Atletas de alta competição: os novos business angel

Em Espanha, o mundo dos negócios está a assistir a um fenómeno curioso: os desportistas de alta competição estão a investir em start-ups e a ceder-lhes os seus direitos de imagem. Ou seja, assumem o papel de embaixadores das marcas.
Ao financiarem e apoiarem projetos em fase de arranque, assumem a função daquilo que no mundo empresarial se chama de business angel: uma pessoa que decide investir o seu próprio dinheiro e o seu tempo em empresas, geralmente inovadoras, nas suas fases iniciais.
O perfil clássico da figura dos business angel é, em regra, e segundo um estudo feito pela Associação Espanhola de Business Angels (AEBAN) para aquele mercado, dominado por homens (91% dos business angel em Espanha são do sexo masculino), com idades entre os 35 e os 44 anos. Por outro lado, são, normalmente, pessoas com experiência profissional em sectores como as tecnologias de informação (33%), mercado financeiro (23%) e consultadoria (8%). Segundo a Associação espanhola estes dados explicam por que razão as principais áreas de investimento para os business angel do país vizinho sejam as TIC, software, comércio e distribuição, saúde e equipamentos médicos.
Mas agora surge um novo perfil de investidor que rompe com os parâmetros clássicos: os desportistas de elite ou de alta competição. Tradicionalmente mais virados para negócios relacionados com o desporto, por ser um sector que conhecem devido à sua experiência profissional, estes atletas de topo começam a olhar para novos mercados potencialmente alvo de investimento. O especialista espanhol Íñigo Colomo tem constatado esta realidade no mercado espanhol e explica o interesse pelo facto de os desportistas quererem investir na próxima geração empreendedores. Por outro, os responsáveis da Associação Europeia de Business Angels (EBAN) referem que esta opção empresarial implica confiar numa equipa e na sua visão, na qual o investidor pode participar contribuindo para que os projetos da empresa se tornem realidade.
“Embaixadores” de start-up
Para além de entrarem com capital, estas personalidades disponibilizam a sua imagem para as campanhas publicitárias das empresas que apoiam para darem a conhecer os seus produtos e serviços ao público. Tornam-se verdadeiros “embaixadores” , capitalizando a imagem da start-up e, quem sabe, captando novos investidores.
Victoria Majadas, presidente da Associação espanhola Big Ban Angels, explica que este tipo de investidores colabora não só na vertente financeira dos projetos, como também lhes trazem conhecimento, mentoring e assessoria. Nesses casos, salienta aquela responsável, o desportista famoso vai trazer fama e visibilidade à empresa e, eventualmente, fazer com que mais gente se interesse pelo negócio.
Um caso em que o investidor se converteu em promotor da empresa aconteceu com a aplicação móvel de lazer Fevery e envolveu o ex-futebolista José María Gutiérrez, Guti. Aconteceu em 2014 quando protagonizou um anúncio daquela app, juntamente com outras personalidades bem conhecidas do grande público, como por exemplo Alejandro Sanz.
Em suma, a capacidade de investimento dos desportistas de topo em Espanha, a necessidade de diversificarem os seus ativos e o seu interesses pelo universo tecnológico, são alguns dos motivos que podem contribuir para se converterem em business angels. Por sua vez, as start-ups podem encontrar neste tipo de pessoas o investidor de sonho: além do financiamento, trazem para as empresas uma projeção mediática que dificilmente conseguiriam de outra forma.