As 20 tendências que vão moldar o futuro do trabalho em 2025

A Forbes reuniu estudos e previsões de líderes e pensadores para apontar os caminhos que as empresas e os profissionais devem seguir neste novo ano. Conheça-os neste artigo.

A sociedade e a tecnologia estão a avançar a um ritmo mais acelerado do que os profissionais e as empresas conseguem acompanhar. Com o impulso da inteligência artificial, até 2050 vamos evoluir 100 anos a cada 5, prevê Ian Beacraft, CEO e Chief Futurist da Signal and Cipher.

Segundo o futurista citado pela Forbes, as organizações estão a migrar de um modelo tradicional centrado no ser humano para uma “orquestra” de funções baseadas em três pilares interconectados: capacidades humanas; sistemas de IA e ferramentas de automação.

A avalanche de novidades tecnológicas está a empurrar o mercado para um cenário em que todos os profissionais e empresas devem aproveitar as novas ferramentas disponíveis – isso se quiserem permanecer na liderança.

De acordo com um estudo do Fórum Económico Mundial, que contou com o apoio da Fundação Dom Cabral, 23% das profissões devem modificar-se até 2027. Graças à inteligência artificial, os executivos acreditam que metade das competências da força de trabalho de hoje não serão relevantes em 2025, mostra outro estudo.

Não sabemos exatamente como será o futuro do trabalho, mas uma coisa é certa: vai exigir formação contínua e o desenvolvimento de novas competências.

A Forbes reuniu estudos, análises e previsões de líderes e futuristas, e partilhou as 20 tendências que vão definir os caminhos das empresas e dos profissionais em 2025.

1. Não seremos substituídos pela IA e sim por quem souber usá-la melhor

Essa frase tem ecoado nas principais conferências de tecnologia e inovação, destacando a importância do que Ian Beacraft, CEO e Chief Futurist da Signal and Cipher, chama de “domínio intuitivo da IA”. “O desenvolvimento da ‘intuição para IA’ será fundamental para os profissionais de alto desempenho”, afirma.

A ascensão da IA também levanta preocupações sobre o aumento das desigualdades. “Não podemos romantizar a IA enquanto for acessível apenas a um grupo privilegiado de pessoas”, alerta Renata Rivetti, CEO da Reconnect Happiness at Work.

2. O profissional do futuro é multicompetências

Adaptação é a palavra de ordem. Dada a velocidade das transformações do mercado e a necessidade de aprendizagem constante, o profissional que terá sucesso será aquele que souber combinar competências técnicas com as soft skills, competências socioemocionais.

3. Formação tecnológica é obrigatória

“Houve um tempo em que todos pensavam que a programação seria a competência do futuro, mas não é”, afirma Gorick Ng, consultor de carreira de Harvard e autor best-seller. Mas a formação tecnológica é, de fato, uma das competências mais relevantes para se ter sucesso no futuro do trabalho, segundo um relatório do Fórum Económico Mundial. “Não vamos ter que aprender a programar, mas sim ter um repertório para tornar as nossas rotinas, equipas  e empresas mais produtivas”, diz Michelle Schneider, professora da Singularity, LinkedIn Top Voice e autora do livro “O Profissional do Futuro”.

4. Reskilling constante

Segundo uma pesquisa da McKinsey, em cinco anos, quase 90% das empresas vão enfrentar escassez de competências relevantes na sua força de trabalho – especialmente em análise de dados, TI e gestão de pessoas. Vários executivos afirmam que o reskilling – o processo de treinar ou requalificar um profissional para que ele adquira novas competências – é a melhor maneira de acabar com essa lacuna. Organizações que oferecem oportunidades de aprendizagem terão maior probabilidade de atrair os melhores talentos.

5. O poder está nas mãos dos profissionais

As decisões de carreira estão cada vez mais sob o controlo dos próprios profissionais. “Ser um profissional do futuro só cabe a cada um de nós e às nossas decisões”, diz a professora e autora Michelle Schneider. Adaptação e aprendizagem contínua são essenciais para o sucesso, mas com uma ressalva importante: “Os profissionais mais bem-sucedidos não seguem cegamente as tendências. Eles acompanham-as para distinguir entre o que é uma moda passageira e o que veio para ficar”, destaca Gorick Ng, consultor de carreira em Harvard e autor best-seller.

