliveira, fundador e CEO da eBankit.
João Brazão, CEO da Eureekka e business angel, e João Marques da Silva, CEO da CateringAssiste.
Francisco Horta e Costa, managing director da CBRE, e Ricardo Santos, CEO da start-up Heptasense.
João Arantes e Oliveira, fundador e partner da HCapital Partners, e Nuno Matos Sequeira, diretor da Solzaima.
Tim Vieira, CEO da Bravegeneration, e Pedro Lopes, fundador da Infinitebook.
Luís Manuel, diretor executivo da EDP Innovation, e Carlos Lei Santos, CEO e cofundador da HypeLabs.
António Miguel, fundador e CEO da MAZE, e Guilherme Guerra, fundador e CEO da Rnters.
João Amaro, Managing Partner da Inter-Risco, e Carlos Palhares, CEO da Mecwide.
Pedro Lourenço, administrador da Ideias Glaciares, e Pedro Almeida, fundador e CEO da MindProber.
Alexandre Santos, diretor de investimento na Sonae IM e cofundador da Bright Pixel, e João Aroso, cofundador e CEO da Advertio.
Francisco Ferreira Pinto, partner da Bynd Venture Capital, e Eduardo Freire Rodrigues, cofundador e CEO da UpHill.
Basílio Simões, business angel e fundador da Vega Ventures, e Gustavo Silva, cofundador e CMO da Homeit.
Manuel Tarré, presidente da Gelpeixe, e Nuno Melo, cofundador e sócio da Boost IT.
José Serra, fundador e managing partner da Olisipo Way, e Tocha Serra, Partner & Startup Spotter da Corpfolio.
Stephan Morais, fundador e diretor-geral da Indico Capital Partners, e André Jordão, CEO da Barkyn.
Ricardo Perdigão Henriques, CEO da Hovione Capital, e Nuno Prego Ramos, CEO da CellmAbs.
Pedro Ribeiro Santos, sócio da Armilar Venture Partners, e Jaime Jorge, CEO da Codacy.
Miguel Ribeiro Ferreira, investidor e chairman da Fonte Viva, e João Cortinhas, fundador e CEO da Swonkie.
Cíntia Mano, investidora que está ligada à REDangels e à COREangels Atlantic, e Marcelo Bastos, fundador da start-up Sizebay.
Diamantino Costa, cofundador da Ganexa Capital, e Nuno Almeida, CEO da Nourish Care.
David Malta, Venture Partner do fundo de investimento Vesalius Biocapital, e Daniela Seixas,  CEO da TonicApp.
Sérgio Rodrigues, presidente da Invicta Angels, e Ivo Marinho, cofundador e CEO da StoresAce.
Alexandre Barbosa, Managing Partner da Faber, e Carlos Silva, cofundador da Seedrs.
Inês Sequeira, diretora da Casa do Impacto, e Nuno Brito Jorge, cofundador e CEO da GoParity.
Paulo Santos, managing partner da WiseNext, e Hugo Venâncio, CEO da Reatia.
João Matos, administrador executivo do dstgroup e presidente e CEO da  2bpartner, e Bruno Azevedo, CEO da AddVolt.
Luís Quaresma, partner da Iberis Capital, e Vasco Portugal, cofundador e CEO da Sensei.
Isabel Neves, business angel, e Rita Ribeiro da Silva, cofundadora da Skoach.
Pedro Tinoco Fraga, fundador da F3M e acionista da Braintrust, da BrainInvest e da BrainCapital, e César Martins, fundador e CEO da ChemiTek.
Roberto Branco, CEO da Beta Capital, e Luís Moreira, cofundador da Bullet Solutions.
Carlos Brazão, business angel,e Ricardo Mendes, cofundador da Vawlt Technologies.
Inês Lopo de Carvalho, partner da Crest Capital Partners , António Brum, diretor-geral do grupo Penta.
Luís Santos Carvalho, cofundador, partner e CFO da Vallis Capital Partners, e Óscar Salamanca, CEO da Smile-up.
Pedro Cruz, business angel e CEO da Gallo Worldwide, e Rogério Nogueira, CEO da Winegrid.
António Amorim, presidente da Amorim Cork Ventures, e Pedro Abrandes, fundador de As Portuguesas no Spe Futuri.
Martim Avillez Figueiredo, sócio da CoRe Capital, e Fernando Lourenço, CEO da Jayme da Costa.
Hugo Gonçalves Pereira, Managing Partner da Shilling, e Diogo Barata Simões, CEO e cofundador da Elecctro.
António Cacorino, cofundador e CEO da Apex Capital, e Pedro Vasconcelos, CEO da Batch.
Filipe de Botton, empresário, e Nuno Sousa Pereira, fundador da Sixty Degrees.

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