As 10 maiores falhas de aquisições de empresas europeias

Confira alguns negócios multimilionários de empresas europeias que acabaram por não se realizar.
A guerra comercial entre os Estados Unidos da América e a China bloqueou, no mês passado, aquele que poderia ter sido um dos maiores negócios tecnológicos em solo europeu. Os reguladores chineses bloquearam a aquisição da holandesa NXP Semiconductors por parte da californiana Qualcomm, um negócio que poderia ter sido fechado por cerca de 38 mil milhões de euros (44mM$). A empresa norte-americana precisava da aprovação dos asiáticos porque o mercado chinês representa 2/3 das vendas da fabricante de chips.
Este é apenas um dos muitos casos de grandes negócios internacionais que, por razões financeiras, políticas ou estratégicas, acabam por não se concretizar. Mas exemplos não faltam, como fica patente na lista que se segue e onde são enumeradas as 10 maiores falhas de aquisições de empresas europeias, com base em dados publicados pela plataforma Pitchbook.
(1) 134.3 mil milhões de euros | Kraft Heinz – Unilever | fevereiro 2017
No início de 2017, a Kraft Heinz (apoiada pela 3G Capital e a Berkshire Hathaway) surpreendeu o mundo empresarial com uma oferta de mais de 130 mil milhões de euros para adquirir a Unilever – que rapidamente descartou a proposta. Um dia depois a empresa norte-americana retirou a oferta argumentando ter subestimado a quantidade de burocracia que seria necessária para passar pelos reguladores e accionistas.
(2) 43,7 mil milhões de euros | Monsanto – Syngenta | agosto 2015
O negócio entre a gigante da agricultura norte-americana Monsanto e a suíça Syngenta teve duas propostas. No entanto, nenhuma delas foi aceite. Argumento: o preço do acordo não era adequado. A Monsanto acabou por retirar a oferta em agosto de 2015 e, três anos mais tarde, ela própria seria adquirida pela Bayer. Surpreendentemente, a empresa suíça acabou por ser comprada pela ChemChina por cerca de 37 mil milhões de euros.
(3) 42.6 mil milhões de euros | AbbVie – Shire | outubro 2014
Esta aquisição entre as duas farmacêuticas acabou por não acontecer porque, segundo o Pitchbook relata, o objetivo era fugir às taxas corporativas praticadas pelos Estados Unidos. A aquisição da Shire, que estava localizada na Irlanda, por parte da AbbVie tinha em vista a relocalização da empresa norte-americana para o paraíso fiscal irlandês. Eventualmente, o departamento do tesouro dos Estados Unidos tomou conhecimento da situação, bloqueou o acordo e criou leis que impossibilitavam que estes tipos de relocalizações acontecessem.
(4) 42.3 mil milhões de euros | Eon – Endesa | abril 2007
Seis anos depois de ter sido negada a aquisição da Iberdrola por parte da Endesa, a Eon, uma gigante alemã do setor de energia, tentou adquirir a empresa espanhola. Depois de uma campanha de um ano, o negócio acabou por não se concretizar. A razão por trás disto foi o facto de dois competidores alemães da Eon terem comprado participações minoritárias na empresa espanhola, de forma a não deixar o negócio concretizar e tentarem, eles próprios, adquirir a Endesa.
(5) 37.7 mil milhões de euros | Qualcomm – NXP Semiconductors | julho 2018
Esta é a aquisição falhada mais recente apresentada nesta lista. As razões apresentadas prendem-se com a guerra comercial entre os Estados Unidos e a China. Apesar do negócio ter sido aceite por ambas as partes, os reguladores chineses bloquearam a aquisição da empresa holandesa.
(6) 35.2 mil milhões de euros | Deutsche Boerse – London Stock Exchange | março 2017
Tal como no negócio falhado entre a PPG Industries e a Akzo Nobel, a aquisição da Bolsa de Valores londrina teve três propostas. Eventualmente, as duas partes chegaram a um acordo, que fixava o negócio nos 35.2 mil milhões de euros. No entanto, questões sobre a competição atrasaram o acordo e, entretanto, a decisão de sair da União Europeia tornou o negócio instável. A aquisição acabou por ser bloqueada pela Comissão Europeia.
(7) 26.9 mil milhões de euros | PPG Industries – Akzo Nobel | junho 2017
A tentativa de aquisição da holandesa Akzo Nobel, empresa de pinturas e revestimentos, foi uma das mais hostis do ano passado. A norte-americana PPG Industries, que opera na mesma área, fez três ofertas de aquisição, sendo que a última esteve perto de atingir os 27 mil milhões de euros. Escusado será dizer que todas foram negadas.
(8) 24.7 mil milhões de euros | Aviva – Prudential | março 2006
Esta aquisição entre as seguradoras aconteceu numa altura em que o mercado dos serviços financeiros estava a crescer abruptamente. Nesse ano, a norte-americana Prudential contou com um crescimento de 33% nos lucros da empresa, algo que despertou a atenção da britânica Aviva, que tentou comprar o negócio por 24.7 mil milhões. Apesar da proposta ter estado em cima da mesa durante uma semana, o chefe da seguradora americana acabou por não dar uma resposta, o que levou a empresa britânica a desistir do negócio.
(9) 17.8 mil milhões de euros | HP – PwC (consultoria) | novembro 2000
A tentativa da Hwelett Packard (HP) adquirir o negócio de consultoria da PwC tinha como fundamento melhorar os serviços de consultoria em tecnologia. No entanto, nenhuma das partes conseguiu chegar a acordo e o negócio foi cancelado. Ironicamente, dois anos mais tarde, a IBM conseguiu adquirir a unidade de consultoria da PwC por apenas três mil milhões de euros (3.5mM$).
(10) 15.2 mil milhões de euros | Endesa – Iberdrola | fevereiro 2001
Uma possível fusão entre estas duas empresas teria criado um negócio avaliado em 36.6 mil milhões de euros e tornar-se-ia um dos maiores players do seu setor. No entanto, em fevereiro de 2001, o negócio foi cancelado. Parte da culpa foi do governo espanhol.