Banco digital europeu N26 valoriza e entra nos Estados Unidos

O primeiro banco digital europeu chegou aos EUA e arrecadou mais 170 milhões de dólares (151,5 milhões de euros) para impulsionar a expansão global.
O banco digital N26 anunciou o investimento de 170 milhões de dólares (151,5 milhões de euros), apenas uma semana depois de entrar nos Estados Unidos. Esta é uma extensão aos 300 milhões de dólares (267,5 milhões de euros) que a empresa recebeu em janeiro e torna-a na start-up mais valiosa da Alemanha, e uma das fintechs europeias mais bem posicionadas (um total de 670 milhões de dólares, 597,5 milhões de euros, levantados até ao momento).
O N26 começou, assim, a sua atividade nos Estados Unidos ainda antes de outros bancos digitais europeus como o Monzo e o Revolut, que também planeiam entrar neste mercado. Durante o verão, o banco vai convidar as mais de 100 mil pessoas que já se encontram na lista de espera a abrir contas, antes de se tornar totalmente público no final do ano. O N26 quer não só atingir os 350 milhões de potenciais clientes na Europa, mais também os mil milhões com a entrada neste novo mercado. Depois dos Estados Unidos, a N26 pretende entrar no Brasil e abrir um escritório em São Paulo.
Presente em 24 países europeus, o N26 está, simultaneamente, a fazer uma reestruturação organizacional, como a criação da N26 Inc, uma subsidiária da alemã N26 GmbH. Em vez de obter a sua própria licença bancária, a N26 Inc realizou uma parceria com o Axos Bank, que garante as contas N26 de até 250 mil dólares (221,7 mil euros).
Ao contrário que o que acontece com outras empresas norte-americanas que costumam definir tendências tecnológicas globais, a inovação dos bancos está muito atrasado face ao que acontece na Europa. Isto dá aos primeiros bancos digitais europeus uma vantagem.
Apesar da óbvia procura de clientes que queiram uma mudança nos seus serviços bancários, os fundadores e investidores negligenciaram os bancos a retalho, porque tem margens de curto prazo menores do que outras áreas de fintech, como negociação e poupança. Agora, porém, com o sucesso dos bancos digitais europeus, a mentalidade mudou. A Insight Venture Partners, uma empresa de capital de risco de Nova York, liderou a última ronda de financiamento.
O N26 terá alguns novos recursos para os clientes nos Estados Unidos. Os clientes do N26 poderão receber os salários dois dias antes, uma funcionalidade que pode fazer a diferença, pois os norte-americanos, tendem a economizar muito menos do que os europeus. A N26 também irá lançar um novo conjunto de “vantagens”, que ajudará os clientes a ganhar bónus com determinados distribuidores. Nos EUA, as pessoas estão conscientes que podem ganhar enquanto gastam, ao passo que na Europa os clientes não estão tão focados em ganhar pontos e receber dinheiro de volta pelas suas compras. O N26 também pretende apresentar estas vantagens na Europa, depois de testadas nos EUA.
Nos últimos meses, a N26 tem estado sob escrutínio da BaFin, a autoridade financeira alemã, por não ter passado nos processos de combate à lavagem de dinheiro. Atualmente, existem mais de 100 pessoas na empresa que trabalham no combate ao branqueamento de capitais, incluindo nos EUA. O fundador da empresa Valentin Stalf afirma que o nível de fraude do N26 é menor, porém ao receber 300 milhões de dólares (267,5 milhões de euros) no início do ano, tornou-os mais um alvo para potenciais vigaristas, que ligam aos clientes e os enganam para fornecer dados confidenciais. Para precaver esta situação, o N26 está a implementar estratégias de informação juntos dos seus clientes, para não fornecerem dados pessoais como números de identificação ou códigos que recebem do banco. A experiência do banco na Europa será implementada nos Estados Unidos.