6. Prova de força entre remoto e presencial

Em 2024, grandes empresas como a Amazon exigiram que os seus funcionários regressassem ao escritório cinco dias por semana. Segundo a pesquisa OrgBRtrends, da McKinsey, mais de 90% das organizações adotaram modelos híbridos desde a pandemia. “Se, no início do ano, o híbrido era considerado o ‘novo normal’, movimentos como o da Amazon mostram que o futuro do trabalho ainda está em debate e evolução”, afirma Fernanda Mayol, sócia da McKinsey.

Um estudo realizado pela Deel com a Opinion Box, em outubro, mostra que 59% dos líderes de RH acreditam que o modelo híbrido é o mais eficiente, seguido pelo presencial (35%). No entanto, o cenário atual revela uma inversão: 51% das empresas operam totalmente pelo presencial, enquanto 45% adotam o formato híbrido. Além disso, mais de 40% dos funcionários relatam que as suas empresas ainda não decidiram se haverá mudanças no formato de trabalho em 2025, enquanto 11% preveem alterações. “Há um desfasamento de expectativas: enquanto as organizações procuram modelos mais presenciais, os funcionários valorizam o trabalho remoto”, observa Fernanda Mayol.

7. “Híbrido silencioso”

Com as políticas de regresso ao escritório, o “hushed hybrid” ou híbrido silencioso, surge como uma tendência em que os gestores flexibilizam, de forma informal – ou em segredo –, o trabalho remoto para as suas equipas. Este termo descreve um movimento crescente de líderes que, ao invés de aplicarem rigidamente as políticas corporativas de regresso ao presencial, ajustam as regras para responder às preferências das suas equipas e reter talentos.

8. Vamos precisar de redesenhar o trabalho

Seja qual for o modelo de trabalho adotado ou as tecnologias utilizadas, será essencial reavaliar métricas de produtividade e repensar as formas de trabalhar. Segundo Ian Beacraft, as organizações estão a migrar de um modelo tradicional centrado no ser humano para uma orquestração de funções baseadas em três pilares interconectados: capacidades humanas, sistemas de IA e ferramentas de automação. “Essa evolução exige uma reimaginação fundamental de como o trabalho é estruturado, distribuído e avaliado”, acrescenta,

A tecnologia, por si só, não cria valor, destaca Fernanda Mayol, da McKinsey, reforçando que “as empresas líderes são aquelas que estão focadas em reimaginar fluxos de trabalho inteiros com o uso de IA generativa e IA analítica, em vez de apenas integrar essas ferramentas nas práticas atuais de trabalho”.

9. Geração Z vai ser ¼ da força de trabalho global

Segundo um relatório da McKinsey, em 2025 a Geração Z vai representar 25% da força de trabalho global. Com base nas tendências atuais, um em cada dez gestores será Gen Z no próximo ano, aponta o Glassdoor com dados dos EUA.

10. Diploma perde relevância

Nas últimas décadas, ter o diploma de uma universidade de elite no currículo era visto quase como a garantia de uma carreira de sucesso. No entanto, esse cenário mudou. Pesquisadores da empresa de tecnologia Zoho descobriram que não há correlação entre os seus melhores funcionários e as instituições onde estudaram. “As empresas estão cada vez mais a dar prioridades sobre credenciais tradicionais, o que reforça as oportunidades para grupos historicamente sub-representados”, afirma Cristiano Soares, country manager da Deel.

11. Profissionais são contratados “as a service”

A era da gig economy é impulsionada pelo desaparecimento do conceito de “emprego para a vida toda” e pela procura por flexibilidade. Chamada pela Geração Z de polywork, a tendência crescente de gerir vários empregos em busca de segurança financeira ou de um complemento da rendimento traz uma sensação de autonomia, mas pode levar ao esgotamento. No Brasil, 60% dos profissionais têm dois ou mais trabalhos, segundo uma pesquisa da Hostinger, empresa de hospedagem de sites, realizada entre agosto e setembro de 2024 nas principais capitais do país.

12. Profissões em alta

Um estudo do PageGroup lista 37 profissões em alta para 2025 e os seus respetivos salários. Entre elas, destacam-se as ligadas às áreas de saúde, tecnologia, finanças, agronegócio, marketing e vendas, com salários que chegam a 80 mil reais (cerca de 12,39 mil euros). “As empresas tendem a investir na contratação de profissionais que sejam capazes de implementar estratégias para automatizar processos e trazer ganhos de produtividade e redução de despesas”, explica Lucas Toledo, diretor executivo da Michael Page, uma das divisões do PageGroup, no Brasil.

