Bem-estar e propósito lideram prioridades no emprego

O bem-estar e o equilíbrio entre a vida e o trabalho ganham cada vez mais espaço em Portugal, de acordo com o estudo mais recente da Michael Page.

Ter uma carreira já não é prioridade e as pessoas procuram sobretudo o equilíbrio na sua vida pessoal e profissional, independentemente da faixa etária, país ou função. Esta é uma das principais conclusões do relatório internacional Global Talent Trends, da Michael Page, divulgado recentemente. Realizada em 167 países, incluindo Portugal, com 1717 participantes, entre novembro de 2022 e meados de janeiro de 2023, a pesquisa analisa a transformação do mercado de trabalho e a forma como os trabalhadores se sentem.

No caso de Portugal, o bem-estar e o equilíbrio entre a vida pessoal e o trabalho ganha cada vez mais espaço, com seis em cada 10 pessoas a considerar este aspeto mais importante, em detrimento da carreira. Em suma, o estudo mostra que o sucesso profissional já não se mede pelo nível de responsabilidade ou remuneração. Pelo contrário, depende sobretudo da realização e de uma vida equilibrada (51% dos inquiridos), seguida de perto por um bom salário (49%).

Simultaneamente, o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal também é o principal fator de satisfação profissional, com 58% dos entrevistados portugueses a afirmarem-se dispostos a recusar uma promoção para preservar o seu bem-estar pessoal. A média europeia neste indicador anda nos 56%.

No contexto europeu, os trabalhadores dos Países Baixos são os que dão mais prioridade ao equilíbrio entre vida-trabalho (61%), seguindo-se os da Suécia e do Reino Unido (60%), e da Bélgica, Itália e Espanha (59%).

A análise da Michael Page contemplou ainda uma outra vertente, a mudança na lealdade – um indicador cada vez menos relevante para os profissionais para quem a progressão na carreira deixou de ser central -, acrescida do facto da cultura de trabalhar num única empresa durante largos anos, estar cada vez mais distante. Atualmente, a movimentação dos profissionais entre empresas é mais intensa e, por consequência, os ciclos de emprego são mais curtos.

Fica patente que a relação com o trabalho se tornou mais transacional e que o vínculo emocional dos colaboradores com o empregador é menos importante. Estão gradualmente a tornar-se mais exigentes em termos de condições de trabalho, ou seja, esperam uma certa flexibilidade e um ambiente de trabalho gratificante, bem como um nível salarial competitivo, fatores apontados por 44% dos entrevistados portugueses.

Na adaptação dos profissionais portugueses aos novos modelos e dinâmicas do mercado de trabalho, observa-se uma mudança profunda na psique coletiva dos trabalhadores, na sua relação com o emprego e no valor que lhe atribuem, o que leva a repensar a noção de sentido no trabalho. Apenas 3% dos trabalhadores em Portugal não estão disponíveis para um novo emprego.
Quando analisado o critério de satisfação dos colaboradores das empresas, 60% indica que não tem satisfação no trabalho, 56% não está satisfeito com o salário e 43% não está satisfeito com o volume de trabalho.

Álvaro Fernández, diretor-geral da Michael Page Portugal, salienta que esta realidade “deverá motivar as organizações a repensar as suas estratégias de talento de forma a responder às novas expetativas dos colaboradores, bem como aprender a gerir a lealdade, inclusive de pessoas altamente qualificadas que já não têm a relação conservadora com o trabalho”.

Comentários

Artigos Relacionados