13. Benefícios fora da caixa

O número de pessoas que se demitiram bateu o recorde em 2024 e a maior parte é da Geração Z. Para atrair e reter esses talentos, especialmente os mais jovens, as empresas vão precisar de ser criativas. “Só seguro de saúde e Gympass [hoje WellHub] não atraem mais. A empresa vai precisar de investir em pertença”, diz Marina Vaz, CEO e fundadora da Scooto, start-up de serviços de experiência ao cliente e atendimento remoto.

14. Demissão por vingança

Especialistas nos EUA afirmam que a tendência do “revenge quitting” (demissão por vingança) deve aumentar em 2025. Os funcionários estão a deixar os seus empregos de um dia para o outro como resposta a experiências negativas na empresa, como falta de reconhecimento, esgotamento e por não terem ligação à cultura organizacional.

15. Escalada da IA

Em 2023, o mundo foi apresentado à inteligência artificial generativa, e em 2024 começou a explorá-la, colhendo ganhos em produtividade e eficiência. Segundo a mais recente pesquisa global da McKinsey sobre IA, 65% dos entrevistados afirmaram que as suas organizações já utilizam IA generativa regularmente, quase o dobro do registado na pesquisa anterior, realizada apenas dez meses antes.

16. A sua entrevista de emprego vai ser com recurso a IA

A inteligência artificial já faz parte dos processos de recursos humanos nas grandes empresas, entregando resultados expressivos em otimização e eficiência. A tecnologia está a revolucionar áreas como recrutamento, gestão de desempenho, envolvimento de colaboradores e desenvolvimento de talentos. À medida que a IA assume tarefas repetitivas, os profissionais de RH ganham espaço para se focarem em atividades estratégicas e criativas. O grande desafio agora é encontrar o equilíbrio entre a eficiência tecnológica e o toque humano na gestão de pessoas. Departamentos de RH bem-sucedidos usarão a IA como uma ferramenta para melhorar tarefas e não substituir o humano. Para os profissionais, é importante considerar que os seus currículos, portfólios e até entrevistas podem ser analisados por robôs. Isso exige uma preparação direcionada para se destacarem em processos seletivos cada vez mais influenciados pela tecnologia.

17. As decisões ainda estarão nas mãos das pessoas

Além de dominar tanto habilidades técnicas quanto sociais, o profissional do futuro entende o valor das conexões humanas. “Embora a IA seja o assunto do momento, não é ela que decide se será contratado ou promovido – são as pessoas”, afirma Gorick Ng. Os profissionais mais bem-sucedidos reconhecem essa realidade e investem em networking e na construção de relacionamentos para abrir portas e encontrar oportunidades.

18. Tecnologia vai além da IA

É inegável que a IA ganhou terreno nos últimos anos. Mas a futurista e CEO do Future Today Institute, Amy Webb, destaca outras duas tecnologias menos conhecidas – sensores avançados e biotecnologia – que também estão a moldar o cenário dos negócios. “Líderes que se concentram apenas na IA, sem entender as suas interseções com outras tecnologias, correm o risco de perder uma onda de disrupção que já se está a formar”, escreveu Webb

19. Trabalho online imersivo

Em 2025, o conceito de “fora do escritório” será redefinido através de plataformas online imersivas. Estes ambientes, que integram realidade virtual e aumentada permitem colaboração contínua, independentemente da localização física. “Não é bem como o metaverso, mas é um ambiente de trabalho virtual. Algumas empresas já estão a usar para onboarding à distância de pessoas que moram em outras cidades”, diz Sylvia Hartmann, CEO e fundadora da Remota, start-up especializada em trabalho híbrido e remoto. Um exemplo é o Roam Virtual Office, um software de escritório virtual projetado para melhorar a comunicação entre os funcionários.

20. Os funcionários são os novos influencers

Profissionais de diferentes áreas estão a assumir o protagonismo nas redes sociais das suas empresas – participando através de vídeos que mostram o “look do dia” ou conteúdos que revelam o dia de trabalho. A mais nova tendência é conhecida como EGC, sigla em inglês para conteúdo gerado por funcionários. Antes limitado a redes profissionais como o LinkedIn, o EGC agora está no feed do Instagram, TikTok e YouTube e pode ajudar a criar confiança e a promover conexão com o público.

 

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